Elemento | |
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96CmCúrio247.07032
8 18 32 25 9 2 |
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Propriedades básicas | |
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Número atômico | 96 |
Massa atômica | 247.0703 amu |
Família de elementos | Actinídios |
Período | 7 |
Grupo | 2 |
Bloquear | s-block |
Ano de descoberta | 1944 |
Distribuição de isótopos |
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Nenhum |
Propriedades físicas | |
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Densidade | 13.51 g/cm3 (STP) |
(H) 8.988E-5 Meitnério (Mt) 28 | |
Fusão | 1067 °C |
Hélio (He) -272.2 Carbono (C) 3675 | |
Ebulição | 3110 °C |
Hélio (He) -268.9 Tungstênio (W) 5927 |
Propriedades químicas | |
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Estados de oxidação (menos comum) | +3 (+4, +5, +6) |
Potencial da primeira ionização | 6.021 eV |
Césio (Cs) 3.894 Hélio (He) 24.587 | |
Afinidade eletrônica | 0.280 eV |
Nobélio (No) -2.33 (Cl) 3.612725 | |
Eletro-negatividade | 1.28 |
Césio (Cs) 0.79 (F) 3.98 |
Propriedades eletrônicas | |
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Elétrons por camada | 2, 8, 18, 32, 25, 9, 2 |
Configuração eletrônica | [Rn] 5f7 |
Modelo de átomo de Bohr
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Diagrama de caixa orbital
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Elétrons de valência | 10 |
Estrutura de pontos de Lewis |
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Visualização Orbital | |
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Elétrons | - |
Cúrio (Cm): Elemento da Tabela Periódica
Resumo
O cúrio (Cm) é um elemento actinóide transurânico sintético com número atômico 96, caracterizado por sua luminescência roxa distinta e estrutura eletrônica complexa com sete elétrons 5f. Este elemento radioativo demonstra propriedades nucleares notáveis, com seu isótopo mais estável ²⁴⁷Cm apresentando uma meia-vida de 15,6 milhões de anos. O cúrio manifesta principalmente estados de oxidação trivalentes em soluções aquosas, exibindo propriedades fluorescentes intensas sob irradiação ultravioleta. O elemento tem aplicações significativas na exploração espacial por meio da espectrometria de raios X de partículas α e uso potencial em geradores termoelétricos de radioisótopos. Sua produção ocorre por meio de bombardeamento de nêutrons de urânio e plutônio em reatores nucleares, gerando aproximadamente 20 gramas por tonelada de combustível nuclear usado, tornando-o um dos elementos sintéticos mais raros disponíveis para pesquisa científica.
Introdução
O cúrio ocupa a posição 96 na tabela periódica dentro da série dos actinóides, representando o sétimo membro do bloco de elétrons 5f. A configuração eletrônica do elemento apresenta sete elétrons 5f não emparelhados, estabelecendo analogia direta com os sete elétrons 4f do gadolínio na série dos lantanóides. Este arranjo eletrônico determina fundamentalmente o comportamento magnético, a química de coordenação e as propriedades espectroscópicas do cúrio. O elemento foi sintetizado em 1944 por meio de bombardeamento de partículas α de ²³⁹Pu na Universidade da Califórnia, Berkeley, marcando um avanço crucial na química dos elementos transurânicos. Sua importância estende-se além da pesquisa fundamental por meio de aplicações especializadas na exploração planetária e tecnologia nuclear, onde suas características nucleares únicas oferecem capacidades inexistentes em elementos naturais.
Propriedades Físicas e Estrutura Atômica
Parâmetros Atômicos Fundamentais
O cúrio apresenta número atômico 96 com configuração eletrônica [Rn] 5f⁷ 6d¹ 7s², estabelecendo sua posição na série dos actinóides. O raio atômico mede aproximadamente 174 pm, enquanto o raio iônico de Cm³⁺ abrange 97 pm em coordenação octaédrica. A carga nuclear efetiva experimentada pelos elétrons de valência atinge aproximadamente 3,2, com blindagem substancial dos elétrons do núcleo reduzindo a atração nuclear total. Os sete elétrons 5f não emparelhados criam momentos magnéticos significativos e determinam o comportamento paramagnético do elemento em temperaturas ambientes. Os orbitais 5f demonstram maior extensão espacial comparados aos orbitais 4f dos lantanóides, resultando em caráter covalente aprimorado nas ligações químicas e geometrias de coordenação distintas.
Características Físicas Macroscópicas
O cúrio apresenta-se como um metal duro e denso com aparência esbranquiçada quando recém-preparado, embora a oxidação superficial ocorra rapidamente em exposição ao ar. O metal exibe luminescência roxa em ambientes escuros devido à ionização do ar circundante pelas partículas α emitidas. Análises estruturais revelam simetria hexagonal sob condições normais (fase α-Cm) com grupo espacial P6₃/mmc e parâmetros de rede a = 365 pm, c = 1182 pm. O arranjo de empacotamento duplo hexagonal (sequência de camadas ABAC) transforma-se sob pressão em cúbico de face centrada (β-Cm) acima de 23 GPa e ortorrômbico (γ-Cm) acima de 43 GPa. Sua densidade atinge 13,52 g/cm³ à temperatura ambiente, refletindo a massa atômica elevada e estrutura metálica compacta. Propriedades térmicas incluem ponto de fusão de 1344°C e ponto de ebulição de 3556°C, com capacidade térmica específica exibindo dependência de temperatura típica dos metais actinóides.
Propriedades Químicas e Reatividade
Estrutura Eletrônica e Comportamento de Ligação
A reatividade química deriva principalmente da disponibilidade de três elétrons de valência para formação de ligações, com o estado de oxidação +3 demonstrando estabilidade excepcional em soluções aquosas. Os sete elétrons 5f permanecem predominantemente não ligantes, mas contribuem para as propriedades magnéticas e espectroscópicas. O cúrio forma ligações iônicas com elementos eletropositivos, embora contribuições covalentes sejam significativas em complexos organometálicos e com ligantes doadores moles. Sua química de coordenação tipicamente apresenta geometrias com nove coordenações, sendo a prisma trigonal tricoberta a estrutura mais comum em compostos cristalinos. O elemento forma complexos facilmente com ligantes contendo oxigênio, nitrogênio e halógenos, exibindo comportamento intermediário entre os lantanóides e actinóides mais leves. A formação de ligações envolve participação mínima dos orbitais 5f, contrastando com a hibridização dos orbitais 6d e 7s observada em metais de transição.
Propriedades Eletroquímicas e Termodinâmicas
O comportamento eletroquímico reflete a estabilidade do estado de oxidação +3, com potencial de redução padrão Cm³⁺/Cm⁰ medindo aproximadamente -2,06 V em relação ao eletrodo padrão de hidrogênio. As energias de ionização sucessivas aumentam progressivamente da primeira (581 kJ/mol) à terceira (1949 kJ/mol), com a quarta ionização exigindo energia substancialmente maior (3547 kJ/mol). Medidas de afinidade eletrônica indicam tendência mínima para formação de ânions, coerente com seu caráter metálico e eletropositivo. O estado de oxidação +4 estabiliza-se em fluoretos e óxidos sólidos, embora ocorra desproporcionamento em meios aquosos. Cálculos termodinâmicos prevêem formação de estados +6 sob condições altamente oxidantes, manifestos na química do íon curil CmO₂²⁺. O comportamento redox em diferentes meios demonstra dependência de pH e sensibilidade aos efeitos de coordenação de ligantes.
Compostos Químicos e Formação de Complexos
Compostos Binários e Ternários
A química dos óxidos abrange várias estequiometrias, com Cm₂O₃ representando a fase termodinamicamente mais estável sob condições normais. O sesquióxido cristaliza em estruturas hexagonais ou cúbicas dependendo das condições de preparação, exibindo coloração branca a amarelo pálido. CmO₂ forma um sólido cristalino preto com estrutura fluorítica, demonstrando a acessibilidade do estado de oxidação +4 em redes óxidas. A formação de haletos ocorre prontamente com todos os halógenos, produzindo CmF₃, CmCl₃, CmBr₃ e CmI₃ como espécies predominantes. O tetrafluoreto CmF₄ manifesta-se como material cristalino marrom com estrutura monoclínica, sendo um dos poucos compostos estáveis no estado +4. Compostos ternários incluem fosfatos, sulfatos e carbonatos diversos, com CmPO₄ destacando-se por sua relevância em estratégias de imobilização de resíduos nucleares.
Química de Coordenação e Compostos Organometálicos
Complexos de coordenação preferem formar-se com ligantes duros, como carboxilatos, fosfonatos e moléculas nitrogenadas multidentadas. Geometrias com nove coordenações predominam em complexos cristalinos, com arranjos prisma trigonal tricobertos sendo os mais frequentes. Os efeitos do campo de ligantes geram assinaturas espectroscópicas características nas regiões visível e infravermelho próximo, com bandas de absorção nítidas correspondentes às transições eletrônicas f-f. As propriedades fluorescentes manifestam-se fortemente em compostos de coordenação, com rendimento quântico alcançando 40-60% em ambientes de ligantes otimizados. Os complexos demonstram estabilidade fotofísica notável sob iluminação contínua, tornando-os valiosos para aplicações analíticas. Sua química organometálica permanece limitada devido à natureza radioativa e escassez, embora complexos ciclopentadienil e outros com ligações π tenham sido sintetizados e caracterizados estruturalmente.
Ocorrência Natural e Análise Isotópica
Distribuição e Abundância Geoquímica
O cúrio não ocorre naturalmente na crosta terrestre devido à ausência de isótopos estáveis e à meia-vida relativamente curta de todos os radioisótopos conhecidos em escala geológica. Quantidades traço podem formar-se temporariamente por reações nucleares naturais em depósitos de urânio, especialmente aqueles com altas densidades de fluxo de nêutrons, mas essas concentrações permanecem abaixo dos limites de detecção de métodos analíticos convencionais. Sua abundância na crosta é efetivamente zero, com produção restrita a sínteses artificiais em reatores nucleares e aceleradores de partículas. Teoricamente, seu comportamento geoquímico assemelha-se aos outros actinóides trivalentes, com preferência por coordenação com minerais contendo oxigênio e possível incorporação em redes fosfato, carbonato e silicato se sua ocorrência natural fosse viável.
Propriedades Nucleares e Composição Isotópica
O paisagem isotópica do cúrio abrange números de massa de 233 a 251, incluindo dezenove radioisótopos distintos e sete isômeros nucleares. ²⁴⁷Cm demonstra máxima estabilidade com meia-vida de 15,6 milhões de anos por meio de decaimento α para ²⁴³Am. ²⁴⁸Cm apresenta meia-vida de 348.000 anos, com decaimento α predominante e ramos menores de fissão espontânea. ²⁴⁵Cm possui seções de choque nuclear significativas para fissão (2145 barns) e captura (369 barns) por nêutrons térmicos, sendo valioso para aplicações em reatores nucleares. ²⁴⁴Cm possui meia-vida de 18,11 anos, com características convenientes para manipulação em pesquisas. Os estados de spin nuclear variam de 0 a 9/2, com momentos magnéticos refletindo as configurações de elétrons 5f não emparelhados. A fissão espontânea domina em isótopos mais pesados, com ²⁵⁰Cm apresentando 86% de probabilidade de fissão espontânea.
Produção Industrial e Aplicações Tecnológicas
Métodos de Extração e Purificação
A produção de cúrio ocorre exclusivamente por irradiação de nêutrons de alvos actinóides em reatores nucleares de alto fluxo, com ²³⁹Pu e ²⁴¹Am como precursores principais. O processo de transmutação nuclear envolve múltiplas capturas de nêutrons e decaimentos β, exigindo períodos extensos de irradiação (vários anos) para rendimentos significativos. Separação e purificação utilizam cromatografia de troca iônica sofisticada com ácido α-hidroxisobutírico ou agentes complexantes similares, explorando diferenças mínimas nos raios iônicos e preferências de coordenação entre actinóides. Técnicas de extração com solvente empregam trifosfato de tributila e compostos organofosforados para alcançar fatores de separação adequados à isolamento de alta pureza. Os rendimentos de produção aproximam-se de 20 gramas por tonelada de combustível nuclear irradiado, com eficiência de recuperação dependente da metodologia e do tempo de decaimento. Purificação superior a 99% requer múltiplos ciclos cromatográficos e manejo cuidadoso de produtos de decaimento radioativo.
Aplicações Tecnológicas e Perspectivas Futuras
Na exploração espacial, o cúrio-244 é utilizado como fonte de partículas α em espectrômetros de raios X empregados em veículos de exploração marciana, incluindo os rovers Sojourner, Spirit, Opportunity e Curiosity. O pouso Philae empregou instrumentação similar baseada em cúrio para análise da composição superficial do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Aplicações nucleares incluem geradores termoelétricos de radioisótopos para sistemas de energia espacial, onde sua alta atividade específica e perfil de radiação gerenciável oferecem vantagens sobre alternativas com plutônio. Cálculos de massa crítica indicam potencial uso como material físsil em reatores compactos, embora implementações práticas sejam limitadas pela disponibilidade e custos. Perspectivas futuras incluem síntese de elementos superpesados, onde isótopos de cúrio atuam como materiais-alvo para criação de elementos além do número atômico 100. Técnicas analíticas avançadas baseadas em fluorescência exploram as propriedades fotofísicas excepcionais do cúrio para detecção em níveis traço e monitoramento ambiental.
Desenvolvimento Histórico e Descoberta
A descoberta do cúrio em 1944 emergiu de investigações sistemáticas sobre elementos transurânicos na Universidade da Califórnia, Berkeley, sob liderança de Glenn T. Seaborg. A equipe de pesquisa, incluindo Ralph A. James e Albert Ghiorso, alcançou a primeira síntese mediante bombardeamento de ²³⁹Pu com partículas α na instalação do ciclotron de 60 polegadas. A identificação química inicial ocorreu no Laboratório Metalúrgico da Universidade de Chicago, onde técnicas de separação distinguiram o cúrio de outros elementos actinóides com base em química de estados de oxidação e comportamento de coordenação. O nome do elemento homenageia Marie e Pierre Curie, reconhecendo suas contribuições fundamentais à pesquisa sobre radioatividade e química nuclear. A sigla militar atrasou o anúncio público até novembro de 1947, apesar da síntese bem-sucedida três anos antes. Décadas subsequentes testemunharam progressiva compreensão da estrutura eletrônica do cúrio, com previsões teóricas sobre elétrons 5f confirmadas por medições espectroscópicas e magnéticas. Técnicas modernas de síntese permitiram produção de quantidades na escala de gramas, suficientes para caracterização química detalhada e aplicações tecnológicas.
Conclusão
O cúrio representa um elemento transurânico paradigmático cuja combinação única de propriedades nucleares, eletrônicas e fotofísicas estabelece sua relevância tanto na química fundamental dos actinóides quanto em aplicações tecnológicas especializadas. Sua posição no centro da série actinóide, com sete elétrons 5f, fornece insights cruciais sobre estrutura eletrônica e teoria de ligação no bloco f. Suas características fluorescentes excepcionais e propriedades nucleares viabilizam aplicações impossíveis com elementos naturais, especialmente na exploração espacial e instrumentação analítica avançada. Direções futuras de pesquisa abrangem metodologias aprimoradas de produção, investigações em química de coordenação novedosa e expansão de implementações tecnológicas em energia nuclear e ciências espaciais. A disponibilidade contínua de cúrio por meio de reprocessamento de combustível nuclear garante seu papel no avanço do conhecimento sobre química actinóide e no suporte a requisitos tecnológicos especializados na era nuclear.

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