Elemento | |
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115McMoscóvio2902
8 18 32 32 18 5 |
Propriedades básicas | |
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Número atômico | 115 |
Massa atômica | 290 amu |
Família de elementos | Outros metais |
Período | 7 |
Grupo | 15 |
Bloquear | p-block |
Ano de descoberta | 2003 |
Distribuição de isótopos |
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Nenhum |
Propriedades físicas | |
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Densidade | 13.5 g/cm3 (STP) |
(H) 8.988E-5 Meitnério (Mt) 28 |
Propriedades químicas |
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Raio atômico |
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Propriedades eletrônicas | |
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Elétrons por camada | 2, 8, 18, 32, 32, 18, 5 |
Configuração eletrônica | [Rn] 5f14 |
Modelo de átomo de Bohr
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Diagrama de caixa orbital
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Elétrons de valência | 5 |
Estrutura de pontos de Lewis |
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Visualização Orbital | |
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Elétrons | - |
Moscovium (Mc): Elemento da Tabela Periódica
Resumo
O Moscovium, um elemento superpesado sintético com número atômico 115 e símbolo químico Mc, representa uma das adições mais recentes confirmadas à tabela periódica. Primeiramente sintetizado em 2003 por meio de reações de fusão quente no Instituto Conjunto para Pesquisa Nuclear, o moscovium exibe radioatividade extrema, com o isótopo mais estável conhecido, 290Mc, possuindo meia-vida de aproximadamente 0,65 segundos. O elemento ocupa o grupo 15 no sétimo período, sendo o pnictogênio mais pesado conhecido. Previsões teóricas indicam efeitos relativísticos significativos que distinguem as propriedades químicas do moscovium de seus homólogos mais leves, com estados de oxidação predominantes de +1 e +3. O elemento demonstra configurações eletrônicas únicas decorrentes do acoplamento spin-órbita, resultando em uma estrutura de valência 7s27p1/227p3/21 que influencia seu caráter metálico previsto e reatividade química.
Introdução
O Moscovium ocupa posição crítica na série transactinídica, servindo como membro terminal do grupo 15 e fornecendo insights sobre a química dos elementos superpesados. Localizado no período 7 da tabela periódica, o elemento possui número atômico 115, posicionando-se firmemente no bloco p dos elementos superpesados. Seu descobrimento representa marco significativo na extensão da tabela periódica além dos elementos naturalmente existentes, demonstrando as capacidades das técnicas modernas de síntese nuclear. A síntese do elemento por bombardeamento de alvos de amerício-243 com íons de cálcio-48 acelerados exemplifica metodologias de fusão quente empregadas na pesquisa de elementos superpesados. A posição do moscovium na interseção entre física nuclear e química oferece oportunidades únicas para investigar a influência dos efeitos relativísticos sobre ligações químicas e estrutura eletrônica, especialmente no contexto da teoria da ilha de estabilidade, que prevê maior estabilidade nuclear para isótopos ricos em nêutrons específicos.
Propriedades Físicas e Estrutura Atômica
Parâmetros Atômicos Fundamentais
O Moscovium exibe número atômico 115 com configuração eletrônica prevista de [Rn] 5f14 6d10 7s2 7p3. Contudo, efeitos significativos de acoplamento spin-órbita exigem descrição mais precisa como [Rn] 5f14 6d10 7s2 7p1/22 7p3/21, refletindo a divisão do subnível 7p. A carga nuclear efetiva experimentada pelos elétrons de valência atinge aproximadamente 115 unidades, embora blindagem substancial pelas camadas eletrônicas internas reduza a carga real sentida pelos elétrons externos. O raio atômico previsto é de aproximadamente 1,9 Å, enquanto os raios iônicos são estimados em 1,5 Å para Mc+ e 1,0 Å para Mc3+. O primeiro potencial de ionização é calculado em 5,58 eV, continuando a tendência de redução dos potenciais de ionização no grupo 15. Esses efeitos relativísticos resultam em elétrons 7s mais fortemente ligados do que previsões não relativísticas indicariam, contribuindo para o efeito do par inerte característico de elementos pesados do bloco p.
Características Físicas Macroscópicas
Previsões teóricas indicam que o moscovium exibirá propriedades metálicas com ponto de fusão previsto em torno de 400°C e ponto de ebulição próximo a 1100°C. A densidade do elemento é estimada em aproximadamente 13,5 g/cm3, refletindo sua massa atômica elevada de cerca de 290 unidades de massa atômica. Previsões de estrutura cristalina sugerem arranjo cúbico de face centrada, consistente com outros elementos metálicos pesados. O caráter metálico surge da deslocalização do único elétron 7p3/2 no estado sólido, criando redes de ligação metálica. A capacidade térmica específica é estimada em 0,13 J/(g·K), enquanto a condutividade térmica é prevista como moderada devido à presença de elétrons móveis. A extrema radioatividade do elemento impede verificação experimental dessas propriedades, pois as amostras sofrem decaimento alfa rápido antes de atingir equilíbrio térmico com o ambiente.
Propriedades Químicas e Reatividade
Estrutura Eletrônica e Comportamento de Ligação
O comportamento químico do moscovium é dominado por efeitos relativísticos que dividem o subnível 7p em componentes 7p1/2 e 7p3/2. Os elétrons 7p1/2 são relativisticamente estabilizados e comportam-se como um par inerte, enquanto o único elétron 7p3/2 participa prontamente de ligações químicas. Essa configuração eletrônica favorece o estado de oxidação +1, análogo ao tálio, em vez do estado +5 típico dos pnictogênios mais leves. O estado de oxidação +3 permanece acessível através da remoção dos três elétrons 7p, embora o par 7s2 permaneça inerte devido à estabilização relativística. A formação de ligações envolve principalmente o orbital 7p3/2, resultando em ligações mais fracas comparadas aos congêneres mais leves. A eletronegatividade na escala Pauling é estimada em 1,9, posicionando o moscovium entre os elementos menos eletronegativos. A polarizabilidade dos íons Mc+ é prevista excepcionalmente alta devido ao fácil deformação do par eletrônico 7p1/2, influenciando química de coordenação e formação de complexos.
Propriedades Eletroquímicas e Termodinâmicas
Estudos eletroquímicos prevêem potencial de redução padrão de −1,5 V para o par Mc+/Mc, indicando caráter metálico reativo do moscovium. As energias sucessivas de ionização demonstram aumento na dificuldade de remoção de elétrons, com primeira energia de ionização em 5,58 eV, segunda energia estimada em 11,8 eV e terceira energia alcançando 25,3 eV. A afinidade eletrônica é prevista em aproximadamente 0,9 eV, sugerindo capacidade moderada de aceitar elétrons. A estabilidade termodinâmica dos compostos de moscovium segue padrões estabelecidos por cálculos químicos quânticos relativísticos, com fluoretos e óxidos sendo os compostos mais estáveis. A posição do elemento em relação à linha de estabilidade beta afeta a energia de ligação nuclear, com isótopos ricos em nêutrons exibindo maior estabilidade. Entalpias padrão de formação para compostos previstos incluem McF (−523 kJ/mol) e McO (−234 kJ/mol), indicando termodinâmica favorável para compostos binários simples.
Compostos Químicos e Formação de Complexos
Compostos Binários e Ternários
O Moscovium é previsto formar compostos binários principalmente nos estados de oxidação +1 e +3. O fluoreto monobásico (McF) e o trifluoreto (McF3) representam os compostos halogenados mais estáveis, com comprimentos de ligação de 2,07 Å e 1,89 Å, respectivamente. O monocloreto (McCl), monobrometo (McBr) e monoiodeto (McI) exibem caráter iônico crescente na série de halogênios, com energias de rede estimadas em 715, 678 e 625 kJ/mol, respectivamente. A formação de óxidos produz monóxido (McO) e sesquióxido (Mc2O3), sendo este último mais termodinamicamente estável. Compostos sulfetados incluem monossulfeto (McS) e trissulfeto (McS3), exibindo estruturas cristalinas camadas típicas de sulfetos metálicos pesados. A formação de nitretos produz mononitreto (McN) com estrutura de sal marinho, embora a síntese exigiria condições extremas devido à inércia química do nitrogênio.
Química de Coordenação e Compostos Organometálicos
Complexos de coordenação do moscovium exibem geometrias únicas ditadas por sua configuração eletrônica. O íon Mc+ forma predominantemente complexos tetra-coordenados com ligantes como éteres coroa, com o par solitário 7p1/2 causando leves distorções da geometria tetraédrica ideal. Complexos Mc3+ adotam arranjos octaédricos hexacoordenados, similares aos do bismuto, mas com ligações metal-ligante mais longas devido aos efeitos relativísticos. A química organometálica permanece altamente teórica, com previsões para o moscovino (McH3) indicando estrutura piramidal trigonal com comprimento de ligação Mc-H de 195,4 pm e ângulos H-Mc-H de 91,8°. Derivados arílicos e alquílicos exibiriam ligações Mc-C fracas devido à limitada sobreposição entre os orbitais difusos do moscovium e os orbitais sp3 compactos do carbono. Complexos ciclopentadienil da forma (C5H5)nMc poderiam ser acessíveis, embora sua estabilidade seja comprometida pelo decaimento radioativo do elemento.
Ocorrência Natural e Análise Isotópica
Distribuição Geoquímica e Abundância
O Moscovium não ocorre naturalmente em quantidades detectáveis devido à sua extrema radioatividade e curtas meias-vidas de todos os isótopos conhecidos. Sua abundância crustal é efetivamente zero, pois qualquer moscovium primordial teria decaído completamente em escalas temporais geológicas. Cálculos teóricos sugerem que elementos superpesados como o moscovium poderiam ser produzidos em quantidades traço durante nucleossíntese explosiva em supernovas ou fusão de estrelas de nêutrons, mas decairiam antes de se incorporar a materiais planetários. O caminho de nucleossíntese do processo-r poderia potencialmente produzir isótopos ricos em nêutrons, porém estes sofreriam decaimento beta ou alfa rápido antes de alcançar estabilidade. As concentrações ambientais permanecem no nível de átomos isolados e restritas a ambientes laboratoriais onde ocorre síntese artificial. A natureza sintética do elemento exige produção em instalações de aceleradores de partículas, com produção mundial total medida em átomos individuais, não em quantidades macroscópicas.
Propriedades Nucleares e Composição Isotópica
Os isótopos do moscovium variam de números de massa 286 a 290, com 290Mc sendo o isótopo mais estável conhecido, possuindo meia-vida de 0,65 segundos. Todos os isótopos de moscovium sofrem decaimento alfa, produzindo nihônio como produto de decaimento que continua a cadeia radioativa em direção a elementos mais estáveis. O isótopo 288Mc exibe meia-vida de 0,13 segundos, enquanto 287Mc e 289Mc demonstram meias-vidas de 0,10 e 0,22 segundos, respectivamente. Estados de spin nuclear variam entre isótopos, com 290Mc previsto possuir spin nuclear 9/2- com base em cálculos teóricos da estrutura nuclear. As energias das partículas alfa variam de 10,4 a 10,8 MeV, consistentes com previsões para decaimento de elementos superpesados. A seção transversal de captura de nêutrons para isótopos de moscovium é prevista em aproximadamente 2,5 barns, embora verificação experimental permaneça impossível devido à sua vida curta. Esforços futuros visam produzir o isótopo previsto 291Mc, cujos modelos teóricos sugerem estabilidade aumentada pela proximidade com o fechamento da camada nuclear N=184.
Produção Industrial e Aplicações Tecnológicas
Metodologias de Extração e Purificação
A síntese do moscovium depende exclusivamente de reações nucleares de fusão quente, especificamente o bombardeamento de alvos de amerício-243 com íons acelerados de cálcio-48. A produção ocorre em instalações especializadas como o Instituto Conjunto para Pesquisa Nuclear na Rússia e o GSI Helmholtzzentrum für Schwerionenforschung na Alemanha. A reação de síntese 243Am + 48Ca → 288Mc + 3n prossegue com seção transversal extremamente baixa de aproximadamente 3,7 picobarns, exigindo correntes intensas de cálcio-48 por períodos prolongados. A preparação do alvo envolve eletrodeposição de camadas finas de amerício sobre folhas de titânio, com espessura otimizada para maximizar o rendimento do produto enquanto minimiza perda de energia do feixe. A identificação do produto utiliza espectroscopia alfa após separação eletromagnética, com cadeias de decaimento fornecendo evidência confirmatória da produção de moscovium. Métodos de purificação permanecem teóricos devido ao decaimento imediato do elemento, embora técnicas rápidas de separação química tenham sido propostas para estudos futuros de isótopos com meias-vidas mais longas. As taxas de produção geralmente geram menos de dez átomos de moscovium por semana de bombardeamento contínuo, destacando a dificuldade extraordinária na síntese de elementos superpesados.
Aplicações Tecnológicas e Perspectivas Futuras
As aplicações atuais do moscovium limitam-se à pesquisa fundamental em física nuclear, especialmente investigações sobre propriedades de decaimento de elementos superpesados e estrutura nuclear próxima à ilha de estabilidade prevista. O elemento serve como referência importante para modelos teóricos de estabilidade nuclear e fornece insights sobre os limites da existência nuclear. Perspectivas futuras incluem potenciais aplicações em perícia nuclear, onde assinaturas únicas de decaimento poderiam permitir detecção de atividades nucleares clandestinas. Aplicações em materiais avançados permanecem especulativas, mas poderiam surgir se isótopos com meias-vidas mais longas tornarem-se acessíveis, especialmente para componentes eletrônicos especializados que exijam propriedades eletrônicas únicas. Sua posição no grupo 15 sugere aplicações potenciais em semicondutores, embora implementação prática exija isótopos com meias-vidas superiores a microssegundos. As aplicações em pesquisa continuam focadas no entendimento dos efeitos relativísticos em ligações químicas, com o moscovium servindo como caso de teste para modelos químicos quânticos avançados. Sua relevância econômica é mínima devido aos custos de produção superiores a milhões de dólares por átomo, embora seu valor científico na expansão do conhecimento da tabela periódica justifique investimento contínuo em pesquisas.
Desenvolvimento Histórico e Descobrimento
O descobrimento do moscovium seguiu décadas de exploração sistemática da região dos elementos superpesados, iniciando com previsões teóricas dos anos 1960 sobre a ilha de estabilidade. O elemento foi sintetizado pela primeira vez em agosto de 2003 por equipe colaborativa liderada por Yuri Oganessian no Instituto Conjunto para Pesquisa Nuclear em Dubna, Rússia, em parceria com cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Livermore. Experimentos iniciais utilizaram a reação de fusão 243Am(Ca-48, 3-4n)287-288Mc, produzindo quatro átomos de moscovium que sofreram decaimento alfa para nihônio em aproximadamente 100 milissegundos. A confirmação exigiu análise extensiva das cadeias de decaimento e identificação química dos produtos filhos, especialmente isótopos de dúbnio formados através de decaimentos alfa sucessivos. O reconhecimento pela União Internacional de Química Pura e Aplicada ocorreu em dezembro de 2015, após rigorosa avaliação das evidências experimentais e confirmação independente por equipes da Universidade de Lund e do GSI. O processo de nomeação prestigiou a região de Moscou onde o laboratório de Dubna está localizado, seguindo a tradição de reconhecer regiões geográficas associadas à descoberta de elementos. A atribuição de prioridade à colaboração Dubna-Livermore estabeleceu seu direito de propor o nome definitivo, optando por moscovium para refletir as origens russas do elemento.
Conclusão
O Moscovium representa conquista notável na síntese de elementos superpesados e fornece insights cruciais sobre o comportamento da matéria nos extremos da estabilidade nuclear e química. Sua posição única como pnictogênio mais pesado conhecido demonstra a validade contínua das tendências periódicas, revelando simultaneamente a profunda influência dos efeitos relativísticos sobre propriedades químicas. As direções futuras de pesquisa concentram-se na síntese de isótopos com meias-vidas mais longas que possam permitir investigações químicas diretas, potencialmente revelando propriedades inesperadas decorrentes da interação entre estrutura nuclear e configuração eletrônica. A contribuição do moscovium para o entendimento da ilha de estabilidade continua orientando previsões teóricas e estratégias experimentais para acesso a elementos ainda mais pesados, expandindo os limites do conhecimento científico em direção aos limites últimos da existência da matéria.

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