Elemento | |
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50SnEstanho118.71072
8 18 18 4 |
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Propriedades básicas | |
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Número atômico | 50 |
Massa atômica | 118.7107 amu |
Família de elementos | Outros metais |
Período | 5 |
Grupo | 14 |
Bloquear | p-block |
Ano de descoberta | 3500 BC |
Distribuição de isótopos |
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112Sn 0.97% 114Sn 0.65% 115Sn 0.34% 116Sn 14.54% 117Sn 7.68% 118Sn 24.22% 119Sn 8.58% 120Sn 32.59% 122Sn 4.63% 124Sn 5.79% |
112Sn (0.97%) 114Sn (0.65%) 116Sn (14.54%) 117Sn (7.68%) 118Sn (24.22%) 119Sn (8.58%) 120Sn (32.59%) 122Sn (4.63%) 124Sn (5.79%) |
Propriedades físicas | |
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Densidade | 7.287 g/cm3 (STP) |
(H) 8.988E-5 Meitnério (Mt) 28 | |
Fusão | 232.06 °C |
Hélio (He) -272.2 Carbono (C) 3675 | |
Ebulição | 2270 °C |
Hélio (He) -268.9 Tungstênio (W) 5927 |
Propriedades químicas | |
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Estados de oxidação (menos comum) | -4, +2, +4 (-3, -2, -1, 0, +1, +3) |
Potencial da primeira ionização | 7.344 eV |
Césio (Cs) 3.894 Hélio (He) 24.587 | |
Afinidade eletrônica | 1.112 eV |
Nobélio (No) -2.33 (Cl) 3.612725 | |
Eletro-negatividade | 1.96 |
Césio (Cs) 0.79 (F) 3.98 |
Raio atômico | |
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Raio covalente | 1.4 Å |
(H) 0.32 Francium (Fr) 2.6 | |
Van der Waals raio | 2.17 Å |
(H) 1.2 Francium (Fr) 3.48 | |
Compostos | ||
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Fórmula | Nome | Estado de oxidação |
SnF2 | Fluoreto de estanho (II) | +2 |
SnCl2 | Cloreto de estanho (II) | +2 |
SnO | Óxido de estanho (II) | +2 |
SnSO4 | Sulfato de estanho (II) | +2 |
SnC2O4 | Oxalato de estanho (II) | +2 |
C18H36SnO2 | Estearato de estanho (II) | +2 |
SnO2 | Óxido de estanho (IV) | +4 |
SnCl4 | Cloreto de estanho (IV) | +4 |
Sn(CH3COO)4 | Acetato de estanho (IV) | +4 |
Sn(NO3)4 | Nitrato de estanho (IV) | +4 |
SnBr4 | Brometo de estanho (IV) | +4 |
SnF4 | Fluoreto de estanho (IV) | +4 |
Propriedades eletrônicas | |
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Elétrons por camada | 2, 8, 18, 18, 4 |
Configuração eletrônica | [Kr] 4d10 |
Modelo de átomo de Bohr
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Diagrama de caixa orbital
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Elétrons de valência | 4 |
Estrutura de pontos de Lewis |
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Visualização Orbital | |
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Elétrons | - |
Estanho (Sn): Elemento da Tabela Periódica
Resumo
O estanho (Sn), número atômico 50, representa um metal pós-transição no Grupo 14 da tabela periódica com peso atômico 118,710 ± 0,007. Este elemento exibe polimorfismo estrutural único entre o estanho branco (β-Sn) com estrutura cristalina tetragonal de corpo centrado nas condições ambientais e o estanho cinza (α-Sn) com estrutura cúbica diamante estável abaixo de 13,2°C. O estanho demonstra estados de oxidação primários de +2 e +4, com o estado +4 exibindo maior estabilidade termodinâmica. O elemento possui dez isótopos estáveis, o maior número para qualquer elemento, atribuído à sua configuração nuclear de número mágico. As aplicações industriais concentram-se na produção de solda, revestimento de estanho para proteção contra corrosão e formação de ligas de bronze. Sua importância histórica remonta à metalurgia da Idade do Bronze por volta de 3000 a.C., obtido principalmente de minérios de cassiterita (SnO₂) através de processos de redução.
Introdução
O estanho ocupa a posição 50 na tabela periódica, localizado no Grupo 14 ao lado do carbono, silício, germânio e chumbo. A configuração eletrônica [Kr] 4d¹⁰ 5s² 5p² estabelece o comportamento químico do estanho como metal pós-transição com estados de oxidação variáveis. Sua relevância na química moderna deriva de seu comportamento polimórfico, diversidade isotópica extensa e papel fundamental em aplicações metalúrgicas. Sua posição no grupo do carbono produz um caráter metálico intermediário entre as propriedades semicondutoras do silício e germânio e o comportamento predominantemente metálico do chumbo.
A estabilidade nuclear do estanho origina-se de seu número atômico coincidindo com um número mágico na física nuclear, resultando em abundância isotópica excepcional. O consumo industrial global aproxima-se de 250.000 toneladas anuais, com aplicações principais em soldagem eletrônica, revestimentos protetores e formação de ligas. Sua baixa toxicidade em formas inorgânicas combinada com excelente resistência à corrosão mantém sua importância em embalagens de alimentos e aplicações eletrônicas, apesar de substituição por alternativas sem chumbo em muitas aplicações tradicionais.
Propriedades Físicas e Estrutura Atômica
Parâmetros Atômicos Fundamentais
A estrutura atômica do estanho contém 50 prótons e tipicamente 68-70 nêutrons nos isótopos estáveis, gerando uma configuração eletrônica [Kr] 4d¹⁰ 5s² 5p². A subcamada 4d completa fornece blindagem nuclear adicional, influenciando o raio atômico e comportamento de ionização. Cálculos de carga nuclear efetiva indicam eficiência reduzida de blindagem comparada a elementos mais leves do Grupo 14, contribuindo para sua posição intermediária entre comportamento semicondutor e metálico.
Medidas de raio atômico revelam tendências sistemáticas dentro do Grupo 14, com o estanho exibindo valores intermediários entre germânio e chumbo. Os raios iônicos variam significativamente entre os estados de oxidação, com íons Sn²⁺ medindo aproximadamente 1,18 Å e íons Sn⁴⁺ medindo 0,69 Å. A diferença substancial reflete o aumento da carga nuclear efetiva após remoção de dois elétrons adicionais da orbital 5s.
Características Físicas Macroscópicas
O estanho exibe polimorfismo estrutural notável com duas formas alotrópicas principais. O estanho branco (β-Sn) representa a forma termodinamicamente estável acima de 13,2°C, cristalizando-se em estrutura tetragonal de corpo centrado com parâmetros de rede a = b = 5,831 Å e c = 3,181 Å. Esta forma metálica demonstra brilho prateado, maleabilidade e ductilidade características da ligação metálica.
O estanho cinza (α-Sn) torna-se estável abaixo de 13,2°C, adotando estrutura cristalina cúbica diamante idêntica ao silício e germânio. Este alotropo exibe propriedades semicondutoras com banda proibida de aproximadamente 0,08 eV à temperatura ambiente. O α-Sn aparece como um pó cinza opaco e frágil devido à rede de ligações covalentes. A transformação alotrópica de β-Sn para α-Sn, conhecida como "doença do estanho" ou "praga do estanho", ocorre lentamente em baixas temperaturas, podendo causar desintegração completa de objetos metálicos.
Formas adicionais em alta pressão incluem γ-Sn estável acima de 161°C sob pressão e σ-Sn existente em várias gigapascals. O ponto de fusão ocorre em 232,0°C (505,2 K), representando o menor ponto de fusão no Grupo 14. O ponto de ebulição atinge 2602°C (2875 K), indicando forças intermoleculares moderadas na fase líquida. O calor de fusão mede 7,03 kJ/mol, enquanto o calor de vaporização iguala 296,1 kJ/mol. A densidade do β-Sn é 7,287 g/cm³ a 20°C, enquanto o α-Sn exibe densidade inferior de 5,769 g/cm³.
Propriedades Químicas e Reatividade
Estrutura Eletrônica e Comportamento de Ligação
A reatividade química do estanho deriva de sua configuração eletrônica [Kr] 4d¹⁰ 5s² 5p², que permite estados de oxidação de -4 a +4, com +2 e +4 exibindo maior estabilidade. O par de elétrons 5s² demonstra efeito do par inerte, contribuindo à estabilidade do estado +2 em comparação com elementos mais leves do Grupo 14. O estado +4 predomina na maioria dos compostos devido à maior energia de rede e contribuição de ligações covalentes.
As ligações covalentes em compostos de estanho exibem caráter iônico significativo, especialmente em compostos no estado +4. As energias de ligação diminuem sistematicamente de Sn-F (414 kJ/mol) até Sn-Cl (323 kJ/mol) e Sn-I (235 kJ/mol), refletindo diferenças de eletronegatividade e eficiência de sobreposição orbital. Ligações Sn-C em compostos organometálicos demonstram estabilidade moderada com energias em torno de 210 kJ/mol.
A química de coordenação revela números preferidos de 4 para íons Sn⁴⁺ e 6 para Sn²⁺. A geometria tetraédrica predomina em complexos Sn⁴⁺, enquanto o Sn²⁺ exibe arranjos octaédricos distorcidos devido ao efeito do par solitário. Os padrões de hibridização incluem sp³ para Sn⁴⁺ tetraédrico e sp³d² para complexos octaédricos de Sn²⁺, com alguns compostos mostrando hibridização sp² que leva a geometrias moleculares angulares.
Propriedades Eletroquímicas e Termodinâmicas
Valores de eletronegatividade demonstram o caráter metálico intermediário do estanho, medindo 1,96 na escala Pauling e 1,72 na escala Allred-Rochow. Estes valores posicionam o estanho entre o germânio (2,01 Pauling) e o chumbo (1,87 Pauling), refletindo sua classificação como metal pós-transição.
Energias de ionização sucessivas revelam características da estrutura eletrônica: primeira energia de ionização igual a 708,6 kJ/mol, segunda mede 1411,8 kJ/mol, terceira atinge 2943,0 kJ/mol e quarta iguala 3930,3 kJ/mol. O aumento significativo entre segunda e terceira energias reflete a remoção de elétrons da subcamada 4d completa.
Potenciais de redução padrão fornecem insights termodinâmicos sobre o comportamento redox. O par Sn²⁺/Sn exibe E° = -0,137 V, enquanto Sn⁴⁺/Sn²⁺ demonstra E° = +0,154 V. Estes valores indicam que o estanho metálico oxida-se facilmente a Sn²⁺, mas oxidação adicional a Sn⁴⁺ requer condições oxidantes suaves. O potencial positivo para o par Sn⁴⁺/Sn²⁺ explica a maior estabilidade do estado +4.
Compostos Químicos e Formação de Complexos
Compostos Binários e Ternários
A química dos óxidos de estanho demonstra seu comportamento variável de oxidação. O óxido estanoso (SnO) forma-se como sólido azul-negro através de oxidação controlada do estanho metálico em condições limitadas de oxigênio. Este composto exibe propriedades anfotéricas, dissolvendo-se em ácidos e bases fortes. Decomposição térmica ocorre acima de 300°C, produzindo estanho metálico e óxido estânico.
O óxido estânico (SnO₂) representa o óxido termodinamicamente estável, cristalizando-se na estrutura rutile com grupo espacial P4₂/mnm. Este sólido branco demonstra inércia química excepcional e encontra aplicações em sensores de gás e filmes condutores transparentes quando dopado com índio. Forma-se através da combustão direta do estanho no ar ou decomposição térmica do ácido estânico hidratado. O composto exibe comportamento de semicondutor tipo n com energia de banda proibida de 3,6 eV.
A química dos haletos revela tendências sistemáticas ao longo do grupo. O fluoreto de estanho(IV) (SnF₄) forma cristais iônicos com alto ponto de fusão (442°C), enquanto o cloreto de estanho(IV) (SnCl₄) existe como líquido covalente à temperatura ambiente (pe 114,1°C). Esta tendência reflete a diminuição da diferença de eletronegatividade e aumento do caráter covalente ao descer no grupo dos halógenos.
Os haletos de estanho(II) demonstram preferências estruturais distintas. O cloreto de estanho(II) (SnCl₂) adota geometria molecular angular na fase gasosa devido ao efeito do par solitário, enquanto estruturas no estado sólido exibem arranjos em camadas. Estes compostos atuam como agentes redutores devido à facilidade relativa de oxidação do estado +2 para +4.
Compostos sulfetados incluem sulfeto de estanho(II) (SnS) com estrutura cristalina ortorrômbica e sulfeto de estanho(IV) (SnS₂) exibindo estrutura camada tipo iodeto de cádmio. Este último, conhecido como "ouro de mosaico", demonstra brilho metálico dourado e uso histórico como pigmento. Ambos os sulfetos exibem propriedades semicondutoras com aplicações em células fotovoltaicas e dispositivos termoelétricos.
Química de Coordenação e Compostos Organometálicos
Complexos de coordenação do estanho demonstram motivos estruturais diversos dependendo do estado de oxidação e características dos ligantes. Complexos de estanho(IV) tipicamente adotam geometrias tetraédricas ou octaédricas, com exemplos como o íon hexafluoroestanato (SnF₆²⁻) e tetracloreto de estanho (SnCl₄²⁻). Estes complexos exibem estabilidade termodinâmica devido a efeitos de campo ligante e contribuições de ligação iônica.
Compostos de coordenação de estanho(II) demonstram estereoquímica mais complexa devido ao par solitário estéreoquimicamente ativo. Números de coordenação típicos variam de 3 a 6, com geometrias piramidais, de gangorra e octaédricas distorcidas observadas. O dímero de acetato de estanho(II) exemplifica este comportamento, apresentando ligantes acetato ponte e ângulos Sn-O-C distorcidos.
A química dos organoestanhos abrange vasta gama de compostos com aplicações em catálise, polimerização e ciência de materiais. Os tetraorganosstananos (R₄Sn) demonstram geometria tetraédrica em torno do estanho com comprimento de ligação Sn-C tipicamente entre 2,14-2,16 Å. Estes compostos exibem estabilidade térmica até 200-250°C dependendo dos substituintes orgânicos.
Triorganostananos (R₃SnX) e diorganostananos (R₂SnX₂) formam-se através de reações de substituição parcial, com ligantes halógenos ou aniónicos completando a esfera de coordenação. Organostananos mistos demonstram aplicações como estabilizadores de polímeros e catalisadores para reações de esterificação. Energias de dissociação de ligações Sn-C variam de 190-220 kJ/mol, fornecendo estabilidade suficiente para aplicações sintéticas com reatividade controlada.
Ocorrência Natural e Análise Isotópica
Distribuição e Abundância Geoquímica
O estanho exibe abundância crustal de aproximadamente 2,3 ppm, classificando-se como o 49º elemento mais abundante na crosta terrestre. Esta baixa abundância relativa necessita de mecanismos de concentração para extração econômica. Seu comportamento geoquímico posiciona-o como elemento litófilo, embora tendências calcófilas apareçam em depósitos de minérios sulfetados.
A mineralização primária ocorre em ambientes hidrotermais de alta temperatura associados a intrusões graníticas. A cassiterita (SnO₂) representa o mineral principal, com gravidade específica de 6,8-7,1 g/cm³ e dureza de 6-7 na escala Mohs. O mineral cristaliza no sistema tetragonal com excelente estabilidade química sob condições superficiais.
Mineralizações secundárias incluem estanita (Cu₂FeSnS₄) e outros minerais sulfetados, geralmente exigindo processamento metalúrgico complexo. Depósitos aluviais formam-se através do intemperismo de rochas primárias, com concentração de cassiterita por separação de densidade durante transporte sedimentar. Principais regiões produtoras incluem Sudeste Asiático, América do Sul e partes da África, com Bolívia, China, Indonésia e Peru liderando a produção global.
A distribuição ambiental demonstra tendência do estanho permanecer na fase sólida sob condições naturais. Concentrações dissolvidas em águas naturais raramente excedem 0,1 ppb devido à baixa solubilidade de óxidos e hidróxidos em pH neutro. O ciclo biogeoquímico envolve limitada absorção biológica, embora alguns organismos concentrem estanho em tecidos específicos.
Propriedades Nucleares e Composição Isotópica
O estanho possui dez isótopos estáveis, o maior número para qualquer elemento, com números de massa 112, 114, 115, 116, 117, 118, 119, 120, 122 e 124. Abundâncias naturais variam significativamente: ¹²⁰Sn compreende 32,58%, ¹¹⁸Sn representa 24,22%, ¹¹⁶Sn 14,54%, ¹¹⁹Sn 8,59%, ¹¹⁷Sn contribui com 7,68%, ¹¹²Sn 0,97%, ¹¹⁴Sn 0,66%, ¹¹⁵Sn 0,34%, ¹²²Sn 4,63% e ¹²⁴Sn 5,79%.
A diversidade isotópica excepcional origina-se do número atômico 50 do estanho, um número mágico na teoria de camadas nucleares. Esta configuração nuclear fornece energia de ligação aumentada e estabilidade contra decaimento radioativo. Isótopos de massa par exibem spin nuclear zero, enquanto isótopos de massa ímpar (¹¹⁵Sn, ¹¹⁷Sn, ¹¹⁹Sn) demonstram spin nuclear I = 1/2.
Isótopos radioativos abrangem números de massa de 99 a 137, com meias-vidas variando de milissegundos até milhares de anos. O ¹²⁶Sn exibe a maior meia-vida entre isótopos radioativos com aproximadamente 230.000 anos. Vários isótopos encontram aplicações em medicina nuclear e pesquisa, particularmente o ¹¹³Sn (t₁/₂ = 115,1 dias) para marcação radioterapêutica.
As seções de captura de nêutrons revelam variações significativas entre isótopos. O ¹¹⁵Sn demonstra seção de captura de nêutrons térmicos de 30 barns, enquanto ¹¹⁷Sn e ¹¹⁹Sn exibem valores próximos a 2,3 e 2,2 barns, respectivamente. Estas propriedades influenciam aplicações em sistemas de refrigeração de reatores nucleares e blindagem contra nêutrons.
Produção Industrial e Aplicações Tecnológicas
Métodos de Extração e Purificação
A produção primária de estanho começa com a concentração de cassiterita através de separação gravitacional, magnética e por flotação. A alta gravidade específica da cassiterita (6,8-7,1 g/cm³) permite separação eficiente de minerais ganga através de mesas agitadoras, espirais e concentradores centrífugos. Teores típicos variam de 0,5-2,0% Sn, necessitando concentração para 60-70% SnO₂ para fusão eficiente.
A redução pirometalúrgica utiliza carbono como agente redutor em fornos cubilôs ou de arco elétrico operando a 1200-1300°C. A reação procede conforme: SnO₂ + 2C → Sn + 2CO. Agentes redutores alternativos incluem hidrogênio ou monóxido de carbono sob atmosfera controlada. O consumo de combustível varia de 1,2-1,5 toneladas de carvão por tonelada de estanho produzido.
Processos de purificação removem impurezas metálicas como ferro, chumbo e cobre através de oxidação seletiva e formação de escória. O refinamento oxidativo controlado ocorre a 400-500°C para remover metais base mantendo o estanho metálico. A refinação eletrolítica fornece estanho de alta pureza (99,95-99,99%) através de eletrodeposição de soluções eletrolíticas ácidas contendo íons Sn²⁺ ou Sn⁴⁺.
Estatísticas de produção global indicam saída anual próxima a 300.000 toneladas, com a China contribuindo aproximadamente 40% da produção mundial. Indonésia, Peru e Bolívia representam outros produtores importantes, totalizando 35-40% da oferta global. Fatores econômicos incluem custos energéticos, regulamentações ambientais e variações na qualidade do minério.
Aplicações Tecnológicas e Perspectivas Futuras
Aplicações em solda consomem aproximadamente 50% do estanho produzido, utilizando composições eutéticas e próximas à eutética para montagem eletrônica. Soldas tradicionais estanho-chumbo (63% Sn, 37% Pb) exibem ponto de fusão de 183°C e excelentes propriedades de molhabilidade em substratos de cobre. Regulamentações ambientais impulsionaram a adoção de alternativas sem chumbo, incluindo ligas SAC (estanho-prata-cobre) como 96,5% Sn, 3,0% Ag, 0,5% Cu.
O revestimento com estanho fornece proteção contra corrosão para aço, especialmente em embalagens alimentares. Processos de eletrodeposição aplicam revestimentos de 0,5-2,5 μm de espessura, formando camada passiva de óxido que previne corrosão do ferro. O consumo global anual para revestimento aproxima-se de 60.000-70.000 toneladas, embora alternativas com alumínio e polímeros reduzam sua participação de mercado.
Ligas de bronze mantêm aplicações tradicionais em mancais, buchas e hardware marinho onde resistência à corrosão e propriedades de desgaste são essenciais. Composições típicas contêm 8-12% de estanho na matriz de cobre, fornecendo maior resistência e coeficientes de fricção reduzidos comparado ao cobre puro. Bronzes especializados incluem metal de sino (22% Sn) e aplicações em latão naval.
Aplicações emergentes incluem filmes condutores transparentes utilizando óxido de estanho dopado com índio (ITO) para tecnologias de display, células solares e janelas inteligentes. Materiais de perovskita baseados em estanho demonstram potencial para próxima geração de células solares, enquanto ânodos de estanho em baterias de íon-lítio oferecem vantagens teóricas de capacidade sobre alternativas de grafite.
Aplicações químicas abrangem catalisadores de organoestanho para produção de poliuretano, reações de esterificação e sistemas de cura de silicone. O consumo anual para aplicações químicas alcança 15.000-20.000 toneladas, com crescimento impulsionado pelas indústrias de polímeros e materiais em economias emergentes.
Desenvolvimento Histórico e Descoberta
Evidências arqueológicas indicam utilização do estanho a partir de aproximadamente 3000 a.C. em civilizações da Idade do Bronze no Oriente Médio e regiões mediterrâneas. A descoberta inicial provavelmente ocorreu através da fusão de minérios polimetálicos contendo impurezas de cassiterita, produzindo ligas de bronze com propriedades mecânicas superiores aos implementos de cobre puro.
Civilizações antigas desenvolveram redes comerciais de estanho atravessando grandes distâncias, com Cornualha (Inglaterra), Boêmia e partes da Espanha servindo como fontes principais para produção de bronze mediterrâneo. A escassez relativa do elemento frente ao cobre exigiu relações comerciais extensas e contribuiu para desenvolvimento econômico das regiões produtoras.
O conhecimento metalúrgico avançou durante o período romano, com técnicas de extração e purificação documentadas por Plínio, o Velho, e outros escritores contemporâneos. A idade média testemunhou expansão das operações de mineração em Cornualha, Saxônia e outras localidades europeias, com moinhos de estampas movidos a água permitindo processamento mais eficiente de minérios.
A caracterização científica iniciou-se no século XVIII com análises químicas sistemáticas por Antoine Lavoisier e contemporâneos. A determinação do peso atômico por Jöns Jakob Berzelius em 1818 estabeleceu a posição do estanho entre os elementos metálicos. O entendimento moderno da estrutura cristalina, configuração eletrônica e propriedades nucleares desenvolveu-se ao século XX através de cristalografia de raios X, métodos espectroscópicos e pesquisa em física nuclear.
O desenvolvimento industrial acompanhou avanços tecnológicos em métodos de extração e purificação. A introdução de fornos elétricos, concentração por flotação e refino eletrolítico melhorou eficiência produtiva e qualidade do produto. Pesquisas contemporâneas focam em métodos sustentáveis de extração, tecnologias de reciclagem e aplicações inovadoras em sistemas energéticos renováveis e eletrônicos.
Conclusão
O estanho ocupa posição distinta na tabela periódica por sua combinação única de comportamento polimórfico, estabilidade isotópica excepcional e caráter metálico intermediário. Seus dez isótopos estáveis, atribuídos à configuração nuclear de número mágico, distinguem o estanho de todos outros elementos e contribuem para suas aplicações nucleares. As transições estruturais entre β-Sn metálico e α-Sn semicondutor demonstram o equilíbrio energético sutil entre ligações metálicas e covalentes em elementos pós-transição.
Sua importância industrial deriva da resistência à corrosão, propriedades de soldagem e características de formação de ligas que sustentaram desenvolvimento tecnológico desde a metalurgia da Idade do Bronze até a fabricação eletrônica moderna. Considerações ambientais e sustentabilidade dos recursos impulsionam pesquisas contínuas em tecnologias de reciclagem, métodos alternativos de extração e novas aplicações em sistemas energéticos renováveis. Desenvolvimentos futuros provavelmente enfatizarão o papel do estanho em tecnologias avançadas de baterias, aplicações semicondutoras e química de materiais sustentáveis à medida que a tecnologia global transita para alternativas com menor impacto ambiental.

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