Elemento | |
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92UUrânio238.0289132
8 18 32 21 9 2 |
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Propriedades básicas | |
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Número atômico | 92 |
Massa atômica | 238.028913 amu |
Família de elementos | Actinídios |
Período | 7 |
Grupo | 2 |
Bloquear | s-block |
Ano de descoberta | 1789 |
Distribuição de isótopos |
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Nenhum |
Propriedades físicas | |
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Densidade | 18.95 g/cm3 (STP) |
(H) 8.988E-5 Meitnério (Mt) 28 | |
Fusão | 1132 °C |
Hélio (He) -272.2 Carbono (C) 3675 | |
Ebulição | 3818 °C |
Hélio (He) -268.9 Tungstênio (W) 5927 |
Propriedades químicas | |
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Estados de oxidação (menos comum) | +6 (-1, +1, +2, +3, +4, +5) |
Potencial da primeira ionização | 6.194 eV |
Césio (Cs) 3.894 Hélio (He) 24.587 | |
Afinidade eletrônica | 0.315 eV |
Nobélio (No) -2.33 (Cl) 3.612725 | |
Eletro-negatividade | 1.38 |
Césio (Cs) 0.79 (F) 3.98 |
Raio atômico | |
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Raio covalente | 1.7 Å |
(H) 0.32 Francium (Fr) 2.6 | |
Van der Waals raio | 1.86 Å |
(H) 1.2 Francium (Fr) 3.48 | |
Raio metálico | 1.56 Å |
Berílio (Be) 1.12 Césio (Cs) 2.65 | |
Compostos | ||
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Fórmula | Nome | Estado de oxidação |
UB2 | Diboreto de urânio | +2 |
US | Monossulfeto de urânio | +2 |
UCl3 | Cloreto de urânio (III) | +3 |
UF3 | Trifluoreto de urânio | +3 |
U(BH4)4 | Boroidreto de urânio | +4 |
U(SO4)2 | Sulfato de urânio (IV) | +4 |
U2O5 | Pentóxido de diurânio | +5 |
UBr5 | Pentabrometo de urânio | +5 |
U3O8 | Octaóxido de triurânio | +5,+6 |
UF6 | Hexafluoreto de urânio | +6 |
UO2(NO3)2 | Nitrato de uranila | +6 |
UO6 | Hexóxido de urânio | +12 |
Propriedades eletrônicas | |
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Elétrons por camada | 2, 8, 18, 32, 21, 9, 2 |
Configuração eletrônica | [Rn] 5f3 |
Modelo de átomo de Bohr
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Diagrama de caixa orbital
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Elétrons de valência | 6 |
Estrutura de pontos de Lewis |
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Visualização Orbital | |
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Elétrons | - |
Urânio (U): Elemento da Tabela Periódica
Resumo
O urânio é um elemento actinídeo pesado com número atômico 92, caracterizado por propriedades nucleares excepcionais e comportamento químico distinto. Este metal branco-prateado apresenta densidade de 19,1 g/cm³ e manifesta transições polimórficas únicas através de fases cristalinas ortorrômbicas, tetragonais e cúbicas de corpo centrado. O elemento demonstra química redox complexa com estados de oxidação variando de +3 a +6, onde o íon uranilo UO₂²⁺ representa a forma mais estável em condições oxidantes. O urânio natural consiste predominantemente do isótopo urânio-238 (99,3%) e do isótopo físsil urânio-235 (0,7%), ambos exibindo decaimento radioativo com características nucleares distintamente diferentes. A principal importância industrial do elemento decorre de suas aplicações nucleares em geração de energia e sistemas de armas, enquanto suas propriedades químicas permitem complexos de coordenação e compostos binários diversos. O urânio apresenta caráter eletropositivo forte e forma óxidos, haletos e compostos organometálicos estáveis em múltiplos estados de oxidação.
Introdução
O urânio ocupa a posição 92 na tabela periódica como o elemento natural mais pesado, servindo como membro terminal da série dos actinídeos acessível em fontes terrestres. A descoberta do elemento em 1789 por Martin Heinrich Klaproth precedeu em mais de um século o reconhecimento de sua natureza radioativa, quando investigações de Henri Becquerel em 1896 revelaram a emissão espontânea de radiação energética pelo urânio. Essa instabilidade nuclear, combinada com a presença de um isótopo físsil em abundância natural, estabeleceu o urânio como a base da tecnologia nuclear moderna. A configuração eletrônica [Rn] 5f³ 6d¹ 7s² reflete a interação complexa entre a participação dos orbitais f e o caráter de metal de transição que governa o comportamento químico do urânio. Com raio atômico de 156 pm e raios iônicos variando de 89 pm (U⁶⁺) a 116 pm (U³⁺), o urânio demonstra tendências sistemáticas em química de coordenação e estruturas no estado sólido. A abundância geológica do elemento, aproximadamente 2,7 ppm na crosta terrestre, excede a da prata e do mercúrio, mas sua natureza dispersa e requisitos desafiadores de extração historicamente limitaram a caracterização química abrangente até os programas nucleares da metade do século XX exigirem compreensão detalhada de suas propriedades.
Propriedades Físicas e Estrutura Atômica
Parâmetros Atômicos Fundamentais
Átomos de urânio contêm 92 prótons e 92 elétrons, com a configuração eletrônica no estado fundamental [Rn] 5f³ 6d¹ 7s² indicando seis elétrons de valência distribuídos nos orbitais f, d e s. Essa configuração resulta da proximidade energética dos orbitais 5f e 6d, criando uma estrutura eletrônica complexa que influencia padrões de ligação e propriedades espectroscópicas. A carga nuclear efetiva experimentada pelos elétrons de valência aproxima-se de 3,2, substancialmente reduzida da carga nuclear formal pelo efeito extensivo do blindagem dos elétrons das camadas internas. Medidas de raios atômicos resultam no valor de 156 pm para o urânio metálico, enquanto os raios iônicos variam sistematicamente com o estado de oxidação: U³⁺ (116 pm), U⁴⁺ (103 pm), UO₂⁺ (92 pm) e UO₂²⁺ (89 pm). Esses parâmetros refletem a contração actinídica pronunciada resultante da eficiência reduzida da blindagem pelos elétrons 5f. Medidas de energia de ionização primária estabelecem o valor de 597,6 kJ/mol, consistente com o caráter eletropositivo intenso observado no comportamento químico do urânio. As energias de ionização subsequentes demonstram a estabilidade dos estados U⁴⁺ e U⁶⁺, com as segundas até sextas energias de ionização de 1420, 1900, 3145, 4350 e 5696 kJ/mol respectivamente.
Características Físicas Macroscópicas
O metal urânio apresenta-se como um material branco-prateado com comportamento distinto de escurecimento que produz uma camada de dióxido de urânio escura quando exposto a condições atmosféricas. O elemento exibe densidade notável de 19,1 g/cm³ à temperatura ambiente, superando o chumbo (11,3 g/cm³) mas permanecendo ligeiramente menos denso que tungstênio e ouro (19,3 g/cm³). Suas propriedades mecânicas incluem dureza de Mohs 6,0, suficiente para riscar vidro e comparável ao titânio, ródio, manganês e nióbio. O material demonstra maleabilidade e ductilidade que variam significativamente com a fase cristalina e temperatura. Propriedades térmicas incluem ponto de fusão de 1408 K (1135°C) e ponto de ebulição aproximado de 4200 K (3927°C), com calor de fusão medido em 9,14 kJ/mol e calor de vaporização em 417 kJ/mol. A capacidade térmica específica à pressão constante equivale a 27,665 J/(mol·K) a 298 K. A condutividade elétrica permanece relativamente baixa devido à estrutura eletrônica complexa, com resistividade à temperatura ambiente de aproximadamente 0,28 μΩ·m. Medidas de suscetibilidade magnética revelam comportamento paramagnético fraco com χ = +414 × 10⁻⁶ cm³/mol, atribuído aos elétrons 5f desemparelhados.
Propriedades Químicas e Reatividade
Estrutura Eletrônica e Comportamento de Ligação
A reatividade química do urânio decorre da disponibilidade dos orbitais 5f, 6d e 7s para interações de ligação, possibilitando formação de compostos em estados de oxidação de +3 a +6. Os estados de oxidação mais estáveis sob condições ambientes incluem U⁴⁺ e U⁶⁺, com urânio tetravalente aparecendo verde em solução aquosa e o urânio hexavalente manifestando-se como o íon uranilo amarelo distinto UO₂²⁺. O urânio trivalente exibe coloração marrom-vermelha, mas demonstra extrema instabilidade em meios aquosos, liberando hidrogênio através da redução da água. O estado pentavalente UO₂⁺ mostra estabilidade limitada e facilmente desproporciona sob condições normais. As características de ligação covalente envolvem hibridização orbital extensiva combinando orbitais atômicos 5f, 6d e 7s, criando sistemas de orbitais moleculares de complexidade considerável. Comprimentos médios de ligação U-O variam de 170 pm em compostos uranilo a 215 pm no dióxido de urânio, refletindo influência do estado de oxidação e ambiente de coordenação. Ligações urânio-flúor demonstram resistência excepcional com energias de dissociação superiores a 650 kJ/mol, enquanto ligações urânio-cloro medem aproximadamente 350 kJ/mol. Os números de coordenação variam de 6 a 12 dependendo do tamanho do ligante e requisitos eletrônicos, com geometrias de coordenação 8 sendo particularmente comuns na química dos actinídeos.
Propriedades Eletroquímicas e Termodinâmicas
Os valores de eletronegatividade do urânio medem 1,38 na escala Pauling e 1,22 na escala Mulliken, refletindo o caráter eletropositivo forte que impulsiona a formação extensiva de ligações iônicas em compostos binários. Os potenciais de redução padrão revelam relações sistemáticas entre os estados de oxidação: UO₂²⁺/UO₂⁺ (+0,62 V), UO₂⁺/U⁴⁺ (+0,58 V), U⁴⁺/U³⁺ (-0,61 V) e U³⁺/U (-1,80 V). Esses valores indicam que o metal urânio atua como um agente redutor poderoso, enquanto espécies uranilo exibem capacidade moderada de oxidação. As energias de ionização subsequentes demonstram influência da estrutura eletrônica sobre a estabilidade química, com termodinâmica particularmente favorável para formar espécies U⁴⁺ e U⁶⁺. Medidas de afinidade eletrônica resultam em -50,94 kJ/mol para a primeira captura de elétrons, indicando a relutância do urânio em formar espécies aniônicas. A estabilidade termodinâmica dos vários compostos de urânio segue tendências sistemáticas, com dióxido de urânio (UO₂) representando o óxido binário mais estável sob condições redutoras, enquanto o octóxido de triurânio (U₃O₈) predomina em ambientes oxidantes. As entalpias padrão de formação incluem UO₂ (-1085 kJ/mol), U₃O₈ (-3574 kJ/mol) e UF₆ (-2197 kJ/mol), refletindo a força motriz termodinâmica para formação de óxidos e fluoretos.
Compostos Químicos e Formação de Complexos
Compostos Binários e Ternários
O urânio forma compostos binários sistematicamente estáveis com a maioria dos elementos não metálicos, exibindo relações estequiométricas previsíveis baseadas em considerações de estado de oxidação. Os sistemas de óxidos demonstram complexidade particular com múltiplas fases estáveis incluindo UO₂, U₄O₉, U₃O₇, U₃O₈ e UO₃, cada uma caracterizada por estruturas cristalinas e intervalos de estabilidade termodinâmica distintos. O dióxido de urânio adota a estrutura fluorita com parâmetro de rede a = 547,0 pm e demonstra estabilidade térmica excepcional até 2865°C. O octóxido de triurânio cristaliza no sistema ortorrômbico e representa o composto de urânio mais comum em ambientes naturais. Compostos halogenados abrangem todos os quatro elementos halógenos com tendências estruturais e de estabilidade sistemáticas. O hexafluoreto de urânio forma um sólido molecular volátil (ponto de sublimação 56,5°C), crucial para processos de enriquecimento de urânio, enquanto o tetracloreto de urânio e o tetrabrometo de urânio adotam estruturas cristalinas laminares com número de coordenação 8. Sulfetos binários, selenetos e teluretos exibem propriedades metálicas ou semicondutoras com potencial para aplicações em materiais eletrônicos. A formação de nitretos produz mononitreto de urânio (UN) e dinitreto de urânio (UN₂), ambos caracterizados por propriedades refratárias e potencial para aplicações como combustível nuclear. Compostos de carbeto incluem fases UC, UC₂ e U₂C₃ que demonstram dureza extrema e estabilidade em altas temperaturas essencial para conceitos avançados de reatores.
Química de Coordenação e Compostos Organometálicos
A química de coordenação do urânio abrange sistemas de ligantes diversos, desde ânions inorgânicos simples até moléculas orgânicas polidentadas sofisticadas, com números de coordenação tipicamente variando de 6 a 12. A química aquosa centraliza-se no íon uranilo UO₂²⁺, que mantém geometria linear O=U=O e coordena 4-6 ligantes adicionais em posições equatoriais para formar estruturas bipiramidais pentagonais ou hexagonais. Ligantes comuns incluem espécies carbonato, sulfato, fosfato e carboxilato que formam complexos estáveis essenciais para a geoquímica do urânio e processamento hidrometalúrgico. Ligantes de éter-coroa e criptandos criam sistemas extrativos altamente seletivos para separação e purificação do urânio. A química organometálica destaca ligações urânio-carbono através de ligantes ciclo-pentadienil, arila e alquila, produzindo compostos como o tetrakis(ciclopentadienil) de urânio e vários alquilos de urânio. Essas espécies demonstram padrões reativos únicos incluindo ativação de ligações C-H e capacidade de transformação de moléculas pequenas. Ligantes fosfina e arsina formam complexos estáveis com espécies de urânio em estados de oxidação mais baixos, enquanto ligantes doadores de nitrogênio criam ambientes de coordenação robustos tanto para U⁴⁺ quanto para espécies UO₂²⁺. Propriedades espectroscópicas de complexos de urânio exibem transições eletrônicas características nas regiões visível e infravermelha próximo, com propriedades de luminescência que possibilitam aplicações analíticas. Momentos magnéticos de complexos de urânio paramagnéticos refletem a influência de efeitos do campo cristalino e acoplamento spin-órbita característicos de sistemas com elétrons 5f.
Ocorrência Natural e Análise Isotópica
Distribuição Geoquímica e Abundância
O urânio exibe abundância crustal de aproximadamente 2,7 ppm, classificando-se como o 51º elemento mais abundante na crosta terrestre, superando as concentrações de prata (0,07 ppm), mercúrio (0,05 ppm) e cádmio (0,15 ppm). O comportamento geoquímico reflete os múltiplos estados de oxidação do elemento e suas características variáveis de solubilidade sob diferentes condições ambientais. Sob condições redutoras, o urânio ocorre principalmente como espécies U⁴⁺ insolúveis em minerais como a uraninita (UO₂) e coffinita (USiO₄). Ambientes oxidantes promovem a formação de espécies U⁶⁺ altamente móveis que facilmente formam complexos solúveis com ligantes carbonato, sulfato e fosfato. Os minerais primários de urânio incluem uraninita (UO₂), pitchblende (uraninita parcialmente oxidada), brannerita (UTi₂O₆) e davidita ((REE,U,Ca)(Ti,Fe,V,Cr)₂₁(O,OH)₃₈). Minerais secundários formados por processos de intemperismo abrangem autunita (Ca(UO₂)₂(PO₄)₂·10H₂O), torbernit (Cu(UO₂)₂(PO₄)₂·8H₂O) e carnotita (K₂(UO₂)₂(VO₄)₂·3H₂O). Mecanismos de concentração incluem deposição hidrotermal, precipitação sedimentar e acumulação biogênica através de processos de redução bacteriana. As principais províncias uraníferas mundiais incluem a Bacia de Athabasca (Canadá), Olympic Dam (Austrália), depósitos sedimentares no Cazaquistão e o Planalto do Colorado (Estados Unidos), cada uma representando processos distintos de formação geológica e associações mineralógicas.
Propriedades Nucleares e Composição Isotópica
O urânio natural consiste predominantemente de três isótopos: urânio-238 (99,274%), urânio-235 (0,720%) e urânio-234 (0,0055%), com razões isotópicas essencialmente constantes em fontes terrestres devido aos meias-vidas extremamente longas envolvidas. O urânio-238 decai por emissão alfa com meia-vida de 4,468 × 10⁹ anos, produzindo tório-234 e iniciando a série de decaimento do urânio que termina no chumbo-206 estável após 14 transformações radioativas sucessivas. Propriedades nucleares incluem spin nuclear I = 0 para o ²³⁸U e I = 7/2 para o ²³⁵U, com momentos magnéticos correspondentes de 0 e -0,38 magnetons nucleares respectivamente. O urânio-235 demonstra seção transversal de fissão por nêutrons térmicos de 585 barns e rendimento médio de nêutrons de 2,44 por evento de fissão, estabelecendo seu papel único como o único nuclídeo físsil naturalmente ocorrente. A fissão por nêutrons rápidos ocorre no urânio-238 com energia limiar próxima a 1,5 MeV e seção transversal aproximando-se de 0,5 barns a 14 MeV de energia de nêutrons. A probabilidade de fissão espontânea permanece extremamente baixa para ambos isótopos principais, com razões de ramificação de aproximadamente 5,5 × 10⁻⁷ para o ²³⁸U e 7,0 × 10⁻¹¹ para o ²³⁵U. Isótopos artificiais do urânio incluem urânio-233 (produzido a partir do tório-232, meia-vida 159.200 anos) e urânio-236 (meia-vida 23,42 milhões de anos), ambos relevantes para ciclos de combustível nuclear avançados. As seções transversais de captura de nêutrons variam sistematicamente com a massa isotópica, influenciando cálculos de física de reatores e estratégias de gerenciamento de combustível.
Produção Industrial e Aplicações Tecnológicas
Métodos de Extração e Purificação
A produção industrial de urânio envolve processos multietapas iniciando com extração de minério através de técnicas de mineração a céu aberto ou subterrânea, seguida por beneficiamento mecânico para aumentar a concentração de urânio de teores típicos de 0,01-20% U₃O₈. A extração hidrometalúrgica emprega lixiviação ácida com ácido sulfúrico (H₂SO₄) ou lixiviação alcalina com carbonato de sódio (Na₂CO₃) dependendo da mineralogia do minério e materiais ganga associados. A lixiviação ácida opera em pH 1-2 e temperaturas de 40-60°C para solubilizar urânio como complexos sulfato, enquanto a lixiviação alcalina mantém pH 9-10,5 para formar complexos carbonato estáveis. A purificação por troca iônica utiliza resinas aniônicas de base forte para adsorção seletiva de complexos uraníferos aniónicos de soluções lixiviantes, possibilitando separação de elementos interferentes como ferro, alumínio e fosfato. Processos de extração com solventes empregam fosfato de tributila (TBP) ou agentes extratores a base de amina para alcançar purificação e concentração adicionais, produzindo soluções ricas em urânio adequadas para precipitação. A produção de yellow cake envolve precipitar urânio como diuranato de amônio ((NH₄)₂U₂O₇) ou diuranato de sódio (Na₂U₂O₇) através de ajuste de pH com amônia ou hidróxido de sódio. A conversão para dióxido de urânio requer redução com hidrogênio a temperaturas superiores a 800°C, enquanto a produção de hexafluoreto de urânio envolve reações sequenciais de fluoração com fluoreto de hidrogênio e flúor elementar. A produção global de urânio média aproximadamente 60.000 toneladas anualmente, com Cazaquistão, Canadá e Austrália respondendo por quase 70% da produção mundial.
Aplicações Tecnológicas e Perspectivas Futuras
A geração de energia nuclear representa a aplicação civil primária do urânio, utilizando combustível de dióxido de urânio enriquecido contendo 3-5% de urânio-235 em reatores térmicos que fornecem aproximadamente 10% da eletricidade global. Conceitos avançados de reatores em desenvolvimento incluem reatores a gás de alta temperatura utilizando partículas TRISO, reatores de sal fundido com fluoretos de urânio dissolvidos e reatores reprodutores rápidos projetados para converter urânio-238 em plutônio-239 físsil. As aplicações militares centralizam-se no urânio altamente enriquecido contendo >90% de urânio-235 para armas nucleares, com requisitos típicos de grau de armamento demandando pureza isotópica superior a 93% de ²³⁵U. O urânio empobrecido, restante da operação de enriquecimento com conteúdo reduzido de ²³⁵U abaixo de 0,3%, encontra aplicações como penetradores perfurantes, materiais de blindagem contra radiação e contrapesos em aplicações aeroespaciais devido a densidade e propriedades mecânicas excepcionais. A radiografia industrial emprega pequenas fontes de urânio para testes não destrutivos de soldas e fundidos, enquanto aplicações médicas incluem compostos de urânio em certos tratamentos e procedimentos diagnósticos especializados. Aplicações de pesquisa abrangem catalisadores baseados em urânio para processos químicos, compostos de urânio como padrões analíticos e materiais de referência, e estudos fundamentais da química e física dos actinídeos. Perspectivas tecnológicas futuras incluem ciclos de combustível urânio-tório que poderiam estender recursos de combustível nuclear por ordens de magnitude, extração de urânio da água do mar para acessar essencialmente suprimento ilimitado, e técnicas avançadas de fabricação de materiais contendo urânio para aplicações espaciais e de defesa. Considerações ambientais cada vez mais enfatizam ciclos de combustível fechados, formas de resíduo avançadas e tecnologias de remediação para locais contaminados com urânio, impulsionando inovações nas metodologias de química e processamento do urânio.
Desenvolvimento Histórico e Descoberta
A história científica do urânio iniciou-se em 1789 quando o químico alemão Martin Heinrich Klaproth isolou um precipitado amarelo de amostras de minério de pitchblende, identificando erroneamente o material como urânio metálico puro enquanto na realidade obtinha óxido de urânio. Klaproth nomeou o elemento em homenagem ao planeta Urano recentemente descoberto, seguindo a tradição de nomear elementos após corpos celestes. Investigações subsequentes do químico francês Eugène-Melchior Péligot em 1841 alcançaram a primeira isolamento bem-sucedido do urânio metálico através da redução do tetracloreto de urânio com metal potássio, revelando o caráter metálico real do elemento e corrigindo as determinações iniciais de peso atômico de Klaproth. A descoberta de Henri Becquerel em 1896 da radioatividade natural do urânio revolucionou a física e a química, estabelecendo o fenômeno de transformação nuclear espontânea e rendendo a Becquerel o Prêmio Nobel de Física de 1903 ao lado de Marie e Pierre Curie. Os estudos sistemáticos de Marie Curie em minerais contendo urânio levaram à descoberta do polônio e do rádio, enquanto suas medidas precisas de conteúdo uranífero estabeleceram o conceito de radioatividade como propriedade atômica independente de combinação química. Os experimentos de Otto Hahn e Fritz Strassmann em 1938 demonstrando fissão nuclear em amostras de urânio forneceram a base tanto para energia nuclear quanto para desenvolvimento de armas nucleares. Os trabalhos teóricos e experimentais de Enrico Fermi sobre reações em cadeia nucleares controladas culminaram no primeiro reator nuclear artificial, Chicago Pile-1, alcançado em 2 de dezembro de 1942. Os esforços massivos do Projeto Manhattan para separação isotópica do urânio, incluindo difusão gasosa e separação eletromagnética, representaram conquistas sem precedentes em engenharia química em escala industrial que transformaram o urânio de curiosidade de laboratório em material estratégico. Desenvolvimentos pós-guerra estabeleceram programas civis de energia nuclear mundialmente, com avanços na química do urânio através de tecnologias de separação, purificação e fabricação de combustível cada vez mais sofisticadas, continuando a evoluir em resposta a desafios energéticos e ambientais.
Conclusão
O urânio ocupa posição única na tabela periódica como o elemento natural mais pesado e o único possuindo um isótopo físsil abundantemente natural, estabelecendo sua importância fundamental na ciência e tecnologia nucleares. A complexa estrutura eletrônica do elemento, caracterizada pela disponibilidade dos orbitais 5f, 6d e 7s, gera uma rica química de coordenação abrangendo múltiplos estados de oxidação e padrões variados de formação de compostos que continuam desafiando compreensão teórica e investigação experimental. Aplicações industriais variando de geração de energia nuclear a materiais especializados demonstram a relevância tecnológica do urânio, enquanto considerações ambientais cada vez mais influenciam estratégias de extração, processamento e gerenciamento de resíduos. Direções futuras de pesquisa abrangem ciclos de combustível nuclear avançados, tecnologias de separação aprimoradas e novos materiais baseados em urânio para aplicações energéticas e de defesa. As propriedades nucleares do elemento, combinadas com crescentes demandas energéticas globais e considerações climáticas, garantem a relevância contínua do urânio na ciência e tecnologia do século XXI, particularmente à medida que conceitos de reatores avançados e ciclos de combustível urânio-tório oferecem caminhos para sistemas energéticos nucleares sustentáveis utilizando os recursos abundantes de urânio e tório na Terra.

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