| Elemento | |
|---|---|
31GaGálio69.72312
8 18 3 |
|
| Propriedades básicas | |
|---|---|
| Número atômico | 31 |
| Massa atômica | 69.7231 amu |
| Família de elementos | Outros metais |
| Período | 4 |
| Grupo | 13 |
| Bloquear | p-block |
| Ano de descoberta | 1875 |
| Distribuição de isótopos |
|---|
69Ga 60.1% 71Ga 39.9% |
69Ga (60.10%) 71Ga (39.90%) |
| Propriedades físicas | |
|---|---|
| Densidade | 5.907 g/cm3 (STP) |
H (H) 8.988E-5 Meitnério (Mt) 28 | |
| Fusão | 29.76 °C |
Hélio (He) -272.2 Carbono (C) 3675 | |
| Ebulição | 2403 °C |
Hélio (He) -268.9 Tungstênio (W) 5927 | |
| Propriedades químicas | |
|---|---|
| Estados de oxidação (menos comum) | +3 (-5, -4, -3, -2, -1, 0, +1, +2) |
| Potencial da primeira ionização | 5.999 eV |
Césio (Cs) 3.894 Hélio (He) 24.587 | |
| Afinidade eletrônica | 0.301 eV |
Nobélio (No) -2.33 Cl (Cl) 3.612725 | |
| Eletro-negatividade | 1.81 |
Césio (Cs) 0.79 F (F) 3.98 | |
| Raio atômico | |
|---|---|
| Raio covalente | 1.24 Å |
H (H) 0.32 Francium (Fr) 2.6 | |
| Van der Waals raio | 1.87 Å |
H (H) 1.2 Francium (Fr) 3.48 | |
| Raio metálico | 1.35 Å |
Berílio (Be) 1.12 Césio (Cs) 2.65 | |
| Compostos | ||
|---|---|---|
| Fórmula | Nome | Estado de oxidação |
| Mg5Ga2 | Digalide de pentamagnésio | -5 |
| Ga2O | Óxido de gálio (i) | +1 |
| GaCl | Cloreto de gálio (i) | +1 |
| GaSe | Seleneto de gálio (II) | +2 |
| GaTe | Telureto de gálio (II) | +2 |
| GaN | Nitreto de gálio | +3 |
| GaAs | Arseneto de gálio | +3 |
| Ga2O3 | Óxido de gálio (III) | +3 |
| GaCl3 | Tricloreto de gálio | +3 |
| GaP | Fosfeto de gálio | +3 |
| GaBr3 | Brometo de gálio (III) | +3 |
| Ga(CH3)3 | Trimetilgálio | +3 |
| Propriedades eletrônicas | |
|---|---|
| Elétrons por camada | 2, 8, 18, 3 |
| Configuração eletrônica | [Ar] 3d10 |
|
Modelo de átomo de Bohr
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Diagrama de caixa orbital
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| Elétrons de valência | 3 |
| Estrutura de pontos de Lewis |
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| Visualização Orbital | |
|---|---|
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| |
| Elétrons | - |
Gálio (Ga): Elemento da Tabela Periódica
Resumo
O gálio (símbolo Ga, número atômico 31) representa um elemento metálico pós-transição distinguido por seu ponto de fusão excepcionalmente baixo de 29,7646°C, posicionando-o entre os poucos metais líquidos em temperaturas próximas à ambiente. O elemento exibe predominantemente estados de oxidação trivalentes em seus compostos, formando substâncias binárias e ternárias estáveis com características semicondutoras. O gálio demonstra comportamento cristalográfico único com simetria ortorrômbica e propriedades de expansão térmica anisotrópicas. Sua relevância industrial deriva principalmente de aplicações em semicondutores, especificamente em tecnologias de arsenieto de gálio e nitreto de gálio para eletrônicos de alta frequência e dispositivos optoeletrônicos. Sua ocorrência natural é limitada a concentrações traço em minérios de alumínio e zinco, exigindo processos especializados de extração para produção comercial.
Introdução
O gálio ocupa a posição 31 na tabela periódica, constituindo o primeiro elemento metálico pós-transição no Grupo 13 (IIIA) e Período 4. Sua configuração eletrônica [Ar] 3d¹⁰ 4s² 4p¹ caracteriza seu comportamento químico, com a subcamada d preenchida proporcionando efeitos adicionais de blindagem nuclear que influenciam suas propriedades em relação ao alumínio. Descoberto em 1875 por Paul-Émile Lecoq de Boisbaudran através de análise espectroscópica da blenda de zinco, o gálio representou a primeira confirmação das previsões da lei periódica de Dmitri Mendeleev, originalmente designado como "eka-alumínio" com base em sua posição esperada. Sua importância expandiu-se significativamente com o desenvolvimento da tecnologia de semicondutores, onde compostos de gálio são materiais fundamentais para aplicações eletrônicas e optoeletrônicas modernas. A demanda industrial atual concentra-se na produção de arsenieto de gálio e nitreto de gálio para dispositivos de alta frequência, diodos emissores de luz e sistemas fotovoltaicos.
Propriedades Físicas e Estrutura Atômica
Parâmetros Atômicos Fundamentais
O gálio apresenta número atômico 31 com massa atômica padrão de 69,723 ± 0,001 u, representando a média ponderada de dois isótopos estáveis: ⁶⁹Ga (60,108% de abundância) e ⁷¹Ga (39,892% de abundância). A estrutura eletrônica [Ar] 3d¹⁰ 4s² 4p¹ demonstra comportamento típico de metais pós-transição, com a subcamada 3d¹⁰ preenchida contribuindo para maior blindagem nuclear. A primeira energia de ionização atinge 578,8 kJ mol⁻¹, significativamente superior à do alumínio (577,5 kJ mol⁻¹) devido ao efeito de contração dos elétrons d. O raio atômico mede 122 pm, enquanto o raio iônico para Ga³⁺ é igual a 62 pm em coordenação hexacoordenada. Os valores de eletronegatividade variam de 1,81 (escala Pauling) a 1,76 (escala Allred-Rochow), indicando capacidade moderada de atração eletrônica na formação de compostos.
Características Físicas Macroscópicas
O gálio elementar exibe aparência metálica prateada-azulada com ponto de fusão notavelmente baixo de 29,7646°C (302,9146 K), tornando-o um dos quatro metais não radioativos líquidos em condições próximas à ambiente, junto com césio, rubídio e mercúrio. Seu ponto de ebulição alcança 2204°C (2477 K), resultando em uma faixa de temperatura líquida excepcionalmente ampla de aproximadamente 2174 K. A densidade no ponto de fusão é de 5,91 g cm⁻³, com densidade no estado sólido atingindo 5,907 g cm⁻³ a 20°C. Durante a solidificação, ocorre expansão volumétrica de 3,1%, comportamento incomum entre elementos metálicos. Sua estrutura cristalina adota simetria ortorrômbica com grupo espacial Cmca, contendo oito átomos por célula unitária. A distância entre átomos mais próximos mede 244 pm, com átomos adicionais posicionados a 271, 274 e 279 pm, formando unidades diméricas Ga₂ através de interações covalentes.
Propriedades Químicas e Reatividade
Estrutura Eletrônica e Comportamento de Ligação
Os padrões de reatividade química refletem a configuração orbital 4p¹ parcialmente preenchida, permitindo formação de compostos predominantemente trivalentes com ocasionais espécies monovalentes. O gálio(III) representa o estado de oxidação termodinamicamente favorecido, formando compostos estáveis iônicos e covalentes com elementos eletronegativos. A formação de ligações utiliza hibridização sp³ em coordenação tetraédrica ou sp²d² em ambientes octaédricos. A ligação covalente predomina na química organogálio, onde derivados alquilo e arilo demonstram estabilidade térmica moderada. Ligações gálio-gálio aparecem em compostos selecionados como Ga₂Cl₄, contendo centros formais de Ga(II) com ligação metálica. Os compostos de gálio(III) apresentam caráter de acidez de Lewis, aceitando pares de elétrons de moléculas doadoras para expandir suas esferas de coordenação além da configuração trivalente.
Propriedades Eletroquímicas e Termodinâmicas
O potencial de redução padrão para o par Ga³⁺/Ga é de -0,529 V versus eletrodo padrão de hidrogênio, indicando caráter moderadamente redutor do gálio metálico. As segunda e terceira energias de ionização medem 1979,3 kJ mol⁻¹ e 2963 kJ mol⁻¹ respectivamente, refletindo a dificuldade progressiva na remoção de elétrons dos orbitais contraídos 4s² e 3d¹⁰. A afinidade eletrônica atinge 28,9 kJ mol⁻¹, demonstrando limitada tendência à formação de ânions. A estabilidade termodinâmica do óxido de gálio(III) (ΔH°f = -1089,1 kJ mol⁻¹) impulsiona oxidação espontânea ao ar em temperaturas elevadas, formando camadas superficiais protetoras em condições ambientais. As constantes de hidrólise para íons Ga³⁺ em solução aquosa indicam comportamento hidrolítico significativo, com a primeira constante de hidrólise pKh₁ = 2,6, estabelecendo condições ácidas através da formação de espécies [Ga(H₂O)₅OH]²⁺.
Compostos Químicos e Formação de Complexos
Compostos Binários e Ternários
O óxido de gálio ocorre em múltiplas formas polimórficas, com α-Ga₂O₃ representando a fase termodinamicamente estável em condições padrão. Sua estrutura tipo corundum exibe estabilidade térmica excepcional e características de banda proibida ampla (4,8 eV), adequadas para aplicações em semicondutores de alta temperatura. Os haletos de gálio formam séries completas com flúor, cloro, bromo e iodo, adotando estruturas moleculares na fase gasosa e arranjos diméricos na fase sólida para os haletos mais pesados. O trifluoreto de gálio demonstra caráter iônico com alta energia reticular, enquanto tribrometo e triiodeto exibem ligação predominantemente covalente. O sulfeto de gálio (Ga₂S₃) cristaliza em três modificações distintas: forma α (estrutura blenda de zinco), forma β (estrutura wurtzita) e forma γ (estrutura espinélio defeituosa), cada uma apresentando propriedades semicondutoras com diferentes energias de banda proibida. Os compostos arsenieto de gálio e fosfeto de gálio representam semicondutores III-V tecnologicamente importantes com bandas proibidas diretas que permitem processos eficientes de emissão de fótons.
Química de Coordenação e Compostos Organometálicos
Os complexos de gálio(III) geralmente adotam geometria octaédrica com números de coordenação variando de quatro a seis dependendo das propriedades dos ligantes e exigências estéricas. Soluções aquosas de gálio contêm íons hexa-hidratados [Ga(H₂O)₆]³⁺, que sofrem hidrólise sucessiva em valores elevados de pH. Ligantes quelantes como o ácido etilenodiaminotetraacético (EDTA) formam complexos termodinamicamente estáveis com constantes de formação superiores a 10²⁰. A química organogálio abrange derivados trialquilo e triarilo, com o trimetilgálio (Ga(CH₃)₃) servindo como precursor essencial para aplicações de deposição química de vapor. Esses compostos exibem estruturas monoméricas em solução, contrastando com os análogos organoalumínio diméricos devido à redução de acidez de Lewis. As energias das ligações gálio-carbono aproximam-se de 255 kJ mol⁻¹, fornecendo estabilidade termodinâmica moderada em condições ambientais enquanto permite decomposição térmica controlada para processos de deposição de filmes finos.
Ocorrência Natural e Análise Isotópica
Distribuição Geoquímica e Abundância
A abundância crustal do gálio é de aproximadamente 19 ppm, posicionando-o entre elementos moderadamente raros na litosfera. Seu comportamento geoquímico segue o alumínio devido à semelhança em raios iônicos e densidades de carga, resultando em substituição isomórfica em estruturas minerais de aluminossilicatos. As associações minerais primárias incluem minérios de bauxita (hidróxidos de alumínio), onde as concentrações de gálio atingem 50-100 ppm por incorporação seletiva durante processos de intemperismo. Minerais de sulfeto de zinco, especialmente a esfalerita (ZnS), contêm concentrações elevadas de gálio até 1000 ppm por substituição iônica. Depósitos de carvão acumulam gálio por processos biogeoquímicos, com certos tipos de carvão alcançando concentrações superiores a 100 ppm. A água do mar contém aproximadamente 30 nL L⁻¹ de gálio, mantida pelo equilíbrio com partículas de aluminossilicatos e processos de captação biológica.
Propriedades Nucleares e Composição Isotópica
O gálio natural compõe-se de dois isótopos estáveis: ⁶⁹Ga (60,108 ± 0,002%) e ⁷¹Ga (39,892 ± 0,002%), sem isótopos radioativos de longa duração em ocorrência natural. Propriedades nucleares incluem spin nuclear I = 3/2 para ambos os isótopos, possibilitando aplicações em espectroscopia de ressonância magnética nuclear. Os momentos magnéticos medem +2,01659 magnetons nucleares para ⁶⁹Ga e +2,56227 magnetons nucleares para ⁷¹Ga. Radioisótopos artificiais abrangem números de massa de 60 a 89, com ⁶⁷Ga (meia-vida de 3,261 dias) e ⁶⁸Ga (meia-vida de 67,7 minutos) aplicados em imagem médica nuclear. As seções de captura de nêutrons térmicos equivalem a 2,9 barns (⁶⁹Ga) e 5,1 barns (⁷¹Ga), indicando características moderadas de absorção de nêutrons. O decaimento beta-positivo domina os caminhos de desintegração dos isótopos leves, enquanto o decaimento beta-negativo caracteriza o comportamento dos isótopos pesados além da massa 71.
Produção Industrial e Aplicações Tecnológicas
Métodos de Extração e Purificação
A recuperação comercial de gálio utiliza subprodutos do processamento de alumínio, especialmente líquidos do processo Bayer em refinarias de bauxita. A eficiência de extração varia de 70-90% através de lixiviação alcalina seguida de precipitação seletiva por redução com pó de zinco ou métodos eletrolíticos. A purificação requer técnicas de refino por zonas para alcançar pureza de grau semicondutor superior a 99,9999% (6N), com concentrações de impurezas inferiores a 1 ppm para elementos críticos. Fontes alternativas incluem resíduos de fundição de zinco e cinzas volantes de carvão, embora a economia do processo favoreça subprodutos da indústria do alumínio para produção em larga escala. A produção global anual aproxima-se de 320 toneladas métricas, com a China fornecendo cerca de 95% da oferta mundial por meio de instalações integradas de recuperação alumínio-gálio. Os custos de processamento refletem os requisitos energéticos intensivos para purificação, com materiais de grau semicondutor comandando preços premium devido às especificações rigorosas de pureza.
Aplicações Tecnológicas e Perspectivas Futuras
As aplicações em semicondutores dominam o consumo de gálio, com waferes de arsenieto de gálio habilitando dispositivos de micro-ondas de alta frequência, estações base celulares e sistemas de comunicação por satélite. As propriedades dos semicondutores compostos incluem bandas proibidas diretas, alta mobilidade eletrônica e resistência à radiação superiores às do silício. A tecnologia de nitreto de gálio sustenta eletrônicos de potência de banda proibida ampla, possibilitando sistemas eficientes de conversão de voltagem e amplificadores de rádio-frequência de alta potência. A fabricação de diodos emissores de luz utiliza ligas de nitreto de índio-gálio para fontes de iluminação azuis e brancas, representando segmento de mercado em rápida expansão. Aplicações fotovoltaicas empregam células de arsenieto de gálio em missões espaciais e sistemas terrestres concentrados, alcançando níveis recordes de eficiência superiores a 46% sob luz concentrada. Aplicações em metais líquidos aproveitam o baixo ponto de fusão para sistemas especializados de transferência de calor, termometria e ligas com memória de forma. Áreas futuras de desenvolvimento incluem dispositivos de spintrônica, aplicações em computação quântica e tecnologias avançadas de semicondutores de potência para veículos elétricos e sistemas de energia renovável.
Desenvolvimento Histórico e Descoberta
A previsão teórica do gálio precedeu sua descoberta experimental em quatro anos, quando Dmitri Mendeleev antecipou a existência do "eka-alumínio" em 1871 com base nos princípios da lei periódica. Propriedades previstas incluíram peso atômico (68 u), densidade (5,9 g cm⁻³), ponto de fusão (baixo) e fórmula do óxido (M₂O₃), demonstrando notável precisão na sistemática periódica. Paul-Émile Lecoq de Boisbaudran realizou a primeira isolamento em agosto de 1875 através de análise espectroscópica da blenda de zinco da região dos Pirenéus, observando linhas espectrais violeta características nos comprimentos de onda 417,2 e 403,3 nm. A determinação inicial da densidade resultou em 4,7 g cm⁻³, levando Mendeleev a sugerir nova medição que confirmou o valor previsto de 5,9 g cm⁻³. O nome derivou do latim "Gallia" (França), embora interpretação popular associasse a um trocadilho com o sobrenome do descobridor (Le coq = gallus em latim). Aplicações industriais permaneceram limitadas a ligas especiais e termometria até o desenvolvimento de semicondutores na década de 1960 estabelecer o arsenieto de gálio como material tecnologicamente relevante. Pesquisas contemporâneas enfatizam tecnologias de nitreto de gálio de banda proibida ampla e dispositivos heteroestruturais avançados para aplicações eletrônicas de nova geração.
Conclusão
O gálio exemplifica a integração bem-sucedida entre conhecimento químico fundamental e inovação tecnológica, transformando-se de uma curiosidade laboratorial para elemento essencial na tecnologia moderna de semicondutores. Sua combinação única de baixo ponto de fusão, química trivalente e propriedades de compostos semicondutores continua impulsionando pesquisas em materiais eletrônicos avançados e dispositivos. Sua posição no Grupo 13 fornece comportamento químico previsível enquanto permite formação de semicondutores III-V tecnologicamente importantes com desempenho superior ao do silício. Aplicações futuras em eletrônicos de potência de banda proibida ampla, dispositivos quânticos e sistemas fotônicos de nova geração garantem sua relevância contínua no avanço das capacidades tecnológicas em múltiplos setores industriais.

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