Elemento | |
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43TcTecnécio98.90632
8 18 13 2 |
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Propriedades básicas | |
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Número atômico | 43 |
Massa atômica | 98.9063 amu |
Família de elementos | Os metais de transição |
Período | 5 |
Grupo | 2 |
Bloquear | s-block |
Ano de descoberta | 1937 |
Distribuição de isótopos |
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Nenhum |
Propriedades físicas | |
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Densidade | 11.5 g/cm3 (STP) |
(H) 8.988E-5 Meitnério (Mt) 28 | |
Fusão | 2200 °C |
Hélio (He) -272.2 Carbono (C) 3675 | |
Ebulição | 5030 °C |
Hélio (He) -268.9 Tungstênio (W) 5927 |
Propriedades químicas | |
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Estados de oxidação (menos comum) | +4, +7 (-1, +1, +2, +3, +5, +6) |
Potencial da primeira ionização | 7.276 eV |
Césio (Cs) 3.894 Hélio (He) 24.587 | |
Afinidade eletrônica | 0.550 eV |
Nobélio (No) -2.33 (Cl) 3.612725 | |
Eletro-negatividade | 1.9 |
Césio (Cs) 0.79 (F) 3.98 |
Raio atômico | |
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Raio covalente | 1.28 Å |
(H) 0.32 Francium (Fr) 2.6 | |
Van der Waals raio | 2.05 Å |
(H) 1.2 Francium (Fr) 3.48 | |
Raio metálico | 1.36 Å |
Berílio (Be) 1.12 Césio (Cs) 2.65 | |
Compostos | ||
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Fórmula | Nome | Estado de oxidação |
TcCl3 | Tricloreto de tecnécio | +3 |
TcBr4 | Brometo de tecnécio (IV) | +4 |
TcCl4 | Cloreto de tecnécio (IV) | +4 |
TcO2 | Óxido de tecnécio (IV) | +4 |
NaTcO3 | Tecnetato de sódio(V) | +5 |
TcF5 | Pentafluoreto de tecnécio | +5 |
TcF6 | Hexafluoreto de tecnécio | +6 |
HTcO4 | Ácido pertecnético | +7 |
NaTcO4 | Pertecnetato de sódio | +7 |
Tc2O7 | Óxido de tecnécio (VII) | +7 |
TcO3F | Fluoreto de pertecnetila | +7 |
Propriedades eletrônicas | |
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Elétrons por camada | 2, 8, 18, 13, 2 |
Configuração eletrônica | [Kr] 4d5 |
Modelo de átomo de Bohr
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Diagrama de caixa orbital
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Elétrons de valência | 7 |
Estrutura de pontos de Lewis |
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Visualização Orbital | |
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Elétrons | - |
Tecnécio (Tc): Elemento da Tabela Periódica
Resumo
O tecnécio, com número atômico 43 e símbolo Tc, representa uma posição única na tabela periódica como o elemento mais leve cujos isótopos são todos radioativos. Localizado no Grupo 7 entre o molibdênio e o rutênio, o tecnécio é um metal de transição cristalino de cor cinza-prateada com propriedades intermediárias entre o manganês e o rênio. O elemento tem significado histórico por ser o primeiro elemento produzido artificialmente, descoberto em 1937 por Emilio Segrè e Carlo Perrier através do bombardeamento de alvos de molibdênio. Todos os isótopos do tecnécio são radioativos com meias-vidas variando de microssegundos a milhões de anos, impedindo sua ocorrência natural significativa na Terra. Apesar de sua natureza radioativa, o tecnécio tem importantes aplicações na medicina nuclear, especialmente como tecnécio-99m em procedimentos de imagem diagnóstica.
Introdução
O tecnécio ocupa uma posição distinta na química moderna por ser o primeiro elemento sintetizado artificialmente, recebendo seu nome da palavra grega "technetos", que significa "artificial". Com número atômico 43, o tecnécio preenche a lacuna na tabela periódica entre o molibdênio (42) e o rutênio (44), exibindo propriedades químicas características dos metais de transição do Grupo 7. Sua estrutura eletrônica, [Kr]4d55s2, o coloca entre os elementos do bloco d, onde os orbitais d parcialmente preenchidos contribuem para sua ligação metálica e reatividade química. A ausência completa de isótopos estáveis torna o tecnécio fundamentalmente diferente de seus elementos vizinhos, com implicações profundas para sua abundância natural e aplicações tecnológicas. Compreender as propriedades do tecnécio oferece insights sobre física nuclear, radioquímica e o comportamento de elementos artificiais em sistemas químicos.
Propriedades Físicas e Estrutura Atômica
Parâmetros Atômicos Fundamentais
O tecnécio apresenta número atômico Z = 43 com configuração eletrônica [Kr]4d55s2, representando uma configuração de subcamada d semipreenchida que contribui para sua estabilidade dentro da série dos metais de transição. O raio atômico do tecnécio mede aproximadamente 136 pm, posicionando-se entre o molibdênio (139 pm) e o rutênio (134 pm), demonstrando o efeito esperado da contração dos lantanídeos ao longo da segunda série de transição. A carga nuclear efetiva experimentada pelos elétrons de valência aumenta progressivamente do molibdênio ao rutênio, com o tecnécio exibindo comportamento intermediário. Os raios iônicos variam conforme o estado de oxidação, com o Tc4+ apresentando raio de 64,5 pm e o Tc7+ mostrando 56 pm, refletindo a atração eletrostática aumentada em estados de oxidação mais altos. O raio covalente do elemento mede 127 pm, compatível com sua posição na tabela periódica e características de ligação metálica.
Características Físicas Macroscópicas
O tecnécio aparece como um metal brilhante de cor cinza-prateada com estrutura cristalina hexagonal compacta à temperatura ambiente, exibindo ligação metálica típica dos metais de transição. O elemento demonstra ponto de fusão de 2157°C e ponto de ebulição de 4265°C, valores que refletem a forte ligação metálica devido aos elétrons d deslocalizados. O calor de fusão mede 33,29 kJ/mol enquanto o calor de vaporização atinge 585,2 kJ/mol, indicando elevados requisitos energéticos para transições de fase. A densidade à temperatura ambiente é de 11,50 g/cm³, posicionando o tecnécio entre os metais de transição de densidade moderada. A capacidade térmica específica mede 0,210 J/g·K, com condutividade térmica de 50,6 W/m·K, demonstrando propriedades moderadas de transporte térmico. O tecnécio exibe comportamento paramagnético com susceptibilidade magnética de +2,70 × 10-4 cm³/mol, compatível com elétrons d não emparelhados em sua estrutura eletrônica.
Propriedades Químicas e Reatividade
Estrutura Eletrônica e Comportamento de Ligação
A configuração d5 do tecnécio permite múltiplos estados de oxidação variando de -3 a +7, sendo +4, +5 e +7 os mais comuns em compostos químicos. Os orbitais d parcialmente preenchidos participam de interações de ligação σ e π, possibilitando a formação de geometrias de coordenação complexas e compostos organometálicos. Em solução aquosa, o tecnécio adota prontamente o estado de oxidação +7 como o íon pertecnecio TcO4-, que exibe geometria tetraédrica e notável estabilidade. Estados de oxidação mais baixos mostram maior tendência à formação de ligações metal-metal, especialmente nos estados +2 e +3, onde compostos diméricos e clusters se formam através de ligações diretas Tc-Tc. As entalpias de ligação para Tc-O medem aproximadamente 548 kJ/mol, enquanto as ligações Tc-Cl apresentam energias em torno de 339 kJ/mol, refletindo a forte afinidade do elemento por ligantes contendo oxigênio.
Propriedades Eletroquímicas e Termodinâmicas
O tecnécio exibe eletronegatividade de 1,9 na escala Pauling, posicionado entre o molibdênio (2,16) e o rutênio (2,2), refletindo seu caráter metálico intermediário no Grupo 7. A primeira energia de ionização mede 702 kJ/mol, consideravelmente menor que a de seu congênere mais leve, o manganês (717 kJ/mol), mas maior que a do rênio mais pesado (760 kJ/mol). As energias de ionização subsequentes seguem tendências esperadas, com a segunda energia em 1472 kJ/mol e a terceira em 2850 kJ/mol, demonstrando a dificuldade progressiva na remoção de elétrons da configuração d5. Os potenciais de redução padrão variam significativamente com pH e ambiente de ligantes, com o par TcO4-/TcO2 mostrando E° = +0,738 V em solução ácida. O potencial do par Tc4+/Tc mede -0,4 V, indicando a estabilidade dos estados de oxidação mais altos em meios aquosos.
Compostos Químicos e Formação de Complexos
Compostos Binários e Ternários
O tecnécio forma uma ampla gama de óxidos binários incluindo TcO2, Tc2O7 e o instável TcO3, identificado apenas em estudos de fase gasosa. O dióxido de tecnécio adota estrutura rutilo com íons Tc4+ em coordenação octaédrica, exibindo comportamento anfótero em soluções ácidas e básicas. O heptóxido Tc2O7 representa o óxido no estado de oxidação mais alto, formando cristais amarelos que se dissolvem prontamente em água produzindo soluções de pertecnecio. Os compostos halogenados incluem TcF6, TcF5, TcCl4 e TcBr4, com o hexafluoreto sendo particularmente estável devido à alta eletronegatividade do flúor. A formação de sulfetos produz TcS2 com estrutura tipo pirita, enquanto o nitreto TcN adota uma rede cúbica de face centrada. Compostos ternários incluem o perovskita Ba2TcO6 e o tipo espinélio Li2TcO3, demonstrando a capacidade do tecnécio de se incorporar em estruturas óxido complexas.
Química de Coordenação e Compostos Organometálicos
O tecnécio exibe química de coordenação extensa com números de coordenação variando de 4 a 9, embora a geometria octaédrica predomine na maioria dos complexos. Os efeitos do campo ligante influenciam significativamente a estabilidade e propriedades dos compostos de coordenação, com ligantes de campo forte como cianeto e carbonila promovendo estados de oxidação mais baixos. O complexo [Tc(CO)6]+ representa uma espécie organometálica estável com tecnécio no estado de oxidação +1, demonstrando significativa ligação π de retorno entre orbitais d metálicos e orbitais π* das carbonilas. Complexos de fosfina como [TcCl4(PPh3)2] exibem geometria planar quadrada em torno de centros Tc4+, enquanto ligantes doadores de nitrogênio formam complexos octaédricos como [Tc(NH3)6]3+. Ligantes quelantes incluindo ácido etilenodiaminotetraacético (EDTA) e ácido dietilentriaminopentaacético (DTPA) formam complexos termodinamicamente estáveis explorados em aplicações radiofarmacêuticas. Espécies com ligações metal-metal como [Tc2Cl8]2- demonstram a tendência do tecnécio em estados de oxidação mais baixos de formar compostos cluster.
Ocorrência Natural e Análise Isotópica
Distribuição e Abundância Geoquímicas
O tecnécio ocorre naturalmente na crosta terrestre em concentrações extremamente baixas de aproximadamente 0,003 partes por trilhão (3 × 10-12 g/g), tornando-o um dos elementos mais raros. Esta escassez resulta do decaimento radioativo de todos os isótopos do tecnécio em escalas geológicas, já que os isótopos de meia-vida mais longa, 97Tc e 98Tc, possuem meias-vidas de apenas 4,2 milhões de anos. O tecnécio natural surge principalmente por fissão espontânea do urânio-238 em minérios de urânio, onde os rendimentos de fissão produzem traços de 99Tc. Um quilograma de pechblenda contém aproximadamente 1 nanograma de tecnécio, equivalente a cerca de 1013 átomos. Fontes adicionais incluem processos de captura de nêutrons em minérios de molibdênio em formações geológicas ricas em urânio, embora este mecanismo contribua de forma negligenciável para a abundância total. Seu comportamento geoquímico assemelha-se ao do rênio, com preferência por ambientes ricos em sulfetos e mobilidade moderada em soluções aquosas oxidantes como íon pertecnecio.
Propriedades Nucleares e Composição Isotópica
Todos os isótopos conhecidos do tecnécio são radioativos, abrangendo números de massa de 86 a 122 sem configurações nucleares estáveis. Os isótopos mais estáveis são 97Tc e 98Tc, ambos com meias-vidas de 4,21 ± 0,16 milhões de anos e 4,2 ± 0,3 milhões de anos respectivamente, com intervalos de incerteza sobrepostos impedindo a atribuição definitiva do isótopo mais duradouro. O 99Tc é o terceiro isótopo mais estável com meia-vida de 211.100 anos, sofrendo decaimento beta para o 99Ru estável com energia de decaimento de 294 keV. O isômero metastável 99mTc possui meia-vida de 6,01 horas, decaindo por conversão interna e emissão gama para 99Tc, sendo valioso para aplicações de imagem médica. Os valores de spin nuclear variam entre os isótopos, com o 99Tc possuindo I = 9/2 e momento magnético μ = +5,6847 magnetons nucleares. As seções de choque para absorção de nêutrons térmicos variam de 20 barns para o 99Tc a mais de 1000 barns para alguns isótopos de meia-vida mais curta, influenciando seu comportamento em ambientes de reatores nucleares e processos de ativação por nêutrons.
Produção Industrial e Aplicações Tecnológicas
Métodos de Extração e Purificação
A produção industrial do tecnécio depende principalmente da extração a partir de combustível nuclear irradiado, onde o 99Tc se acumula como produto de fissão com rendimento de aproximadamente 6% por evento de fissão. Instalações de reprocessamento empregam técnicas de extração com solventes usando fosfato de tributila (TBP) em querosene para separar o pertecnecio de outros produtos de fissão, aproveitando o comportamento único de extração do tecnécio. O processo PUREX inicialmente concentra o tecnécio em correntes de resíduos de alto nível, exigindo separação subsequente com resinas de troca aniônica que retêm seletivamente os íons TcO4-. Rotas alternativas incluem o bombardeamento de alvos de molibdênio-98 com nêutrons em reatores nucleares, produzindo 99Mo que decai para 99mTc usado em medicina. A purificação envolve precipitação sucessiva como sulfeto de tecnécio seguida de dissolução oxidativa e cromatografia de troca iônica para alcançar pureza adequada à medicina nuclear superior a 99,9%. A produção global anual atinge aproximadamente 20 kg de 99Tc a partir de operações de reprocessamento, com quantidades adicionais de 99mTc produzidas sob demanda para procedimentos médicos.
Aplicações Tecnológicas e Perspectivas Futuras
A principal aplicação tecnológica do tecnécio está na medicina nuclear, onde o 99mTc é o radioisótopo mais amplamente utilizado em procedimentos de imagem diagnóstica. As propriedades nucleares ideais do 99mTc, incluindo radiação gama de 140 keV e meia-vida de 6 horas, permitem imagens médicas de alta qualidade com mínima exposição à radiação. Radiofármacos contendo complexos de 99mTc direcionam órgãos e tecidos específicos, facilitando o diagnóstico de condições cardíacas, distúrbios ósseos e malignidades através de tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT). Aplicações industriais exploram as excepcionais propriedades de inibição de corrosão do tecnécio, onde adições de pertecnecio em concentrações tão baixas quanto 10-5 M oferecem proteção superior ao aço em ambientes aquosos comparado a inibidores convencionais. Aplicações de pesquisa utilizam o tecnécio como análogo químico do rênio no desenvolvimento de catalisadores e como traçador em estudos ambientais. Perspectivas futuras incluem o desenvolvimento de radiofármacos baseados em tecnécio com maior especificidade de direcionamento e investigação de compostos de tecnécio para uso potencial em sistemas avançados de reatores nucleares, onde suas propriedades de absorção de nêutrons podem ser benéficas.
Desenvolvimento Histórico e Descoberta
A descoberta do tecnécio envolveu múltiplas tentativas históricas ao longo de várias décadas, iniciando com afirmações errôneas dos químicos alemães Walter Noddack, Otto Berg e Ida Tacke em 1925. Este grupo de pesquisa relatou detectar o elemento 43 em amostras de columbita por meio de espectroscopia de emissão de raios X e propôs o nome "masurium" em referência à região da Masúria. Contudo, investigações posteriores falharam em reproduzir os resultados, e cálculos modernos demonstram que as concentrações naturais de tecnécio em minérios disponíveis seriam insuficientes para detecção com os métodos analíticos da época. A descoberta definitiva ocorreu em 1937 quando Emilio Segrè e Carlo Perrier, na Universidade de Palermo, analisaram alvos de molibdênio que haviam sido bombardeados com deuteronios no ciclotron de Lawrence Berkeley. Estudos de separação e caracterização química confirmaram a presença do elemento 43, representando o primeiro elemento produzido artificialmente na história humana. Propostas iniciais de nomenclatura incluíram "panormium" em referência ao nome latino de Palermo, mas os pesquisadores optaram por "tecnécio", derivado da palavra grega "technetos" que significa artificial. Esta descoberta validou previsões teóricas sobre a instabilidade do elemento 43 e demonstrou a possibilidade de criar novos elementos por técnicas de bombardeamento nuclear, estabelecendo precedentes para descobertas subsequentes de elementos transurânicos.
Conclusão
O tecnécio representa uma interseção única entre física nuclear e química, sendo o primeiro elemento produzido artificialmente e o elemento mais leve completamente radioativo. Sua posição no Grupo 7 da tabela periódica fornece insights valiosos sobre a química dos metais de transição, enquanto sua natureza radioativa oferece aplicações importantes na medicina nuclear e radioquímica industrial. A descoberta do elemento marcou um momento pivotal na ciência nuclear, demonstrando a capacidade humana de criar novos elementos e expandindo nossa compreensão sobre estabilidade nuclear. As direções futuras da pesquisa provavelmente se concentrarão no desenvolvimento de radiofármacos mais direcionados, exploração do papel do tecnécio em tecnologias nucleares avançadas e investigação de aspectos fundamentais de seu comportamento químico em ambientes complexos.

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