Elemento | |
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12MgMagnésio24.305062
8 2 |
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Propriedades básicas | |
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Número atômico | 12 |
Massa atômica | 24.30506 amu |
Família de elementos | Metais terrosos alcalinos |
Período | 3 |
Grupo | 2 |
Bloquear | s-block |
Ano de descoberta | 1755 |
Distribuição de isótopos |
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24Mg 78.99% 25Mg 10.00% 26Mg 11.01% |
24Mg (78.99%) 25Mg (10.00%) 26Mg (11.01%) |
Propriedades físicas | |
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Densidade | 1.738 g/cm3 (STP) |
(H) 8.988E-5 Meitnério (Mt) 28 | |
Fusão | 650 °C |
Hélio (He) -272.2 Carbono (C) 3675 | |
Ebulição | 1107 °C |
Hélio (He) -268.9 Tungstênio (W) 5927 |
Propriedades químicas | |
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Estados de oxidação (menos comum) | +2 (0, +1) |
Potencial da primeira ionização | 7.646 eV |
Césio (Cs) 3.894 Hélio (He) 24.587 | |
Afinidade eletrônica | -0.400 eV |
Nobélio (No) -2.33 (Cl) 3.612725 | |
Eletro-negatividade | 1.31 |
Césio (Cs) 0.79 (F) 3.98 |
Raio atômico | |
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Raio covalente | 1.39 Å |
(H) 0.32 Francium (Fr) 2.6 | |
Van der Waals raio | 1.73 Å |
(H) 1.2 Francium (Fr) 3.48 | |
Raio metálico | 1.6 Å |
Berílio (Be) 1.12 Césio (Cs) 2.65 | |
Compostos | ||
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Fórmula | Nome | Estado de oxidação |
MgCl2 | Cloreto de magnésio | +2 |
MgSO4 | Sulfato de magnésio | +2 |
Mg(OH)2 | Hidróxido de magnésio | +2 |
MgO | Óxido de magnésio | +2 |
Mg3(PO4)2 | Fosfato de magnésio | +2 |
MgCO3 | Carbonato de Magnésio | +2 |
Mg3N2 | Nitreto de magnésio | +2 |
MgI2 | Iodeto de magnésio | +2 |
Mg(ClO4)2 | Perclorato de magnésio | +2 |
Mg2Si | Silieto de magnésio | +2 |
C4H8MgN2O4 | Glicinato de magnésio | +2 |
MgO2 | Peróxido de magnésio | +4 |
Propriedades eletrônicas | |
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Elétrons por camada | 2, 8, 2 |
Configuração eletrônica | [Ne] 3s2 |
Modelo de átomo de Bohr
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Diagrama de caixa orbital
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Elétrons de valência | 2 |
Estrutura de pontos de Lewis |
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Visualização Orbital | |
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Elétrons | - |
Magnésio (Mg): Elemento da Tabela Periódica
Resumo
O magnésio (Mg, número atômico 12) representa o segundo elemento do Grupo 2 da tabela periódica, exibindo as propriedades características dos metais alcalinos terrosos. Com peso atômico padrão de 24,305 ± 0,002 u, o magnésio apresenta estrutura cristalina hexagonal compacta e demonstra reatividade química significativa, formando predominantemente compostos iônicos com o estado de oxidação +2. O elemento constitui aproximadamente 13% da crosta terrestre em massa, sendo o oitavo elemento mais abundante. O magnésio exibe utilidade estrutural excepcional em ligas leves, especialmente quando combinado com alumínio, gerando materiais com relações resistência-peso superiores. A configuração eletrônica do elemento [Ne]3s² fundamenta seu comportamento químico, incluindo oxidação rápida em condições atmosféricas e formação de uma camada protetora de óxido. As aplicações industriais abrangem setores aeroespacial, automotivo e eletrônico, onde a densidade do magnésio (1,74 g/cm³) oferece vantagens críticas de redução de peso mantendo integridade estrutural.
Introdução
O magnésio ocupa a posição 12 da tabela periódica, localizado no segundo período do grupo dos metais alcalinos terrosos. A importância do elemento na química e indústria modernas deriva de sua combinação única de baixa densidade, alta resistência quando ligado e padrões característicos de reatividade metálica. A configuração eletrônica [Ne]3s² estabelece a identidade química do magnésio, com os dois elétrons de valência facilmente ionizados para formar o cátion estável Mg²⁺. Este arranjo eletrônico gera as propriedades distintivas do elemento, incluindo caráter eletropositivo, tendência à formação de ligações iônicas e tendências sistemáticas nos raios atômicos e iônicos comparados aos elementos vizinhos berílio e cálcio.
Descoberto através de investigações sistemáticas de sais minerais no início do século XIX, o significado industrial do magnésio emergiu com o desenvolvimento de métodos de produção eletrolítica. Sua abundância natural, representando o quarto elemento mais comum na Terra após ferro, oxigênio e silício, garante disponibilidade sustentável para aplicações tecnológicas. A compreensão moderna da química do magnésio abrange seu papel em sistemas biológicos, ciência de materiais estruturais e processos metalúrgicos avançados, estabelecendo-o como fundamental para a indústria química contemporânea.
Propriedades Físicas e Estrutura Atômica
Parâmetros Atômicos Fundamentais
O magnésio apresenta número atômico 12, correspondendo a doze prótons e, em átomos neutros, doze elétrons. A configuração eletrônica no estado fundamental [Ne]3s² posiciona os dois elétrons de valência no orbital 3s, resultando em uma configuração de núcleo com camada fechada de gás nobre com dois elétrons externos facilmente ionizáveis. Medidas espectroscópicas estabelecem a primeira energia de ionização em 7,646 eV e a segunda energia de ionização em 15,035 eV, refletindo a estabilidade do íon Mg²⁺ e a barreira energética significativa para alcançar o estado de oxidação +3.
O raio atômico do magnésio mede aproximadamente 150 pm, enquanto o raio iônico do Mg²⁺ reduz-se para 72 pm em coordenação octaédrica. Esta redução substancial após a ionização reflete a remoção dos elétrons 3s e o aumento da carga nuclear efetiva experimentada pelas camadas eletrônicas restantes. A análise comparativa com elementos alcalinos terrosos vizinhos demonstra tendências sistemáticas: berílio (112 pm de raio atômico, 45 pm de raio iônico) e cálcio (197 pm de raio atômico, 100 pm de raio iônico) exibem as variações periódicas esperadas em tamanho.
Características Físicas Macroscópicas
O magnésio cristaliza na estrutura hexagonal compacta (hcp) em condições ambientais, caracterizada pelo grupo espacial P6₃/mmc. A estrutura cristalina apresenta parâmetros de rede a = 3,209 Å e c = 5,211 Å, gerando uma razão c/a de 1,624, próxima do valor ideal hcp de 1,633. Este arranjo produz um número de coordenação de doze, com cada átomo de magnésio cercado por doze vizinhos mais próximos à mesma distância.
O elemento exibe aparência metálica cinza brilhante com alta refletividade quando recém-cortado ou polido. No entanto, a exposição atmosférica gera rapidamente uma fina camada de óxido que confere um acabamento superficial mais fosco. O magnésio apresenta ponto de fusão de 923 K (650°C), ponto de ebulição de 1363 K (1090°C) e densidade de 1,74 g/cm³ à temperatura ambiente. A densidade relativamente baixa, aproximadamente dois terços da do alumínio, contribui significativamente para a utilidade do magnésio em aplicações críticas de peso. A capacidade térmica específica mede 1,023 kJ/(kg·K) a 298 K, enquanto a condutividade térmica atinge 156 W/(m·K), refletindo a ligação metálica e a disponibilidade de elétrons livres.
Propriedades Químicas e Reatividade
Estrutura Eletrônica e Comportamento de Ligação
A configuração eletrônica [Ne]3s² determina fundamentalmente o comportamento químico do magnésio através da disponibilidade dos dois elétrons de valência para interações de ligação. Esses elétrons ocupam o mesmo nível quântico principal, resultando em blindagem mínima entre eles e facilitando a formação de espécies iônicas divalentes. A formação de ligações procede principalmente por mecanismos de transferência de elétrons, gerando o cátion estável Mg²⁺ com sua configuração eletrônica completa de gás nobre.
O magnésio demonstra caráter predominantemente iônico na maioria dos compostos, especialmente com elementos eletronegativos como oxigênio, halógenos e calcogênios. A grande diferença de eletronegatividade entre magnésio (χ = 1,31 na escala de Pauling) e elementos formadores de ânions direciona a transferência completa de elétrons em vez de compartilhamento covalente. No entanto, compostos organometálicos exibem caráter mais covalente, particularmente os reagentes de Grignard (RMgX), onde as ligações carbono-magnésio mostram natureza covalente parcial devido às menores diferenças de eletronegatividade.
A química de coordenação revela a preferência do magnésio por geometria octaédrica em solução aquosa, formando tipicamente complexos [Mg(H₂O)₆]²⁺. O pequeno tamanho e a alta densidade de carga do Mg²⁺ criam interações eletrostáticas fortes com ligantes, especialmente aqueles contendo átomos doadores de oxigênio ou nitrogênio. Os comprimentos de ligação em complexos de magnésio tipicamente variam de 2,0-2,1 Å para ligações Mg-O e ligeiramente mais longos para interações Mg-N, refletindo o caráter iônico dessas ligações coordenadas.
Propriedades Eletroquímicas e Termodinâmicas
O magnésio apresenta eletronegatividade de 1,31 na escala de Pauling, posicionando-o entre os elementos mais eletropositivos. Este valor reflete a tendência do elemento a perder elétrons prontamente, consistente com seu caráter metálico e posição no Grupo 2. A eletronegatividade de Mulliken, calculada a partir de dados de energia de ionização e afinidade eletrônica, fornece valores semelhantes, confirmando a capacidade do elemento de doar elétrons.
As energias de ionização sucessivas demonstram a influência da estrutura eletrônica no comportamento químico. A primeira energia de ionização (737,7 kJ/mol) representa a energia necessária para remover um elétron 3s, enquanto a segunda energia de ionização (1450,7 kJ/mol) corresponde à remoção do segundo elétron 3s do íon Mg⁺. O aumento dramático na terceira energia de ionização (7732,7 kJ/mol) reflete a estabilidade da configuração do núcleo Ne e explica por que o magnésio praticamente nunca excede o estado de oxidação +2 em compostos químicos.
Os potenciais eletroquímicos padrão estabelecem a posição do magnésio na série eletroquímica, com E°(Mg²⁺/Mg) = -2,372 V em relação ao eletrodo padrão de hidrogênio. Este valor altamente negativo indica caráter redutor forte e explica a tendência do magnésio a corroer em ambientes aquosos. Sua estabilidade termodinâmica varia significativamente dependendo do ambiente químico, com óxidos e hidróxidos geralmente exibindo altas energias de rede e entalpias de formação.
Compostos Químicos e Formação de Complexos
Compostos Binários e Ternários
O óxido de magnésio (MgO) representa o composto binário mais termodinamicamente estável, formando-se espontaneamente quando o magnésio metálico é exposto ao oxigênio atmosférico. O composto cristaliza na estrutura de sal-gema com parâmetro de rede de 4,213 Å e exibe estabilidade térmica excepcional, fundindo a 3125 K. A reação de formação procede exotermicamente: 2Mg(s) + O₂(g) → 2MgO(s), ΔH°f = -1203,6 kJ/mol, estabelecendo a força motriz para a reatividade atmosférica do magnésio.
Os compostos halogenados demonstram tendências sistemáticas refletindo relações da tabela periódica. O fluoreto de magnésio (MgF₂) adota a estrutura rutilo e exibe solubilidade aquosa limitada devido à alta energia de rede, enquanto o cloreto de magnésio (MgCl₂), brometo (MgBr₂) e iodeto (MgI₂) cristalizam em estruturas laminares e mostram solubilidade crescente descendendo no grupo dos halógenos. Esses compostos servem como precursores para produção eletrolítica de magnésio, particularmente o MgCl₂ no processo Dow.
A formação de sulfetos produz sulfeto de magnésio (MgS) com estrutura de sal-gema, embora o composto hidrolise prontamente em solução aquosa gerando gás sulfídrico. A formação de nitretos requer temperaturas elevadas e produz Mg₃N₂, que adota a estrutura anti-bixbyita. Compostos ternários incluem carbonatos como a dolomita [CaMg(CO₃)₂], representando um dos minerais contendo magnésio mais abundantes na crosta terrestre.
Química de Coordenação e Compostos Organometálicos
A química de coordenação do magnésio centra-se na formação de complexos octaédricos com ligantes doadores de oxigênio e nitrogênio. O íon hexaaquamagnésio(II) [Mg(H₂O)₆]²⁺ predomina em solução aquosa, exibindo cinética rápida de troca de água devido às interações eletrostáticas relativamente fracas. Ligantes quelantes como o ácido etilenodiaminotetraacético (EDTA) formam complexos estáveis por meio de múltiplos sítios de coordenação, efetivamente sequestrando íons magnésio em aplicações analíticas e biológicas.
Complexos com éteres coroa demonstram a interação do magnésio com ligantes macrocíclicos, embora o pequeno raio iônico do Mg²⁺ crie geometria menos favorável comparado a cátions alcalinos terrosos maiores. O número de coordenação tipicamente permanece em seis nestes complexos, com átomos dos ligantes ocupando posições octaédricas ao redor do íon central de magnésio. As constantes de estabilidade variam significativamente dependendo da denticidade do ligante e características dos átomos doadores.
A química organometálica abrange os famosos reagentes de Grignard (RMgX), onde R representa um grupo orgânico e X um halógeno. Estes compostos exibem ligações carbono-magnésio com caráter iônico-covalente misto, atuando como reagentes nucleofílicos poderosos na síntese orgânica. O comprimento da ligação C-Mg tipicamente mede 2,15-2,20 Å, intermediário entre extremos puramente iônicos e covalentes. A formação de Grignard procede por mecanismos radiculares: RX + Mg → RMgX, exigindo condições anidras devido à alta reatividade frente a solventes protônicos.
Ocorrência Natural e Análise Isotópica
Distribuição Geoquímica e Abundância
O magnésio constitui aproximadamente 13% da crosta terrestre em massa, sendo o oitavo elemento mais abundante em rochas crustais. Esta abundância corresponde a cerca de 23.000 ppm na composição crustal média, refletindo a incorporação do elemento em numerosos minerais formadores de rocha durante processos geológicos. O comportamento geoquímico do magnésio envolve tanto formação de minerais primários em rochas ígneas quanto processos secundários incluindo intemperismo, transporte e sedimentação.
Minerais primários de magnésio incluem olivina [(Mg,Fe)₂SiO₄], piroxênios e micas, onde o magnésio substitui o ferro em séries de solução sólida. Estes minerais ferromagnesianos representam os principais reservatórios de magnésio em rochas máficas e ultramáficas. Minerais secundários formam-se através de intemperismo e processos metamórficos, incluindo talco [Mg₃Si₄O₁₀(OH)₂], minerais do grupo serpentinita e cloritas. Ambientes sedimentares produzem minerais carbonatados, particularmente magnesita (MgCO₃) e o carbonato duplo dolomita [CaMg(CO₃)₂].
A água do mar contém magnésio como o terceiro elemento dissolvido mais abundante, aproximadamente 1290 ppm, correspondendo a 0,129% em massa. Esta concentração estabelece a água do mar como fonte industrial virtualmente inesgotável, extraída principalmente por precipitação como hidróxido de magnésio seguida de conversão a cloreto para processamento eletrolítico. Depósitos evaporíticos preservam composições antigas da água do mar, produzindo sais de magnésio concentrados incluindo carnalita (KMgCl₃·6H₂O) e kieserita (MgSO₄·H₂O).
Propriedades Nucleares e Composição Isotópica
O magnésio natural exibe três isótopos estáveis com números de massa distintos. O magnésio-24 (²⁴Mg) representa aproximadamente 79% da abundância natural, contendo 12 nêutrons ao lado dos 12 prótons característicos. O núcleo apresenta spin nuclear zero, tornando-o silencioso em RMN, mas contribuindo para a estabilidade nuclear através da razão nêutrons-prótons favorável.
O magnésio-25 (²⁵Mg) compreende aproximadamente 10% da abundância natural e contém 13 nêutrons. Este isótopo possui spin nuclear I = 5/2, tornando-o acessível à espectroscopia de ressonância magnética nuclear. O momento magnético μ = -0,85544 magnetons nucleares permite aplicações de RMN de ²⁵Mg em química estrutural e ciência dos materiais, embora limitações de sensibilidade restrinjam seu uso analítico rotineiro.
O magnésio-26 (²⁶Mg) representa cerca de 11% da abundância natural com 14 nêutrons por núcleo. Este isótopo possui significância particular em cosmoquímica e geologia isotópica como produto estável do decaimento radioativo do ²⁶Al. O sistema cronômetro ²⁶Al-²⁶Mg fornece capacidades de datação para eventos do sistema solar primitivo, incluindo formação de meteoritos e processos de diferenciação planetária. Variações nas razões ²⁶Mg/²⁴Mg preservam registros da distribuição extinta do ²⁶Al, permitindo restrições cronológicas precisas sobre processos nebulares e planetários.
Radioisótopos artificiais incluem o ²⁸Mg com meia-vida de 21 horas, produzido por reações nucleares para aplicações de pesquisa. O isótopo decai por emissão beta-menos formando ²⁸Al, embora aplicações práticas sejam limitadas devido à curta meia-vida e disponibilidade de isótopos estáveis para a maioria dos propósitos.
Produção Industrial e Aplicações Tecnológicas
Métodos de Extração e Purificação
A produção industrial de magnésio emprega duas metodologias principais: processos eletrolíticos e métodos de redução térmica. A abordagem eletrolítica, exemplificada pelo processo Dow, utiliza cloreto de magnésio como matéria-prima obtida da água do mar ou salmouras subterrâneas. O processo inicia com o tratamento da água do mar usando cal [Ca(OH)₂] para precipitar o hidróxido de magnésio: Mg²⁺ + Ca(OH)₂ → Mg(OH)₂ + Ca²⁺. Tratamento subsequente com ácido clorídrico converte o hidróxido em cloreto de magnésio anidro: Mg(OH)₂ + 2HCl → MgCl₂ + 2H₂O.
A eletrólise ocorre em cubas de aço revestidas com materiais refratários, operando a temperaturas próximas a 973 K para manter condições de sal fundido. O design da cuba incorpora ânodos de grafita e cátodos de aço, com densidades de corrente tipicamente variando de 0,8-1,2 A/cm². A reação eletrolítica fundamental procede: MgCl₂(l) → Mg(l) + Cl₂(g), exigindo aproximadamente 18-20 kWh/kg de consumo teórico de energia, embora requisitos práticos alcancem 35-40 kWh/kg devido a ineficiências do processo.
Métodos de redução térmica, particularmente o processo Pidgeon, utilizam redução do óxido de magnésio com silício em temperaturas elevadas: 2MgO + Si → 2Mg + SiO₂. A reação requer temperaturas superiores a 1473 K sob pressão reduzida para favorecer a volatilização e remoção do magnésio do sistema em equilíbrio. A calcinação da dolomita fornece o óxido de magnésio como matéria-prima: CaMg(CO₃)₂ → CaO + MgO + 2CO₂. Esta abordagem tipicamente alcança consumo energético inferior comparado aos métodos eletrolíticos, embora custos de capital permaneçam substanciais devido aos requisitos de processamento em altas temperaturas.
Aplicações Tecnológicas e Perspectivas Futuras
Aplicações aeroespaciais exploram a excepcional relação resistência-peso do magnésio quando incorporado em ligas de alumínio. As ligas da série AZ (contendo adições de alumínio e zinco) exibem resistência à tração superior a 200 MPa mantendo densidades abaixo de 1,8 g/cm³. Estas propriedades permitem redução significativa de peso em componentes estruturais de aeronaves, carcaças de motores e elementos internos, onde cada quilograma economizado se traduz em melhorias substanciais na economia de combustível durante toda a vida operacional.
As aplicações na indústria automotiva concentram-se em componentes do trem de força, rodas e elementos estruturais onde redução de peso impacta diretamente a eficiência de combustível e o desempenho. Ligas de magnésio para fundição sob pressão, particularmente a AZ91D, demonstram excelente maleabilidade combinada com propriedades mecânicas adequadas para blocos de motor, carcaças de transmissão e estruturas de painéis de instrumentos. O desenvolvimento de ligas avançadas incorporando elementos terras raras (série WE) estende as faixas de temperatura operacional e melhora a resistência à corrosão para ambientes automotivos exigentes.
A fabricação eletrônica utiliza ligas de magnésio para carcaças de computadores portáteis, dispositivos móveis e câmeras, onde a construção leve deve ser equilibrada com os requisitos de blindagem eletromagnética. A condutividade elétrica do elemento, embora inferior à do alumínio, revela-se adequada para muitas aplicações, oferecendo superior usinabilidade e características de acabamento superficial. Aplicações emergentes incluem equipamentos de telecomunicações 5G, onde restrições de peso direcionam a seleção de materiais para soluções baseadas em magnésio.
Desenvolvimentos futuros enfatizam ligas de magnésio biodegradáveis para aplicações em implantes médicos, explorando a biocompatibilidade do elemento e dissolução natural em ambientes fisiológicos. Linhas de pesquisa incluem modificação controlada da taxa de corrosão através de adições de liga e tratamentos superficiais, potencialmente revolucionando a tecnologia de implantes temporários. Aplicações em armazenamento de energia investigam sistemas de baterias baseadas em magnésio como alternativa à tecnologia de íon-lítio, oferecendo maior densidade energética volumétrica e melhores características de segurança através de eletrólitos não inflamáveis.
Desenvolvimento Histórico e Descoberta
A investigação química sistemática de compostos de magnésio iniciou-se no final do século XVIII com o trabalho de Joseph Black, que distinguiu a magnésia alba (carbonato de magnésio) da cal (carbonato de cálcio) por meio de estudos de decomposição térmica. O reconhecimento por Black de que estes compostos produziam diferentes terras alcalinas ao serem aquecidos estabeleceu a base para tentativas subsequentes de isolamento elemental. O termo "magnésio" deriva de Magnésia, região na Grécia antiga onde depósitos de magnesita forneceram fontes iniciais de magnésia alba.
Sir Humphry Davy conseguiu o primeiro isolamento do magnésio metálico em 1808 por meio de redução eletrolítica da magnésia úmida utilizando um cátodo de mercúrio. A formação de amálgama permitiu separar o magnésio do estado metálico altamente reativo, embora o magnésio puro permanecesse elusivo devido à oxidação rápida em condições atmosféricas. A abordagem eletrolítica de Davy estabeleceu o princípio fundamental subjacente aos métodos modernos de produção de magnésio, demonstrando a necessidade de evitar sistemas aquosos devido à evolução competitiva de hidrogênio.
Antoine Bussy desenvolveu procedimentos aprimorados de isolamento em 1831 por meio da redução térmica do cloreto de magnésio anidro com potássio metálico: MgCl₂ + 2K → Mg + 2KCl. Este método produziu amostras coerentes de magnésio metálico adequadas para determinação de propriedades e caracterização química. O trabalho de Bussy estabeleceu a posição do magnésio entre os metais alcalinos terrosos e confirmou seu caráter divalente através de análise estequiométrica de compostos.
O desenvolvimento industrial acelerou durante a Primeira Guerra Mundial quando aplicações militares do magnésio em dispositivos incendiários e munição traçante impulsionaram os esforços de escala produtiva. A Dow Chemical Company pioneirou a produção eletrolítica em larga escala a partir da água do mar na década de 1940, estabelecendo a base tecnológica para a metalurgia moderna do magnésio. O desenvolvimento pós-guerra concentrou-se em aplicações estruturais de ligas, culminando nas tecnologias aeroespacial e automotiva contemporâneas, onde a combinação única de propriedades do magnésio permite soluções de engenharia avançadas anteriormente inacessíveis com materiais convencionais.
Conclusão
A posição única do magnésio na tabela periódica, combinando baixa massa atômica com caráter metálico divalente, estabelece sua importância fundamental tanto na ciência química quanto em aplicações tecnológicas. A configuração eletrônica [Ne]3s² do elemento impulsiona seu comportamento químico característico, incluindo formação predominante no estado de oxidação +2, tendência à formação de ligações iônicas e oxidação atmosférica rápida. Estas propriedades, combinadas com relações resistência-peso excepcionais em sistemas de ligas, posicionam o magnésio como essencial para aplicações críticas de peso nos setores aeroespacial, automotivo e eletrônico.
As trajetórias de pesquisa atuais enfatizam métodos de produção sustentáveis, desenvolvimento de ligas avançadas com resistência à corrosão aprimorada e aplicações emergentes em dispositivos médicos biodegradáveis e sistemas de armazenamento de energia de nova geração. Sua ocorrência natural abundante, particularmente em recursos marinhos, garante disponibilidade de longo prazo para aplicações tecnológicas crescentes. Futuros desenvolvimentos provavelmente concentrar-se-ão em superar limitações tradicionais incluindo reatividade atmosférica e desempenho limitado em altas temperaturas, potencialmente expandindo o papel do magnésio em aplicações de engenharia de alto desempenho mantendo sua posição como o elemento estrutural metálico mais leve disponível para uso industrial.

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