Elemento | |
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5BBoro10.81172
3 |
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Propriedades básicas | |
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Número atômico | 5 |
Massa atômica | 10.8117 amu |
Família de elementos | Metaloides |
Período | 2 |
Grupo | 13 |
Bloquear | p-block |
Ano de descoberta | 1808 |
Distribuição de isótopos |
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10B 20.0% 11B 80.0% |
10B (20.00%) 11B (80.00%) |
Propriedades físicas | |
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Densidade | 2.34 g/cm3 (STP) |
(H) 8.988E-5 Meitnério (Mt) 28 | |
Fusão | 2300 °C |
Hélio (He) -272.2 Carbono (C) 3675 | |
Ebulição | 2550 °C |
Hélio (He) -268.9 Tungstênio (W) 5927 |
Propriedades químicas | |
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Estados de oxidação (menos comum) | +3 (-5, -1, 0, +1, +2) |
Potencial da primeira ionização | 8.297 eV |
Césio (Cs) 3.894 Hélio (He) 24.587 | |
Afinidade eletrônica | 0.280 eV |
Nobélio (No) -2.33 (Cl) 3.612725 | |
Eletro-negatividade | 2.04 |
Césio (Cs) 0.79 (F) 3.98 |
Raio atômico | |
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Raio covalente | 0.85 Å |
(H) 0.32 Francium (Fr) 2.6 | |
Van der Waals raio | 1.92 Å |
(H) 1.2 Francium (Fr) 3.48 | |
Compostos | ||
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Fórmula | Nome | Estado de oxidação |
B2H6 | Borano | -3 |
B4H10 | Tetraborano | -2,-3 |
BH3O | Ácido borínico | -1 |
B4C | Carboneto de boro | +1 |
BF | Monofluoreto de boro | +1 |
B10H14 | Decaborano | +1,+2 |
B2Cl4 | Tetracloreto de diboro | +2 |
B2F4 | Tetrafluoreto de diboro | +2 |
B2H4 | Diborano(4) | +2 |
BF3 | Trifluoreto de boro | +3 |
H3BO3 | Ácido bórico | +3 |
NaBH4 | Boro-hidreto de sódio | +3 |
Propriedades eletrônicas | |
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Elétrons por camada | 2, 3 |
Configuração eletrônica | [He] 2s2 |
Modelo de átomo de Bohr
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Diagrama de caixa orbital
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Elétrons de valência | 3 |
Estrutura de pontos de Lewis |
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Visualização Orbital | |
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Elétrons | - |
Boro (B): Elemento da Tabela Periódica
Resumo
O boro é um elemento metaloide com número atômico 5, caracterizado por sua configuração eletrônica 1s² 2s² 2p¹ e propriedades químicas únicas decorrentes da deficiência eletrônica em ligações. O elemento exibe diversidade estrutural notável com múltiplas formas alotrópicas, dureza excepcional (9,3 na escala de Mohs) e química tricoordenada distinta. Sua abundância natural na crosta terrestre é de aproximadamente 0,001% em massa, concentrada principalmente em minerais boratos por meio de processos hidrotermais. O boro apresenta estado de oxidação +3 na maioria dos compostos e forma arranjos de ligação multicêntrica com deficiência eletrônica. Aplicações industriais incluem dopagem de semicondutores, absorção de nêutrons nucleares, compósitos aeroespaciais de alta resistência e produção de vidros especializados. Dois isótopos estáveis, 10B (19,9%) e 11B (80,1%), possuem seções de choque nucleares distintamente diferentes, com 10B apresentando capacidade excepcional de captura de nêutrons, essencial para aplicações nucleares.
Introdução
O boro ocupa posição única na tabela periódica como primeiro elemento do Grupo 13 (IIIA), conectando caráter metálico e não metálico com propriedades metaloides pronunciadas. Sua estrutura atômica, contendo cinco elétrons com o orbital p mais externo simplesmente ocupado, estabelece comportamento químico fundamental dominado por deficiência eletrônica e geometrias de ligação tricoordenadas. A relevância do elemento estende-se desde seu papel como micronutriente essencial para plantas até aplicações críticas na tecnologia de semicondutores e engenharia nuclear modernas. A química do boro demonstra diversidade excepcional por meio da formação de aglomerados hidretos complexos, boratos refratários e compostos organoborânicos sofisticados que exibem paradigmas de ligação desafiadores para a teoria de valência convencional. A descoberta simultânea do boro por Sir Humphry Davy, Joseph Louis Gay-Lussac e Louis Jacques Thénard em 1808 marcou a identificação de um elemento cuja importância industrial tornou-se evidente apenas com avanços tecnológicos do século XX.
Propriedades Físicas e Estrutura Atômica
Parâmetros Atômicos Fundamentais
O boro possui número atômico 5 com peso atômico padrão de 10,806-10,821 u, refletindo variação isotópica natural. A configuração eletrônica no estado fundamental, 1s² 2s² 2p¹, posiciona o boro no bloco p com um elétron não emparelhado no orbital 2p, estabelecendo química fundamentalmente diferente da dos elementos do bloco s anteriores. O raio atômico de 87 pm e o raio iônico de 27 pm para B³⁺ refletem efeitos de carga nuclear forte, com cálculos de carga nuclear efetiva indicando penetração significativa dos orbitais 2s e 2p. As energias sucessivas de ionização de 800,6 kJ/mol (primeira), 2427 kJ/mol (segunda) e 3659,7 kJ/mol (terceira) demonstram o estado de oxidação +3 preferido, pois a remoção do quarto elétron requer a perturbação do núcleo estável 1s². A eletronegatividade de 2,04 na escala Pauling posiciona o boro entre metais e não metais típicos, consistente com sua classificação metaloide.
Características Físicas Macroscópicas
O boro cristalino aparece como material lustroso preto-marrom, exibindo dureza excepcional de 9,3 na escala de Mohs, próxima à do diamante. O elemento manifesta diversidade alotrópica notável com mais de dez polimorfos conhecidos, incluindo formas α-rômbicas (mais estável), β-rômbica, γ-ortorrômbica e β-tetragonal. Essas estruturas apresentam aglomerados complexos B₁₂ icosaédricos como unidades básicas, conectados por diversos arranjos de ligação que criam redes tridimensionais. O boro amorfo aparece como pó marrom com propriedades distintamente diferentes dos formas cristalinas. O ponto de fusão excede 2300 K, enquanto o ponto de ebulição atinge aproximadamente 4200 K, refletindo ligações covalentes fortes em toda a rede cristalina. A densidade varia de 2,08 g/cm³ para formas amorfas a 2,52 g/cm³ para o boro cristalino β-rômbico. A condutividade elétrica demonstra comportamento semicondutor com resistividade de 1,5 × 10⁶ Ω·cm à temperatura ambiente, decrescendo exponencialmente com o aumento da temperatura.
Propriedades Químicas e Reatividade
Estrutura Eletrônica e Comportamento de Ligação
O comportamento químico do boro decorre de sua natureza eletronicamente deficiente, possuindo apenas três elétrons de valência disponíveis para ligação em compostos que normalmente exigem ligações de pares de elétrons. Essa deficiência manifesta-se na formação de ligações multicêntricas, especialmente ligações de três centros e dois elétrons (3c-2e) características de hidretos de boro e compostos relacionados. O elemento prefere geometria plana trigonal em compostos tricoordenados, com hibridização sp² predominante. O orbital p vazio perpendicular ao plano molecular permite retrodoação π com ligantes adequados e facilita a formação de compostos de aglomerados eletronicamente deficientes. O potencial de redução padrão para o par B³⁺/B é -0,87 V, indicando capacidade moderada de redução sob condições padrão. Padrões de reatividade química demonstram resistência à ataque pela maioria dos ácidos à temperatura ambiente, embora boro finamente dividido reaja lentamente com ácidos oxidantes concentrados quentes, incluindo ácido nítrico e sulfúrico.
Propriedades Eletroquímicas e Termodinâmicas
As propriedades eletroquímicas do boro refletem sua posição intermediária entre metais e não metais. A eletronegatividade Pauling de 2,04 posiciona o boro abaixo do carbono (2,55) mas acima do alumínio (1,61), consistente com formação de ligações covalentes polares com a maioria dos elementos. As energias sucessivas de ionização seguem tendências esperadas com aumentos dramáticos: 800,6 kJ/mol (B → B⁺), 2427 kJ/mol (B⁺ → B²⁺) e 3659,7 kJ/mol (B²⁺ → B³⁺), apoiando o predomínio do estado de oxidação +3 em compostos iônicos. A afinidade eletrônica de 26,7 kJ/mol indica fraca tendência à formação de ânions, contrastando com comportamento não metálico típico. A estabilidade termodinâmica dos compostos de boro geralmente aumenta com a eletronegatividade do parceiro de ligação, evidenciada por entalpias de formação: BF₃ (-1137 kJ/mol), BCl₃ (-404 kJ/mol) e BBr₃ (-240 kJ/mol). O elemento exibe forte afinidade pelo oxigênio, formando óxidos e oxiácidos termodinamicamente estáveis que dominam a química natural do boro.
Compostos Químicos e Formação de Complexos
Compostos Binários e Ternários
Os tri-haletos de boro representam os compostos binários mais extensamente estudados, com BF₃, BCl₃, BBr₃ e BI₃ formando uma série completa. O fluoreto de boro demonstra força excepcional de ácido de Lewis devido à retrodoação π efetiva entre pares solitários do flúor e o orbital p vazio do boro, resultando em caráter parcial de dupla ligação e geometria molecular plana. A diminuição progressiva da acidez de Lewis de BF₃ a BI₃ reflete aumento na doação π dos substituintes haletos. O nitreto de boro exibe duas formas principais: BN hexagonal com estrutura laminada semelhante ao grafite e BN cúbico com arranjo diamantífero, este último possuindo dureza comparável ao diamante. Os boratos metálicos constituem classe importante de compostos refratários, com boratos de metais de transição como TiB₂, ZrB₂ e HfB₂ exibindo pontos de fusão superiores a 3000°C e estabilidade química excepcional. O carbeto de boro (B₄C) representa um dos materiais mais duros conhecidos, aplicado em blindagem balística e materiais abrasivos.
Química de Coordenação e Compostos Organometálicos
Os hidretos de boro constituem classe única de compostos eletronicamente deficientes com arranjos de ligação multicêntrica que desafiaram teorias convencionais de ligação. O diborano (B₂H₆) serve como exemplo prototípico, contendo duas ligações de três centros e dois elétrons que conectam os átomos de boro. Boranos superiores, incluindo penta-borano (B₅H₉) e decaborano (B₁₀H₁₄), exibem estruturas de gaiola crescentemente complexas baseadas em poliedros triangulados. Compostos organoborânicos demonstram padrões versáteis de reatividade, com trialquilboranos atuando como intermediários sintéticos importantes na química orgânica. A reação de hidroboração, pioneirada por Herbert C. Brown, oferece métodos estereosseletivos para funcionalização de alcenos através de adição anti-Markovnikov em ligações duplas carbono-carbono. Heterociclos contendo boro, incluindo boróis e borepinas, exibem propriedades eletrônicas únicas com possíveis aplicações em ciência dos materiais e catálise.
Ocorrência Natural e Análise Isotópica
Distribuição Geoquímica e Abundância
O boro apresenta abundância crustal de aproximadamente 10 ppm (0,001%), classificando-o como elemento relativamente raro apesar de sua importância tecnológica. O elemento não ocorre naturalmente em forma elementar devido à alta reatividade e forte tendência à formação de óxidos. A concentração primária ocorre por meio de processos hidrotermais que transportam boro como ácido bórico ou complexos boratos, levando a depósitos evaporíticos com altas concentrações de minerais boratos. A Turquia possui as maiores reservas mundiais de boro, contendo aproximadamente 72% dos recursos globais, seguida por Rússia, Chile e Estados Unidos. Os minerais boratos principais incluem bórax (Na₂B₄O₇·10H₂O), colemanita (Ca₂B₆O₁₁·5H₂O), kernita (Na₂B₄O₇·4H₂O) e ulexita (NaCaB₅O₉·8H₂O), que coletivamente constituem mais de 90% do minério de boro extraído. A água do mar contém aproximadamente 4,5 mg/L de boro, principalmente como ácido bórico, representando recurso vasto mas diluído que requer técnicas especializadas de extração.
Propriedades Nucleares e Composição Isotópica
O boro natural compreende dois isótopos estáveis: 11B (abundância de 80,1%) e 10B (abundância de 19,9%), ambos com spin nuclear zero. A diferença significativa nas seções de choque de captura de nêutrons entre esses isótopos cria aplicações tecnológicas importantes, com 10B exibindo seção de choque de absorção de nêutrons térmicos de 3840 barns comparado a 0,005 barns para 11B. Esta diferença imensa permite o enriquecimento isotópico para aplicações nucleares, com 10B atuando como absorvedor de nêutrons em barras de controle e materiais de blindagem. Treze isótopos de boro são conhecidos, variando de 7B a 19B, com isótopos radioativos apresentando meias-vidas de 3,5 × 10⁻²² segundos (7B) a 20,2 milissegundos (8B). O isótopo exótico 17B demonstra propriedades de halo nuclear com raio nuclear incomum devido a nêutrons fracamente ligados estendendo-se além dos nucleons do núcleo. Estudos de ressonância magnética nuclear utilizam 11B (I = 3/2) como sonda sensível para ambiente de coordenação e dinâmica molecular em compostos contendo boro.
Produção Industrial e Aplicações Tecnológicas
Métodos de Extração e Purificação
A produção industrial de boro inicia-se com a mineração de minérios boratos, principalmente bórax e colemanita, seguida de processamento químico para produzir ácido bórico ou borato de sódio. A redução do óxido de boro (B₂O₃) com magnésio metálico em temperaturas elevadas produz boro bruto segundo a reação: B₂O₃ + 3Mg → 2B + 3MgO. Métodos alternativos incluem eletrólise de sais fundidos de borato e decomposição térmica de haletos de boro em superfícies aquecidas. O boro de alta pureza adequado para aplicações em semicondutores requer técnicas de zonamento de pureza ou deposição química de vapor para alcançar purezas superiores a 99,999%. A decomposição de diborano (B₂H₆) ou cloreto de boro (BCl₃) em substratos aquecidos fornece filmes epitaxiais de boro para aplicações eletrônicas especializadas. A produção global anual de boro aproxima-se de 4 milhões de toneladas, com a Turquia respondendo por aproximadamente 74% da produção mundial, seguida por Rússia e Chile.
Aplicações Tecnológicas e Perspectivas Futuras
A tecnologia de semicondutores depende extensivamente do boro para dopagem tipo-p de cristais de silício e germânio, criando portadores de carga positiva essenciais para dispositivos bipolares e circuitos CMOS. O controle preciso da concentração de boro por meio de implantação iônica ou processos de difusão permite fabricar transistores, diodos e circuitos integrados com características elétricas predeterminadas. Aplicações aeroespaciais utilizam fibras de boro como reforço em materiais compósitos, fornecendo relações excepcionais de resistência-peso para estruturas aéreas e veículos espaciais. Aplicações na indústria nuclear exploram a alta seção de choque de captura de nêutrons de 10B para fabricação de barras de controle, blindagem de nêutrons e sistemas de segurança de reatores. A produção de vidro borossilicato consome quantidades significativas de óxido de boro, criando materiais com coeficientes de expansão térmica baixos essenciais para vidraria laboratorial e componentes ópticos. Aplicações cerâmicas avançadas incluem carbeto de boro para blindagem balística e ferramentas de corte, enquanto o nitreto de boro atua em lubrificantes de alta temperatura e substratos eletrônicos. Aplicações emergentes abrangem farmacêuticos contendo boro, agentes de contraste em imagem por ressonância magnética e terapia de captura de nêutrons de boro para tratamento de câncer.
Desenvolvimento Histórico e Descoberta
A descoberta do boro em 1808 resultou de pesquisas simultâneas mas independentes de três químicos pioneiros trabalhando em continentes distintos. Sir Humphry Davy em Londres conseguiu a primeira isolação por meio de eletrólise de soluções de ácido bórico usando sua pilha voltaica recém-desenvolvida, posteriormente aprimorando o método com redução do ácido bórico por metal potássico. Concomitantemente, Joseph Louis Gay-Lussac e Louis Jacques Thénard em Paris empregaram ferro metálico para reduzir ácido bórico em altas temperaturas, obtendo resultados similares. O nome do elemento deriva do árabe "buraq" e do persa "burah", referindo-se ao bórax, fonte mineral conhecida por civilizações antigas para fabricação de vidro e metalurgia. Jöns Jacob Berzelius estabeleceu definitivamente o boro como elemento em 1824 por meio de estudos analíticos cuidadosos que o distinguiram do carbono e outros elementos leves. Ezekiel Weintraub alcançou a primeira produção substancialmente pura de boro em 1909 por meio da redução em arco elétrico do óxido de boro, permitindo estudo sistemático das propriedades do elemento. O desenvolvimento da química do boro acelerou dramaticamente durante o século XX com as pesquisas pioneiras de Alfred Stock sobre hidretos de boro, estabelecendo o arcabouço teórico para ligação eletronicamente deficiente que influenciou a teoria moderna de ligação química.
Conclusão
A posição única do boro na tabela periódica estabelece-o como elemento metaloide com propriedades químicas e físicas excepcionais decorrentes de seu comportamento de ligação eletronicamente deficiente. Sua relevância tecnológica abrange fabricação de semicondutores, engenharia nuclear, materiais aeroespaciais e produção de vidros especializados, refletindo química versátil e propriedades nucleares favoráveis. Direções atuais de pesquisa incluem nanomateriais contendo boro, cerâmicas avançadas para ambientes extremos e aplicações farmacêuticas explorando interações biológicas distintas do boro. O desenvolvimento contínuo de nanotubos de nitreto de boro, materiais bidimensionais de boro e supercondutores baseados em boro sugere expansão das aplicações tecnológicas em eletrônica, armazenamento de energia e materiais quânticos. A compreensão da complexa química estrutural do boro e seus arranjos de ligação multicêntrica continua a oferecer insights sobre teorias fundamentais de ligação química, ao mesmo tempo que permite aplicações práticas em tecnologias de ponta.

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