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Fleróvio @ Tabela Periódica dos Elementos Químicos

12345678 910111213141516 1718
IIIIIIbIVb VbVIbVIIbVIIIbIb IIbIIIIVVVI VIIVIII
1H
1.0079
2He
4.0026
3Li
6.9412
4Be
9.0121
5B
10.811
6C
12.010
7N
14.006
8O
15.999
9F
18.998
10Ne
20.179
11Na
22.989
12Mg
24.305
13Al
26.981
14Si
28.085
15P
30.973
16S
32.065
17Cl
35.453
18Ar
39.948
19K
39.098
20Ca
40.078
21Sc
44.955
22Ti
47.867
23V
50.941
24Cr
51.996
25Mn
54.938
26Fe
55.845
27Co
58.933
28Ni
58.693
29Cu
63.546
30Zn
65.409
31Ga
69.723
32Ge
72.641
33As
74.921
34Se
78.963
35Br
79.904
36Kr
83.798
37Rb
85.467
38Sr
87.621
39Y
88.905
40Zr
91.224
41Nb
92.906
42Mo
95.942
43Tc
98.906
44Ru
101.07
45Rh
102.90
46Pd
106.42
47Ag
107.86
48Cd
112.41
49In
114.81
50Sn
118.71
51Sb
121.76
52Te
127.60
53I
126.90
54Xe
131.29
55Cs
132.90
56Ba
137.32
57La
138.90
72Hf
178.49
73Ta
180.94
74W
183.84
75Re
186.20
76Os
190.23
77Ir
192.21
78Pt
195.08
79Au
196.96
80Hg
200.59
81Tl
204.38
82Pb
207.21
83Bi
208.98
84Po
208.98
85At
209.98
86Rn
222.01
87Fr
223.01
88Ra
226.02
89Ac
227.02
104Rf
261.10
105Db
262.11
106Sg
266.12
107Bh
264.12
108Hs
269
109Mt
278
110Ds
281
111Rg
282
112Cn
285
113Nh
286
114Fl
289
115Mc
290
116Lv
293
117Ts
294
118Og
294
Lantanidios58Ce
140.11
59Pr
140.90
60Nd
144.24
61Pm
146.91
62Sm
150.36
63Eu
151.96
64Gd
157.25
65Tb
158.92
66Dy
162.50
67Ho
164.93
68Er
167.25
69Tm
168.93
70Yb
173.04
71Lu
174.96
Actinídios90Th
232.03
91Pa
231.03
92U
238.02
93Np
237.04
94Pu
244.06
95Am
243.06
96Cm
247.07
97Bk
247.07
98Cf
251.07
99Es
252.08
100Fm
257.09
101Md
258.09
102No
259.10
103Lr
260.10
Metais alcalinos Metais terrosos alcalinos Os metais de transição Outros metais Metaloides Não-metais Halogênios Gases nobres
Elemento

114

Fl

Fleróvio

289

2
8
18
32
32
18
4
Propriedades básicas
Número atômico114
Massa atômica289 amu
Família de elementosOutros metais
Período7
Grupo14
Bloquearp-block
Ano de descoberta1998
Distribuição de isótopos
Nenhum
Propriedades físicas
Densidade 9.9 g/cm3 (STP)
(H) 8.988E-5
Meitnério (Mt) 28
Propriedades químicas
Raio atômico
Propriedades eletrônicas
Elétrons por camada2, 8, 18, 32, 32, 18, 4
Configuração eletrônica[Rn] 5f146d107s27p2
Modelo de átomo de Bohr
Modelo de átomo de Bohr
Diagrama de caixa orbital
Diagrama de caixa orbital
Elétrons de valência4
Estrutura de pontos de Lewis Fleróvio Estrutura de pontos de Lewis
Visualização Orbital
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Elétrons-

Flerovium (Fl): Elemento da Tabela Periódica

Artigo de Revisão Científica | Série de Referência em Química

Resumo

O flerovium (Fl, Z = 114) representa um elemento superpesado sintético posicionado dentro da teorizada "ilha de estabilidade", caracterizado por sua localização única como membro mais pesado confirmado do grupo do carbono. Com uma configuração eletrônica de [Rn]5f¹⁴6d¹⁰7s²7p², este elemento radioativo exibe volatilidade sem precedentes para um membro do grupo 14, possivelmente existindo como metal gasoso em temperatura e pressão padrão. O isótopo mais estável confirmado, ²⁸⁹Fl, demonstra uma meia-vida de 1,9 segundos, enquanto o não confirmado ²⁹⁰Fl pode alcançar 19 segundos de duração. Investigações químicas revelam similaridades inesperadas com o copernício na reatividade com ouro, sugerindo características de metal nobre apesar das previsões teóricas de comportamento semelhante ao chumbo. A síntese requer bombardeamento de alvos de ²⁴⁴Pu com projéteis de ⁴⁸Ca, produzindo seções de choque medidas em picobarns. Cálculos teóricos prevêem variações dramáticas nas propriedades físicas, com modelos recentes sugerindo um ponto de fusão baixo próximo a 11°C e densidade aproximadamente 11,4 g cm⁻³, estabelecendo o flerovium como um elemento único que faz ponte entre estados metálicos e potencialmente gasosos.

Introdução

O flerovium ocupa uma posição extraordinária na tabela periódica como o membro mais pesado confirmado experimentalmente do Grupo 14, estendendo a família do carbono para regiões anteriormente inexploradas de estabilidade nuclear. Localizado no número atômico 114 no Período 7, o flerovium representa a culminação de décadas de esforços para sintetizar elementos superpesados e investigar a teórica ilha de estabilidade. A configuração eletrônica do flerovium, [Rn]5f¹⁴6d¹⁰7s²7p², sugere química convencional do grupo 14, porém observações experimentais revelam desvios surpreendentes dos padrões esperados estabelecidos pelos homólogos mais leves do grupo do carbono.

A síntese do flerovium marcou um marco significativo na física e química nucleares, exigindo aceleradores de partículas e sistemas de detecção sofisticados para produzir e identificar átomos individuais. A descoberta no Joint Institute for Nuclear Research em Dubna, Rússia, durante 1998-1999 representou a culminação de previsões do modelo de camada nuclear datando dos anos 1960. O nome do elemento homenageia o Laboratório Flerov de Reações Nucleares e o físico russo Georgy Flyorov, reconhecendo as contribuições pioneiras da instituição na pesquisa de elementos superpesados.

A compreensão contemporânea do flerovium desafia tendências periódicas tradicionais, revelando volatilidade e comportamento químico inesperados que não seguem extrapolações simples dos membros mais leves do grupo. Os efeitos relativísticos sobre os orbitais eletrônicos tornam-se primordiais neste número atômico extremo, alterando fundamentalmente as propriedades químicas e características de ligação. Essas descobertas continuam a reformular modelos teóricos de periodicidade química e estabilidade nuclear nos elementos mais pesados.

Propriedades Físicas e Estrutura Atômica

Parâmetros Atômicos Fundamentais

Átomos de flerovium contêm 114 prótons, determinando sua identidade química e posição dentro do grupo do carbono. A configuração eletrônica [Rn]5f¹⁴6d¹⁰7s²7p² aloca dois elétrons de valência no orbital 7p, embora efeitos relativísticos estabilizem significativamente os elétrons 7s², criando uma configuração efetiva próxima a [Rn]5f¹⁴6d¹⁰7s². Essa estabilização altera fundamentalmente seu comportamento químico comparado aos elementos mais leves do grupo 14, onde configurações 4p² dominam as características de ligação.

A contração relativística dos orbitais s e p₁/₂ produz mudanças substanciais na carga nuclear efetiva e energias orbitais. O orbital 7s sofre compressão de aproximadamente 25% em relação a cálculos não relativísticos, enquanto o acoplamento spin-órbita divide o orbital 7p em componentes 7p₁/₂ e 7p₃/₂ com separação energética significativa. Esses efeitos culminam em uma energia de ionização de 8,539 eV, representando o segundo valor mais alto no grupo 14 e aproximando-se das características de gases nobres.

As determinações do raio atômico do flerovium permanecem desafiadoras devido à sua natureza sintética e curtas meias-vidas. Cálculos teóricos predizem raios covalentes entre 171-177 pm, comparáveis ao chumbo (175 pm) mas influenciados pela contração relativística. Estimativas do raio de van der Waals sugerem valores próximos a 200 pm, embora verificação experimental seja impossível dadas as limitações atuais de produção e metodologias de detecção.

Características Físicas Macroscópicas

Investigações teóricas prevêem propriedades físicas notavelmente variáveis para o flerovium, refletindo a interação entre efeitos relativísticos e ligação química convencional. Cálculos recentes sugerem que o flerovium possa existir como líquido à temperatura ambiente com ponto de fusão próximo a 11 ± 50°C, dramaticamente inferior aos 327°C do chumbo. Essa previsão representa um desvio marcante das tendências grupais e implica ligação metálica fundamentalmente alterada no regime superpesado.

Cálculos de estrutura cristalina indicam energias quase equivalentes para arranjos cúbicos de face centrada e hexagonais compactos, com previsões de densidade convergindo para 11,4 ± 0,3 g cm⁻³. Essa densidade aproxima-se da do chumbo (11,34 g cm⁻³) mantendo incerteza quanto à estabilidade real sob condições experimentais. Estimativas da energia coesiva de −0,5 ± 0,1 eV sugerem ligação metálica enfraquecida comparada aos membros mais leves do grupo, consistente com as características de volatilidade observadas.

Cálculos de estrutura de banda eletrônica revelam comportamento semicondutor com lacunas previstas próximas a 0,8 ± 0,3 eV para estruturas hexagonais. Esses cálculos sugerem que o flerovium possa exibir características de metaloide em vez de comportamento metálico puro, marcando uma transição da natureza metálica do estanho e chumbo para propriedades eletrônicas potencialmente mais complexas em elementos superpesados.

A volatilidade representa a característica física mais notável do flerovium, com evidência experimental indicando comportamento gasoso sob condições onde o chumbo permanece sólido. Essa volatilidade extrema provavelmente resulta de interações interatômicas enfraquecidas causadas pela estabilização relativística dos elétrons s e redução na participação na ligação metálica. Modelos teóricos sugerem valores de pressão de vapor ordens de magnitude maiores que os do chumbo em temperaturas equivalentes.

Propriedades Químicas e Reatividade

Estrutura Eletrônica e Comportamento de Ligação

Os padrões de reatividade química do flerovium demonstram complexidade sem precedentes no grupo 14, surgindo da influência dominante dos efeitos relativísticos sobre os elétrons de valência. A estabilização dos elétrons 7s através da contração relativística reduz sua participação na ligação química, efetivamente criando uma configuração eletrônica fechada que se aproxima do comportamento de gases nobres. Essa estrutura eletrônica distingue fundamentalmente o flerovium dos homólogos mais leves onde configurações ns²np² participam ativamente de ligações covalentes.

Investigações experimentais usando cromatografia em fase gasosa revelaram surpreendentes similaridades entre flerovium e copernício em reações com superfícies de ouro. Ambos elementos exibem interações mais fracas com ouro metálico comparado a seus respectivos vizinhos grupais, sugerindo propriedades eletrônicas similares apesar de pertencerem a grupos periódicos distintos. Esse comportamento indica que o flerovium pode demonstrar características de metal nobre, potencialmente formando ligações metálicas fracas ou existindo como átomos isolados em certos ambientes químicos.

Cálculos teóricos prevêem estados de oxidação do flerovium limitados principalmente a +2 e +4, com o estado +2 estabilizado pelo efeito do par inerte relativístico nos elétrons 7s². Ao contrário dos elementos mais leves do grupo 14 onde estados +4 predominam, o flerovium pode preferir compostos divalentes similares aos sistemas de estanho(II) e chumbo(II). No entanto, a extrema instabilidade de todos isótopos conhecidos impede verificação experimental dessas previsões teóricas.

As características de ligação provavelmente envolvem interações predominantemente iônicas em compostos com elementos eletronegativos, dada a eletronegatividade relativamente baixa do flerovium comparada a não metais típicos. Ligações covalentes podem ocorrer com parceiros menos eletronegativos, embora as forças de ligação provavelmente permaneçam significativamente reduzidas comparadas a elementos mais leves do grupo do carbono devido à sobreposição orbital ineficaz e efeitos relativísticos nos orbitais de valência.

Propriedades Eletroquímicas e Termodinâmicas

As propriedades eletroquímicas do flerovium permanecem principalmente teóricas devido a limitações sintéticas e instabilidade nuclear. Potenciais de redução padrão para os pares Fl²⁺/Fl e Fl⁴⁺/Fl são estimados através de métodos computacionais, embora verificação experimental permaneça impossível com a tecnologia atual. Modelos teóricos sugerem potenciais de redução intermediários entre valores de estanho e chumbo, consistentes com tendências periódicas ajustadas para efeitos relativísticos.

Cálculos de estabilidade termodinâmica indicam que compostos de flerovium devem exibir entalpias de formação comparáveis aos compostos correspondentes de chumbo, embora valores específicos dependam criticamente do ambiente de coordenação e estado de oxidação. O efeito do par inerte estabiliza termodinamicamente compostos de flerovium divalentes, potencialmente tornando FlO e FlS mais estáveis que as espécies tetravalentes correspondentes.

A afinidade eletrônica do flerovium aproxima-se de zero ou valores levemente positivos, similar ao mercúrio, radônio e copernício. Essa característica distingue o flerovium de metais típicos e sugere limitada tendência a formar espécies aniônicas. A extremamente alta primeira energia de ionização (8,539 eV) reforça a dificuldade em oxidar o flerovium e apoia previsões de comportamento de metal nobre sob certas condições.

Compostos Químicos e Formação de Complexos

Compostos Binários e Ternários

Os compostos de flerovium previstos permanecem totalmente teóricos devido à sua natureza sintética e extrema instabilidade. Estudos computacionais sugerem que compostos binários simples devem seguir padrões do grupo 14 enquanto incorporam modificações relativísticas significativas. Sistemas de óxido de flerovium provavelmente incluem FlO e FlO₂, com o monóxido potencialmente exibindo maior estabilidade termodinâmica devido ao efeito do par inerte estabilizando o estado de oxidação Fl²⁺.

Compostos halogenados representam os candidatos mais prováveis para a química do flerovium, dada a influência estabilizadora de ligantes fluorito, clorito e outros haletos altamente eletronegativos. Previsões teóricas sugerem FlF₂ e FlF₄ como espécies plausíveis, embora o composto tetravalente possa ser menos estável que os análogos correspondentes do chumbo. Compostos de cloreto e brometo provavelmente seguem padrões similares, com espécies divalentes preferidas sobre alternativas tetravalentes.

Compostos calcogenados incluindo FlS, FlSe e FlTe devem exibir propriedades intermediárias entre os compostos correspondentes de estanho e chumbo. O grande tamanho e polarizabilidade dos calcogênios mais pesados podem estabilizar compostos de flerovium através de interações orbitais favoráveis, embora verificação experimental permaneça impossível com as capacidades atuais de síntese.

A formação de hidretos parece improvável dada a alta eletronegatividade do flerovium em relação ao hidrogênio e seu caráter nobre previsto. Quaisquer compostos flerovium-hidrogênio provavelmente demonstrariam extrema instabilidade e decomposição imediata sob condições normais, similar ao comportamento observado nos hidretos mais pesados de mercúrio e tálio.

Química de Coordenação e Compostos Organometálicos

A química de coordenação do flerovium permanece totalmente especulativa dadas as limitações experimentais atuais. Marcos teóricos sugerem que o flerovium poderia atuar como metal central em complexos de coordenação, embora números e geometrias de coordenação preferidos permaneçam incertos. O grande raio iônico e potencial para múltiplos estados de oxidação indicam possibilidades para ambientes de coordenação tetraédricos e octaédricos.

Compostos organometálicos de flerovium representam possibilidades teóricas particularmente intrigantes, dada a afinidade tradicional do grupo do carbono por ligações carbono-metal. No entanto, os extremos efeitos relativísticos e volatilidade prevista sugerem que qualquer espécie organoflerovium exibiria instabilidade excepcional. Compostos simples como FlMe₄ ou FlPh₄ permanecem como construtos hipotéticos em vez de alvos sintéticos.

A formação de complexos com ligantes quelantes comuns como etilenodiaminotetraacetato ou bipyridine poderia teoricamente estabilizar espécies de flerovium em solução. A alta razão carga-raio esperada para íons Fl²⁺ e Fl⁴⁺ deve promover fortes interações com ligantes multidentados, potencialmente permitindo investigações de química em fase líquida se isótopos mais estáveis se tornarem disponíveis.

Ocorrência Natural e Análise Isotópica

Distribuição e Abundância Geoquímica

O flerovium não possui abundância natural na Terra, existindo exclusivamente como elemento sintético produzido através de reações nucleares em instalações laboratoriais especializadas. A ausência de flerovium em materiais naturais reflete sua extrema instabilidade nuclear e a impossibilidade de formação de núcleos de flerovium através de processos nucleares naturais. Caminhos de nucleossíntese estelar não conseguem acessar as condições ricas em nêutrons necessárias para sua formação, enquanto interações de raios cósmicos carecem de energia e materiais alvo adequados.

Investigações teóricas sobre cenários de nucleossíntese primordial sugerem que isótopos de flerovium não poderiam sobreviver às condições do universo primitivo mesmo se formados através de eventos hipotéticos do processo-r. Sua posição distante do vale da estabilidade β garante decaimento radioativo rápido através de múltiplos mecanismos, impedindo acumulação em escalas geológicas. Todos os isótopos de flerovium possuem meias-vidas ordens de magnitude mais curtas que a idade da Terra, eliminando qualquer possibilidade de preservação natural.

Cálculos de abundância cósmica indicam concentrações efetivamente zero de flerovium em todo universo observável. Sua produção requer condições laboratoriais específicas envolvendo colisões de íons pesados entre espécies nucleares cuidadosamente selecionadas, processos inexistentes em ambientes estelares ou interestelares naturais. Essa origem sintética distingue o flerovium de todos elementos naturais e enfatiza seu papel exclusivo como produto de avanços em física nuclear.

Propriedades Nucleares e Composição Isotópica

Seis isótopos confirmados de flerovium abrangem números de massa de 284 a 289, com um isótopo adicional não confirmado em 290. O isótopo ²⁸⁹Fl atualmente detém a distinção de espécie confirmada mais estável com meia-vida de 1,9 ± 0,4 segundos, sofrendo predominantemente decaimento α para ²⁸⁵Cn com energia de decaimento aproximadamente 9,95 MeV. Essa meia-vida relativamente longa permite investigações químicas limitadas e representa a base para compreensão atual das propriedades do flerovium.

O isótopo ²⁸⁸Fl exibe meia-vida de 660 ± 80 milissegundos com decaimento α para ²⁸⁴Cn, enquanto ²⁸⁷Fl demonstra 360 ± 40 milissegundos de duração. Isótopos mais leves mostram meias-vidas progressivamente mais curtas: ²⁸⁶Fl (105 ± 15 ms), ²⁸⁵Fl (100 ± 30 ms) e ²⁸⁴Fl (2,5 ± 1,0 ms). Esses valores demonstram a tendência geral de maior estabilidade com números de nêutrons elevados, apoiando previsões teóricas sobre efeitos de camada de nêutrons.

O isótopo não confirmado ²⁹⁰Fl representa particular interesse científico devido a estimativas de meia-vida previstas próximas a 19 segundos, potencialmente tornando-o um dos núcleos superpesados mais estáveis atualmente acessíveis através de síntese. Se confirmado, este isótopo proporcionaria oportunidades sem precedentes para caracterização química e determinação de propriedades. Previsões teóricas adicionais sugerem que isótopos aproximando-se do número mágico N = 184 poderiam alcançar estabilidade ainda maior.

Os modos de decaimento nuclear dos isótopos de flerovium incluem predominantemente decaimento α, com algumas espécies potencialmente exibindo caminhos de captura eletrônica. Fissão espontânea ocorre como modo competitivo para vários isótopos, embora o decaimento α geralmente predomine. As razões de ramificação entre diferentes canais de decaimento fornecem importantes insights sobre estrutura nuclear e fatores de estabilidade na região de elementos superpesados.

Produção Industrial e Aplicações Tecnológicas

Métodos de Extração e Purificação

A produção de flerovium depende exclusivamente de reações de fusão de íons pesados conduzidas em instalações especializadas de aceleradores de partículas. O caminho principal de síntese envolve o bombardeamento de alvos de ²⁴⁴Pu com projéteis de ⁴⁸Ca acelerados a energias próximas a 245 MeV. Esta reação de fusão quente produz o núcleo composto ²⁹²Fl*, que subsequentemente evapora nêutrons para gerar vários isótopos de flerovium dependendo da energia de excitação e fatores estatísticos.

As seções de choque para síntese de flerovium permanecem extraordinariamente baixas, tipicamente medindo 0,5-3,0 picobarns para reações mais favoráveis. Esses valores exigem intensidades de feixe excedendo 10¹³ partículas por segundo durante períodos prolongados para produzir quantidades detectáveis. Os materiais alvo necessários, particularmente ²⁴⁴Pu, representam desafios logísticos significativos devido às suas próprias propriedades radioativas e limitada disponibilidade global.

Procedimentos de separação e identificação dependem de técnicas sofisticadas de recuo onde núcleos produtores recebem energia cinética suficiente da reação nuclear para escapar do material alvo. Separadores magnéticos com gás transportam esses recuos para arranjos de detectores capazes de medir energias de decaimento α, correlações temporais e sequências de cadeias de decaimento. Todo processo deve ocorrer em segundos devido às curtas meias-vidas do flerovium, exigindo sistemas automatizados para detecção confiável.

Métodos de purificação permanecem largamente teóricos já que o flerovium não pode ser isolado em quantidades macroscópicas. Técnicas de detecção de átomo único fornecem o único acesso atual às propriedades do flerovium, utilizando cromatografia em fase gasosa e estudos de interação com superfícies para inferir comportamento químico. Essas metodologias representam a vanguarda da análise em ultra-traços e revolucionaram investigações de química de elementos superpesados.

Aplicações Tecnológicas e Perspectivas Futuras

Aplicações atuais do flerovium permanecem limitadas à pesquisa fundamental em física nuclear e investigações teóricas em química. Sua extrema instabilidade e quantidades mínimas produzidas excluem qualquer aplicação tecnológica prática no sentido convencional. No entanto, a pesquisa com flerovium contribui significativamente para compreensão da estrutura nuclear, mecanismos de decaimento e periodicidade química nos elementos mais pesados.

Aplicações futuras podem surgir se isótopos de flerovium com meias-vidas substancialmente mais longas tornarem-se acessíveis através de técnicas aprimoradas de síntese ou descoberta de espécies previamente desconhecidas. Modelos teóricos sugerem que isótopos aproximando-se dos números mágicos previstos poderiam alcançar meias-vidas variando de minutos a potencialmente anos, abrindo possibilidades para estudos químicos macroscópicos e caracterização abrangente de propriedades.

Aplicações científicas abrangem testes de teorias fundamentais de estrutura nuclear, mecânica quântica e ligação química em regimes extremos. Estudos com flerovium fornecem benchmarks críticos para cálculos de química quântica relativística e previsões do modelo de camada nuclear. Essas investigações avançam na compreensão aplicável a processos astrofísicos, projeto de reatores nucleares e desenvolvimento de materiais novos com propriedades ajustadas.

Considerações econômicas para o flerovium permanecem largamente acadêmicas dadas as limitações atuais de produção. Os recursos necessários para síntese excedem amplamente qualquer valor comercial concebível, mantendo o flerovium como empreendimento puramente de pesquisa. No entanto, desenvolvimentos tecnológicos em eficiência de aceleradores de partículas e preparação de alvos poderiam potencialmente reduzir custos de produção se aplicações práticas surgirem para isótopos mais estáveis.

Desenvolvimento Histórico e Descoberta

A busca pelo elemento 114 iniciou-se no final dos anos 1960 após previsões teóricas por físicos nucleares incluindo Heiner Meldner, que calcularam que um núcleo duplamente mágico com 114 prótons e 184 nêutrons deveria exibir estabilidade excepcional. Essas previsões surgiram do modelo de camada nuclear, sugerindo que elementos superpesados poderiam existir em uma "ilha de estabilidade" além da série dos actinídeos conhecidos. Tentativas iniciais em 1968 usando reações de ²⁴⁸Cm + ⁴⁰Ar falharam em produzir átomos de flerovium detectáveis, embora a insuficiente riqueza em nêutrons nos produtos provavelmente tenha contribuído para resultados negativos.

Realizações marcantes ocorreram no Joint Institute for Nuclear Research em Dubna, Rússia, a partir de atualizações de equipamentos concluídas em 1998. A equipe de Yuri Oganessian empregou sistemas de detecção aprimorados e maiores intensidades de feixe para reexaminar o caminho reacional ²⁴⁴Pu + ⁴⁸Ca. Em dezembro de 1998, o primeiro átomo de flerovium foi detectado com tempo de decaimento de 30,4 segundos e energia de decaimento α de 9,71 MeV, embora experimentos subsequentes tenham falhado em reproduzir exatamente esta assinatura.

Investigações sistemáticas de 1999-2004 estabeleceram síntese reprodutível de múltiplos isótopos de flerovium através de combinações projétil-alvo variadas. A equipe confirmou os isótopos ²⁸⁹Fl, ²⁸⁸Fl e ²⁸⁷Fl com propriedades de decaimento bem caracterizadas. Confirmação independente veio do Lawrence Berkeley National Laboratory em 2009, consolidando a posição do flerovium como legítima adição à tabela periódica.

O reconhecimento internacional seguiu processos extensos de revisão por pares, com a União Internacional de Química Pura e Aplicada reconhecendo oficialmente a descoberta em 2011. O nome proposto "flerovium" homenageou o Laboratório Flerov de Reações Nucleares e o físico Georgy Flyorov, reconhecendo suas contribuições fundamentais à pesquisa de elementos superpesados. A IUPAC adotou formalmente o nome e símbolo Fl em 30 de maio de 2012, completando a integração do flerovium à tabela periódica.

Pesquisas subsequentes têm se concentrado na caracterização química através de experimentos com átomo único e investigações teóricas sobre isótopos mais estáveis. Estudos químicos conduzidos entre 2007-2008 revelaram volatilidade inesperada, desafiando fundamentalmente previsões baseadas em extrapolação periódica simples. Essas descobertas continuam influenciando modelos teóricos da química de elementos superpesados e estabilidade nuclear nos artificiais mais pesados.

Conclusão

O flerovium representa uma conquista notável na química sintética e física nuclear, encarnando a exploração bem-sucedida dos limites fundamentais da matéria. Como membro mais pesado confirmado do grupo do carbono, o flerovium desafia compreensão convencional da periodicidade química e demonstra profunda influência dos efeitos relativísticos sobre propriedades atômicas. Sua volatilidade inesperada e natureza potencial gasosa estabelecem-no como uma ponte única entre comportamento metálico tradicional e propriedades exóticas emergentes em elementos superpesados.

Investigações atuais sobre as propriedades químicas do flerovium continuam revelando desvios surpreendentes de previsões teóricas, particularmente quanto a suas interações com superfícies metálicas e caráter nobre aparente. Essas descobertas exigem revisões fundamentais de modelos de comportamento químico na região superpesada e destacam a inadequação de extrapolação periódica simples para elementos além dos actinídeos. Direções futuras de pesquisa concentram-se em acessar isótopos mais estáveis aproximando-se dos números mágicos previstos, potencialmente viabilizando estudos de química macroscópica e caracterização abrangente de propriedades.

A síntese e investigação do flerovium exemplificam a capacidade humana de estender os limites dos elementos naturais e explorar regiões previamente inacessíveis de estabilidade nuclear. À medida que modelos teóricos evoluem e técnicas experimentais avançam, o flerovium pode transitar de curiosidade da física nuclear para plataforma de investigação de estados exóticos da matéria e fenômenos químicos novos nas extremidades da tabela periódica.

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