Elemento | |
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16SEnxofre32.06552
8 6 |
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Propriedades básicas | |
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Número atômico | 16 |
Massa atômica | 32.0655 amu |
Família de elementos | Não-metais |
Período | 3 |
Grupo | 16 |
Bloquear | p-block |
Ano de descoberta | 2000 BC |
Distribuição de isótopos |
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32S 95.02% 33S 0.75% 34S 4.21% 36S 0.02% |
32S (95.02%) 33S (0.75%) 34S (4.21%) |
Propriedades físicas | |
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Densidade | 2.067 g/cm3 (STP) |
(H) 8.988E-5 Meitnério (Mt) 28 | |
Fusão | 115.36 °C |
Hélio (He) -272.2 Carbono (C) 3675 | |
Ebulição | 444.7 °C |
Hélio (He) -268.9 Tungstênio (W) 5927 |
Propriedades químicas | |
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Estados de oxidação (menos comum) | -2, +2, +4, +6 (-1, 0, +1, +3, +5) |
Potencial da primeira ionização | 10.360 eV |
Césio (Cs) 3.894 Hélio (He) 24.587 | |
Afinidade eletrônica | 2.077 eV |
Nobélio (No) -2.33 (Cl) 3.612725 | |
Eletro-negatividade | 2.58 |
Césio (Cs) 0.79 (F) 3.98 |
Raio atômico | |
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Raio covalente | 1.03 Å |
(H) 0.32 Francium (Fr) 2.6 | |
Van der Waals raio | 1.8 Å |
(H) 1.2 Francium (Fr) 3.48 | |
Compostos | ||
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Fórmula | Nome | Estado de oxidação |
H2S | Sulfano | -2 |
CS2 | Dissulfeto de carbono | -2 |
PbS2 | Sulfeto de chumbo (IV) | -1 |
CuS | Sulfeto de cobre (II) | -1,-2 |
S2Cl2 | Dicloreto de dissulfureto | +1 |
S2Br2 | Dibrometo de dissulfureto | +1 |
S4N4 | Tetranitreto de tetraenxofre | +2 |
S2N2 | Dinitreto de dissulfureto | +2 |
SO2 | Dióxido de enxofre | +4 |
H2SO3 | Ácido sulfuroso | +4 |
S2F10 | Decafluoreto de dissulfureto | +5 |
H2SO4 | Ácido sulfúrico | +6 |
Propriedades eletrônicas | |
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Elétrons por camada | 2, 8, 6 |
Configuração eletrônica | [Ne] 3s2 |
Modelo de átomo de Bohr
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Diagrama de caixa orbital
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Elétrons de valência | 6 |
Estrutura de pontos de Lewis |
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Visualização Orbital | |
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Elétrons | - |
Enxofre (S): Elemento da Tabela Periódica
Resumo
O enxofre, décimo sexto elemento da tabela periódica com símbolo S e massa atômica 32,06 ± 0,02 u, apresenta versatilidade química excepcional por meio de diversos estados de oxidação que variam de -2 a +6. Este elemento não metálico demonstra diversidade estrutural notável em suas formas alotrópicas, sendo o octaenxofre a forma termodinamicamente estável sob condições padrão. Sua configuração eletrônica distintiva [Ne]3s²3p⁴ permite extensivas capacidades de ligação covalente, especialmente na formação de cadeias e anéis de enxofre-enxofre. O elemento é fundamental na química industrial, com aproximadamente 85% da produção global de enxofre dedicada à fabricação de ácido sulfúrico. Compostos de enxofre possuem significância extraordinária em sistemas biológicos, particularmente por meio dos aminoácidos cisteína e metionina que fornecem integridade estrutural através de ligações dissulfeto. O elemento demonstra ocorrência geoquímica extensa tanto em forma nativa quanto combinada, aparecendo em minerais sulfetos e sulfatos ao longo da crosta terrestre.
Introdução
O enxofre ocupa a posição 16 na tabela periódica, situando-se no Grupo 16 (calcogênios) e Período 3. Esta localização reflete sua estrutura eletrônica fundamental e explica seus padrões químicos distintivos observados na química dos calcogênios. Sua importância transcende o interesse acadêmico, representando um dos não metais mais importantes na tecnologia moderna. Sua posição única deriva de sua capacidade de formar compostos estáveis em uma ampla variedade de estados de oxidação, superada por poucos elementos, combinada com sua propensão à catenação comparável à do carbono em complexidade. Seu uso precede a história registrada, com civilizações da antiga China ao Egito utilizando compostos de enxofre para aplicações em metalurgia, medicina e guerra. A química moderna do enxofre abrange campos diversos como refino de petróleo e tecnologias avançadas de baterias, estabelecendo seu papel essencial em processos industriais contemporâneos.
Propriedades Físicas e Estrutura Atômica
Parâmetros Atômicos Fundamentais
O enxofre possui número atômico 16 com configuração eletrônica [Ne]3s²3p⁴, posicionando quatro elétrons nos orbitais p externos. O átomo exibe raio covalente de aproximadamente 1,05 Å e raio iônico de 1,84 Å para o íon S²⁻. As energias sucessivas de ionização demonstram a estabilidade do núcleo de gás nobre, com a segunda energia de ionização medindo 2.252 kJ/mol e a sexta alcançando 8.495,8 kJ/mol. A carga nuclear efetiva experimentada pelos elétrons de valência resulta em valores moderados de eletronegatividade, permitindo ao enxofre formar ligações iônicas e covalentes dependendo do ambiente químico. Dados de afinidade eletrônica indicam a propensão do enxofre a aceitar elétrons, especialmente na formação de íons sulfeto, onde o elemento atinge a configuração estável de gás nobre do argônio.
Características Físicas Macroscópicas
O enxofre elementar manifesta-se como sólidos cristalinos brilhantes sob condições padrão, exibindo múltiplas formas alotrópicas com o octaenxofre (ciclo-S₈) representando a estrutura termodinamicamente favorecida. O elemento demonstra ponto de fusão preciso de 115,21°C, embora este valor varie entre 114,6°C e 120,4°C dependendo das condições de aquecimento e composição alotrópica. A ebulição ocorre a 444,6°C sob pressão atmosférica. As medidas de densidade variam conforme a forma alotrópica, mas normalmente aproximam-se de 2,0 g/cm³ para modificações cristalinas. O elemento passa por transições de fase distintas, incluindo transformação do α-octaenxofre para β-polimorfo a 95,2°C. O enxofre fundido exibe mudanças notáveis na viscosidade dependentes da temperatura, tornando-se vermelho escuro acima de 200°C devido à formação de cadeias poliméricas. Sublimação ocorre facilmente entre 20-50°C e se torna pronunciada em água fervente a 100°C, contribuindo para o odor característico do enxofre em regiões vulcânicas.
Propriedades Químicas e Reatividade
Configuração Eletrônica e Comportamento de Ligação
A configuração eletrônica do enxofre facilita versatilidade de ligação extraordinária por meio de seus orbitais 3p parcialmente preenchidos e orbitais 3d acessíveis para formação de octeto expandido. O elemento demonstra estados de oxidação de -2 até +6, com configurações particularmente estáveis em -2, +4 e +6 correspondendo a orbitais d preenchidos, semi-preenchidos e vazios, respectivamente. Ligações covalentes predominam em compostos de enxofre, caracterizadas por interações simples, duplas e covalentes coordenadas. O elemento exibe propriedades excepcionais de catenação, formando cadeias e anéis através de ligações S-S com energia típica de 266 kJ/mol. Padrões de hibridização incluem sp³ em íons sulfato tetraédricos, sp³d no tetrafluoreto de enxofre e sp³d² no hexafluoreto de enxofre, demonstrando sua capacidade de acomodar diversas geometrias através da participação dos orbitais d. Os comprimentos de ligação variam sistematicamente com o estado de oxidação, variando de 2,05 Å em anéis S₈ até distâncias menores em espécies com ligações múltiplas.
Propriedades Eletroquímicas e Termodinâmicas
O enxofre exibe valores de eletronegatividade de 2,58 na escala de Pauling, posicionando-o entre o fósforo e o cloro na tabela periódica. Potenciais padrão de redução revelam a favorabilidade termodinâmica de diversas espécies de enxofre, com o par S/S²⁻ mostrando -0,48 V e refletindo seu caráter moderadamente oxidante em soluções neutras. Suas energias sucessivas de ionização demonstram dificuldade crescente na remoção de elétrons, com a quarta energia de ionização de 4.556 kJ/mol indicando a estabilidade do cátion S⁴⁺ em ambientes fortemente oxidantes. Medidas de afinidade eletrônica confirmam sua capacidade de acomodar elétrons adicionais, especialmente na formação de ânions polissulfeto. Cálculos de estabilidade termodinâmica indicam que o dióxido e trióxido de enxofre representam produtos de oxidação altamente estáveis, com entalpias de formação de -296,8 kJ/mol e -395,7 kJ/mol respectivamente, explicando seu comportamento de combustão e utilidade industrial na produção de ácidos.
Compostos Químicos e Formação de Complexos
Compostos Binários e Ternários
O enxofre forma compostos binários extensos em múltiplas categorias, incluindo sulfetos metálicos, sulfetos não metálicos e compostos com oxigênio. Sulfetos metálicos exibem caráter predominantemente iônico com elementos altamente eletropositivos, enquanto compostos com metaloides e não metais mostram caráter covalente crescente. A pirita de ferro (FeS₂) exemplifica estruturas sulfeto complexas contendo unidades S₂²⁻, enquanto a blenda (ZnS) demonstra coordenação tetraédrica típica de semicondutores II-VI. Óxidos de enxofre representam compostos binários particularmente importantes, com o dióxido de enxofre (SO₂) exibindo geometria angular consistente com previsões da teoria VSEPR para quatro pares de elétrons. O trióxido de enxofre (SO₃) ocorre tanto em forma monomérica plana trigonal quanto em modificações poliméricas. O sulfeto de hidrogênio (H₂S) demonstra ligação covalente típica com ângulos de 92,1°, significativamente menores que o tetraédrico devido aos efeitos de repulsão de pares isolados. Compostos ternários incluem ácido sulfúrico (H₂SO₄), representando um dos produtos químicos mais importantes globalmente, e sulfatos metálicos exibindo coordenação do íon sulfato tetraédrico.
Química de Coordenação e Compostos Organometálicos
O enxofre atua como ligante versátil em complexos de coordenação, demonstrando capacidades de σ-doador e π-aceptor dependendo do estado de oxidação e ambiente molecular. O dióxido de enxofre coordena-se a metais de transição através dos átomos de enxofre e oxigênio, formando isômeros de ligação com assinaturas espectroscópicas distintas. Complexos polissulfeto exibem modos de coordenação extensos, incluindo terminais, ponteantes e quelantes que estabilizam estados de oxidação metálicos incomuns. Compostos organossulfurados abrangem tipos estruturais diversos, incluindo tióis, tioéteres e tioésteres, com energias de ligação carbono-enxofre tipicamente medindo 272 kJ/mol para ligações simples C-S. Compostos heterocíclicos aromáticos como o tiofeno demonstram característica aromática através da deslocalização π de elétrons envolvendo orbitais 3p do enxofre. Complexos metálicos de ligantes organossulfurados exibem propriedades catalíticas únicas, especialmente em processos de refino de petróleo onde a coordenação do enxofre facilita reações seletivas de hidrodesulfurização.
Ocorrência Natural e Análise Isotópica
Distribuição Geoquímica e Abundância
O enxofre representa o décimo elemento mais abundante por massa no universo e ocupa o quinto lugar na Terra, com abundância crustal aproximada de 350 ppm em peso. Sua distribuição geoquímica reflete afinidade por comportamento litófilo e calcófilo, ocorrendo em depósitos de sulfetos, formações evaporíticas e emissões vulcânicas. Depósitos nativos ocorrem principalmente em ambientes sedimentares, especialmente associados a domos salinos e formações calcárias onde redução bacteriana de minerais sulfato produz acúmulos elementares. Principais minerais sulfeto incluem pirita (FeS₂), galena (PbS), esfalerita (ZnS) e calcopirita (CuFeS₂), representando fontes significativas de metais básicos. Minerais sulfato como gipsita (CaSO₄·2H₂O) e anidrita (CaSO₄) formam sequências evaporíticas extensas refletindo ambientes marinhos antigos. Regiões vulcânicas exibem concentrações elevadas por meio de processos de degasificação, com emissões de dióxido de enxofre e sulfeto de hidrogênio indicando mobilização subsuperficial do elemento.
Propriedades Nucleares e Composição Isotópica
O enxofre possui quatro isótopos estáveis entre 23 nuclídeos conhecidos, com o ³²S constituindo 94,99 ± 0,26% de sua abundância natural. Isótopos secundários incluem ³⁴S com 4,25 ± 0,24%, ³³S com 0,75 ± 0,02% e ³⁶S com 0,01 ± 0,01%, refletindo processos nucleossintéticos em ambientes estelares. O isótopo predominante ³²S exibe spin nuclear zero, enquanto o ³³S possui spin 3/2 permitindo aplicações em espectroscopia de RMN. Isótopos radioativos demonstram meias-vidas variadas, com o ³⁵S exibindo a mais longa meia-vida de 87 dias e servindo como traçador valioso em pesquisas bioquímicas. Outros isótopos radioativos possuem meias-vidas geralmente inferiores a três horas, limitando suas aplicações práticas. Fracionamento isotópico ocorre durante processos naturais, especialmente no ciclo biológico do enxofre onde efeitos cinéticos favorecem isótopos leves nas reações enzimáticas. Análise espectrométrica de massas das razões isotópicas do enxofre fornece informações valiosas para estudos ambientais, incluindo identificação de fontes de poluição e reconstrução paleoambiental.
Produção Industrial e Aplicações Tecnológicas
Métodos de Extração e Purificação
A produção moderna de enxofre depende predominantemente do processamento de petróleo e gás natural, respondendo por aproximadamente 90% do suprimento global através de reações de hidrodesulfurização que removem compostos de enxofre de combustíveis fósseis. O processo Claus representa o método principal de recuperação, convertendo sulfeto de hidrogênio em enxofre elementar através de oxidação parcial controlada a temperaturas entre 1000-1400°C, seguida por estágios catalíticos operando a 200-300°C sobre catalisadores de alumina. A mineração tradicional de depósitos nativos emprega o processo Frasch, utilizando injeção de água superaquecida a 160°C para derreter o enxofre subterrâneo, que é então recuperado através de sistemas pneumáticos. A eficiência de produção alcança taxas de recuperação de 95-98% sob condições ideais. Técnicas de purificação incluem destilação fracionada para remoção de impurezas orgânicas e métodos de cristalização para obter pureza grau analítico. A produção global de enxofre excede 70 milhões de toneladas anuais, com principais regiões produtoras incluindo Oriente Médio, Rússia e América do Norte, onde operações de refino concentram a infraestrutura de recuperação.
Aplicações Tecnológicas e Perspectivas Futuras
A produção de ácido sulfúrico representa a aplicação dominante, consumindo 85% da produção global de enxofre, com o processo de contato utilizando oxidação de dióxido de enxofre sobre catalisadores de pentóxido de vanádio a 400-500°C para alcançar eficiência de conversão de 99,5%. A fabricação de fertilizantes responde por aproximadamente 60% do consumo de ácido sulfúrico, principalmente na produção de ácido fosfórico através da digestão de rocha fosfática. Aplicações em refino de petróleo incluem catalise de alquilação e processamento metalúrgico para extração e purificação de metais. Tecnologias emergentes focam no desenvolvimento de baterias de lítio-enxofre, onde cátodos de enxofre oferecem capacidades específicas teóricas de 1675 mAh/g, representando vantagens significativas sobre sistemas convencionais de íon-lítio. A vulcanização da borracha utiliza a reticulação com enxofre para melhorar propriedades mecânicas e estabilidade térmica. Aplicações em síntese química abrangem produção de intermediários farmacêuticos e fabricação de polímeros. Aplicações ambientais incluem sistemas de dessulfurização de gases de combustão e tratamento de águas residuais. Perspectivas futuras enfatizam utilização sustentável do enxofre em sistemas de armazenamento de energia renovável e desenvolvimento de materiais avançados, particularmente em tecnologias de baterias de alta capacidade e aplicações poliméricas especializadas.
Desenvolvimento Histórico e Descoberta
A utilização do enxofre precede a história registrada, com evidências arqueológicas indicando aplicações em civilizações antigas da Índia, Grécia, China e Egito datando mais de 6000 anos. Alquimistas chineses reconheceram o enxofre como shiliuhuang no século VI a.C., incorporando-o a formulações de pólvora junto com carvão e nitrato de potássio em 1044 d.C. Civilizações grega e romana utilizavam o enxofre para fumigação, tratamentos médicos e branqueamento têxtil, com Homero referenciando a fumigação com enxofre na Odisseia. Alquimistas islâmicos medievais avançaram na química do enxofre através de investigações sistemáticas da formação e purificação de sulfetos metálicos. O nome histórico "pedra infernal" (brimstone), significando "pedra que arde", reflete suas propriedades de combustão distintas e associações bíblicas com julgamento divino. O período medieval europeu testemunhou expansão de aplicações em guerra, particularmente em composições incendiárias e armas primitivas. A revolução científica do século XVII estabeleceu a natureza elementar do enxofre através de estudos de combustão por Lavoisier e outros, distinguindo-o de compostos anteriormente confundidos com o próprio elemento. As aplicações da revolução industrial incluíram produção de ácido sulfúrico pelo processo de câmara de chumbo desenvolvido em 1746, posteriormente substituído pelo processo de contato em 1875. O entendimento moderno da estrutura eletrônica e ligações do enxofre emergiu através de estudos quânticos no século XX, culminando nas aplicações atuais que abrangem química industrial à ciência de materiais avançados.
Conclusão
O enxofre ocupa posição única na tabela periódica por sua versatilidade química excepcional, importância industrial extensa e relevância biológica fundamental. Sua configuração eletrônica distintiva permite formação de compostos abrangendo estados de oxidação de -2 a +6, sustentando padrões de ligação e arranjos estruturais diversos sem paralelo em quase todos os elementos. Aplicações industriais, especialmente a produção de ácido sulfúrico, estabelecem o enxofre como um dos não metais mais economicamente importantes na tecnologia moderna. Direções futuras de pesquisa enfatizam aplicações em armazenamento sustentável de energia, desenvolvimento de materiais avançados e tecnologias de remediação ambiental, onde as propriedades químicas do enxofre oferecem oportunidades sem precedentes para avanço tecnológico.

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