Elemento | |
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40ZrZircônio91.22422
8 18 10 2 |
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Propriedades básicas | |
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Número atômico | 40 |
Massa atômica | 91.2242 amu |
Família de elementos | Os metais de transição |
Período | 5 |
Grupo | 2 |
Bloquear | s-block |
Ano de descoberta | 1789 |
Distribuição de isótopos |
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90Zr 51.45% 91Zr 11.32% 92Zr 17.19% 94Zr 17.28% |
90Zr (52.91%) 91Zr (11.64%) 92Zr (17.68%) 94Zr (17.77%) |
Propriedades físicas | |
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Densidade | 6.506 g/cm3 (STP) |
(H) 8.988E-5 Meitnério (Mt) 28 | |
Fusão | 1852 °C |
Hélio (He) -272.2 Carbono (C) 3675 | |
Ebulição | 4377 °C |
Hélio (He) -268.9 Tungstênio (W) 5927 |
Propriedades químicas | |
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Estados de oxidação (menos comum) | +4 (-2, 0, +1, +2, +3) |
Potencial da primeira ionização | 6.634 eV |
Césio (Cs) 3.894 Hélio (He) 24.587 | |
Afinidade eletrônica | 0.433 eV |
Nobélio (No) -2.33 (Cl) 3.612725 | |
Eletro-negatividade | 1.33 |
Césio (Cs) 0.79 (F) 3.98 |
Raio atômico | |
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Raio covalente | 1.54 Å |
(H) 0.32 Francium (Fr) 2.6 | |
Raio metálico | 1.6 Å |
Berílio (Be) 1.12 Césio (Cs) 2.65 | |
Propriedades eletrônicas | |
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Elétrons por camada | 2, 8, 18, 10, 2 |
Configuração eletrônica | [Kr] 4d2 |
Modelo de átomo de Bohr
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Diagrama de caixa orbital
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Elétrons de valência | 4 |
Estrutura de pontos de Lewis |
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Visualização Orbital | |
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Elétrons | - |
Zircônio (Zr): Elemento da Tabela Periódica
Resumo
O zircônio (Zr, número atômico 40) representa um metal de transição de importância tecnológica excepcional, caracterizado por notável resistência à corrosão, baixa seção de choque de absorção de nêutrons e estabilidade em altas temperaturas. O elemento apresenta aparência lustrosa acinzentada-esbranquiçada em sua forma metálica pura e demonstra resistência excepcional a ataques químicos por ácidos, álcalis e água salgada. A configuração eletrônica [Kr] 4d² 5s² do zircônio permite a formação de compostos diversos, predominantemente no estado de oxidação +4. O metal cristaliza em estrutura hexagonal compacta à temperatura ambiente, transformando-se em cúbica de corpo centrado a 863°C. As aplicações industriais concentram-se no revestimento de combustível para reatores nucleares, onde ligas de zircônio livres de háfnio exploram a economia neutrônica favorável e a resistência à corrosão. Outras aplicações incluem materiais aeroespaciais, implantes biomédicos e cerâmicas refratárias.
Introdução
O zircônio ocupa a posição 40 na tabela periódica como membro do Grupo 4, situado entre o ítrio e o nióbio na primeira série de transição. O elemento demonstra propriedades características dos metais de bloco d, enquanto exibe características únicas que o distinguem dos elementos vizinhos. A descoberta do zircônio remonta a 1789, quando Martin Heinrich Klaproth identificou o elemento no jargão de Ceilão, embora o zircônio metálico puro só tenha sido isolado após o trabalho de Berzelius em 1824. O nome deriva do persa "zargun", significando semelhante ao ouro, refletindo o aspecto lustroso do mineral zircão. A importância tecnológica do zircônio tornou-se proeminente durante a era nuclear, onde sua combinação de baixa absorção de nêutrons e resistência à corrosão mostrou-se indispensável para aplicações em reatores. O elemento ocorre abundantemente na crosta terrestre, cerca de 130 mg/kg, concentrado principalmente nos minerais zircão (ZrSiO₄) e baddeleyita (ZrO₂).
Propriedades Físicas e Estrutura Atômica
Parâmetros Atômicos Fundamentais
O zircônio apresenta número atômico 40 com configuração eletrônica [Kr] 4d² 5s², demonstrando o padrão característico de preenchimento dos metais de transição da primeira série. O átomo exibe raio atômico de 160 pm e raio iônico de 72 pm para Zr⁴⁺, refletindo contração significativa após ionização. A carga nuclear efetiva sofre blindagem moderada das camadas eletrônicas internas, contribuindo para a eletronegatividade intermediária de 1,33 na escala de Pauling. Este valor posiciona o zircônio como o quarto menos eletronegativo entre os elementos do bloco d com valores conhecidos, após o háfnio, o ítrio e o lutécio. A configuração d² facilita diversos estados de oxidação, embora o +4 predomine em compostos estáveis devido à remoção dos elétrons 5s e 4d. As energias sucessivas de ionização mostram aumento progressivo: a primeira energia de ionização é 640 kJ/mol, refletindo remoção moderada de elétrons do orbital 5s.
Características Físicas Macroscópicas
O zircônio puro manifesta-se como metal lustroso de cor acinzentada-esbranquiçada, exibindo maleabilidade e ductilidade em condições ambientais. O elemento cristaliza em estrutura hexagonal compacta (α-Zr) à temperatura ambiente, transformando-se alotropicamente em cúbica de corpo centrado (β-Zr) a 863°C. Esta transição de fase persiste até o ponto de fusão de 1855°C (3371°F), seguido da ebulição a 4409°C (7968°F). A densidade mede 6,52 g/cm³ em condições padrão, posicionando o zircônio entre os metais de transição de densidade média. A capacidade térmica específica apresenta dependência com a temperatura, medindo aproximadamente 0,278 J/g·K a 25°C. A entalpia de fusão registra 21,0 kJ/mol, enquanto a entalpia de vaporização atinge 591 kJ/mol, refletindo ligação metálica forte. A condutividade térmica demonstra valores moderados típicos de metais de transição, apoiando aplicações que exigem transferência térmica controlada.
Propriedades Químicas e Reatividade
Estrutura Eletrônica e Comportamento de Ligação
A configuração eletrônica d² do zircônio permite modos de ligação e estados de oxidação variados, de 0 a +4. O estado de oxidação +4 alcança máxima estabilidade através da remoção completa dos elétrons de valência, gerando o cátion Zr⁴⁺ com configuração de gás nobre. Estados inferiores (+2, +3) ocorrem em compostos especializados e complexos organometálicos, embora sua instabilidade termodinâmica limite sua ocorrência. A química de coordenação revela versatilidade pronunciada, com o zircônio acomodando números de coordenação de 4 a 9 dependendo das características dos ligantes. Padrões de ligação covalente enfatizam a hibridização sp³d² em complexos octaédricos, enquanto a participação dos orbitais d aumenta com a diminuição da eletronegatividade dos ligantes. As energias de ligação refletem força moderada típica dos metais de transição da segunda série, com ligações Zr-O particularmente estáveis em aproximadamente 760 kJ/mol.
Propriedades Eletroquímicas e Termodinâmicas
Os valores de eletronegatividade posicionam o zircônio em 1,33 (escala de Pauling), indicando capacidade moderada de atração eletrônica em ligações químicas. As energias sucessivas de ionização mostram aumento sistemático: primeira 640 kJ/mol, segunda 1270 kJ/mol, terceira 2218 kJ/mol, quarta 3313 kJ/mol, refletindo remoção progressiva de elétrons de orbitais cada vez mais estáveis. O potencial padrão de redução Zr⁴⁺/Zr registra -1,53 V versus eletrodo padrão de hidrogênio, classificando o zircônio como metal fortemente redutor. Este comportamento eletroquímico fundamenta a instabilidade termodinâmica do zircônio frente à oxidação da água, embora passivação cinética por filmes de óxido permita resistência à corrosão prática. A afinidade eletrônica demonstra valores desprezíveis típicos de metais, enquanto o potencial de trabalho mede aproximadamente 4,05 eV. A estabilidade termodinâmica dos compostos de Zr⁴⁺ reflete energias reticulares e entalpias de hidratação favoráveis para cátion pequeno e altamente carregado.
Compostos Químicos e Formação de Complexos
Compostos Binários e Ternários
O dióxido de zircônio (ZrO₂) representa o composto binário mais termodinamicamente estável e tecnologicamente significativo, cristalizando em três formas alotrópicas. A zircônia cúbica exibe tenacidade excepcional à fratura e inércia química, enquanto as fases monoclínicas e tetragonais demonstram características distintas de expansão térmica. A formação ocorre por oxidação direta ou decomposição térmica de sais de zircônio em altas temperaturas. Os haletos exibem tendências sistemáticas com o aumento do número atômico: ZrF₄ apresenta maior energia reticular e estabilidade térmica, enquanto ZrI₄ mostra caráter covalente acentuado. O carbeto (ZrC) e o nitreto (ZrN) de zircônio constituem cerâmicas de temperatura ultralta com pontos de fusão superiores a 3000°C. Estes compostos refratários formam-se por síntese direta dos elementos ou processos de redução carbotérmica. Compostos ternários incluem materiais tecnologicamente importantes como o titanato de zircônio de chumbo (PZT), demonstrando propriedades piezoelétricas excepcionais através de fenômenos de fronteira de fase morfotrópica.
Química de Coordenação e Compostos Organometálicos
Complexos de coordenação exploram a capacidade do zircônio de acomodar diversos ligantes por meio de geometrias variáveis. A química aquosa centra-se em espécies zirconil [Zr₄(OH)₁₂(H₂O)₁₆]⁸⁺, formadas por hidrólise e reações de condensação. A coordenação octaédrica predomina em compostos cristalinos, embora números de coordenação mais altos ocorram com ligantes volumosos ou quelantes. A química organometálica destaca-se em aplicações catalíticas, especialmente derivados de zirconoceno utilizados na polimerização Ziegler-Natta. O dicloreto de zirconoceno (Cp₂ZrCl₂) exemplifica estruturas metálicas tipo sanduíche com ligantes η⁵-ciclopentadienil. O reagente de Schwartz [Cp₂ZrHCl] demonstra versatilidade em síntese orgânica por meio de reações de hidrozirconação. Compostos organometálicos em estados de oxidação inferiores incluem espécies Zr(II) como (C₅Me₅)₂Zr(CO)₂, embora exijam condições anaróbicas rigorosas devido à sensibilidade oxidativa.
Ocorrência Natural e Análise Isotópica
Distribuição Geoquímica e Abundância
O zircônio apresenta abundância crustal de aproximadamente 130 mg/kg, classificando-se como o 18º elemento mais abundante na crosta terrestre. A água do mar contém concentrações significativamente menores, em 0,026 μg/L, refletindo solubilidade limitada de seus compostos em condições naturais. A ocorrência mineral primária centra-se no zircão (ZrSiO₄), que se concentra por diferenciação magmática e formação de depósitos aluvionares. A baddeleyita (ZrO₂) representa ocorrência secundária em rochas ígneas alcalinas e carbonatitos. O comportamento geoquímico revela caráter litófilo com forte afinidade por fases contendo oxigênio. Mecanismos de concentração incluem cristalização fracionada em magmas silicatados, onde o zircão cristaliza como fase acessória, e processos de intemperismo que concentram minerais pesados em depósitos aluvionares. O zircônio exibe associação particular com minerais contendo titânio, levando à co-ocorrência em depósitos de areias de praia em todo o mundo.
Propriedades Nucleares e Composição Isotópica
O zircônio natural compreende cinco isótopos com características nucleares distintas: ⁹⁰Zr (51,45% de abundância), ⁹¹Zr (11,22%), ⁹²Zr (17,15%), ⁹⁴Zr (17,38%) e ⁹⁶Zr (2,80%). Quatro isótopos demonstram estabilidade, enquanto o ⁹⁶Zr sofre decaimento beta duplo com meia-vida de 2,34×10¹⁹ anos. O ⁹⁰Zr exibe spin nuclear 0, enquanto o ⁹¹Zr possui spin 5/2 com momento magnético -1,30 magnetons nucleares. A seção de choque de absorção de nêutrons térmicos registra 0,185 barns para o zircônio natural, contribuindo às propriedades nucleares favoráveis para aplicações em reatores. Isótopos artificiais abrangem a faixa de massa 77-114, com o ⁹³Zr (meia-vida 1,53×10⁶ anos) representando a espécie radioativa mais estável. O decaimento beta-minus caracteriza isótopos com número de massa ≥93, enquanto isótopos mais leves sofrem emissão de pósitrons ou captura eletrônica. Isômeros nucleares metastáveis incluem o ⁸⁹ᵐZr com meia-vida de 4,161 minutos, utilizado em aplicações de medicina nuclear.
Produção Industrial e Aplicações Tecnológicas
Métodos de Extração e Purificação
A produção industrial de zircônio inicia-se com a extração de areia de zircão em depósitos costeiros por meio de separação gravitacional e processamento magnético. Concentradores espirais separam o zircão de minerais mais leves, enquanto a separação magnética remove fases contendo titânio. O processamento químico emprega cloração para produzir tetracloreto de zircônio (ZrCl₄), seguido de redução via processo Kroll com magnésio metálico em altas temperaturas. A reação ZrCl₄ + 2Mg → Zr + 2MgCl₂ ocorre em atmosfera inerte para evitar oxidação. O esponja de zircônio resultante passa por fusão em arco sob vácuo para consolidação e purificação. A separação crítica do háfnio do zircônio utiliza extração líquido-líquido de complexos tiocianatos, explorando solubilidade diferencial em metil isobutil cetona. Métodos alternativos incluem cristalização fracionada do hexafluorozirconato de potássio e destilação fracionada dos tetra cloretos. O zircônio nuclear requer teor de háfnio abaixo de 100 ppm para alcançar características aceitáveis de absorção de nêutrons.
Aplicações Tecnológicas e Perspectivas Futuras
A indústria nuclear consome aproximadamente 90% da produção de zircônio metálico para aplicações em revestimento de combustível em reatores refrigerados a água. Ligas Zircaloy combinam excelente resistência à corrosão com baixa absorção de nêutrons, permitindo ciclos de combustível prolongados e margens de segurança aumentadas. Aplicações aeroespaciais exploram a estabilidade térmica do zircônio em componentes de motores a jato e revestimentos de barreira térmica. O setor biomédico utiliza a biocompatibilidade do zircônio em implantes dentários, substituição articular e dispositivos cardiovasculares. A indústria de processamento químico emprega equipamentos de zircônio para manipulação de meios corrosivos, especialmente em serviços com ácido fluorídrico. Aplicações emergentes incluem sistemas de propulsão com peróxido de hidrogênio, onde o comportamento não catalítico do zircônio previne decomposição espontânea. Aplicações cerâmicas avançadas compreendem células de combustível de óxido sólido, sensores de oxigênio e membranas condutoras iônicas. Perspectivas futuras incluem desenvolvimento de catalisadores baseados em zircônio para química sustentável e conceitos avançados de combustível nuclear explorando materiais de revestimento tolerantes a acidentes.
Desenvolvimento Histórico e Descoberta
O reconhecimento do zircônio como elemento distinto remonta a 1789, quando Martin Heinrich Klaproth analisou espécimes de jargão de Ceilão, identificando constituinte terroso anteriormente desconhecido. Klaproth cunhou o nome "Zirkonerde" (zircônia) do persa "zargun", referindo-se à aparência dourada dos cristais naturais de zircão. Investigações eletroquímicas de Humphry Davy em 1808 falharam em isolar o metal puro apesar do sucesso em separar outros elementos. Jöns Jakob Berzelius alcançou o primeiro isolamento do zircônio metálico em 1824 por meio da redução do fluoreto de zircônio e potássio com potássio metálico em recipientes de ferro. A produção inicial limitou-se a quantidades laboratoriais devido a desafios técnicos e aplicações limitadas. Anton Eduard van Arkel e Jan Hendrik de Boer desenvolveram o processo de barra cristalina em 1925, possibilitando produção comercial por meio da decomposição térmica do tetraiodeto de zircônio. William Justin Kroll revolucionou a produção em 1945 com o processo Kroll, utilizando redução por magnésio do tetracloreto de zircônio. Aplicações nucleares emergiram durante os programas de desenvolvimento de reatores na Segunda Guerra Mundial, onde a combinação única de propriedades do zircônio mostrou-se indispensável para revestimento de combustível de urânio. A implantação comercial de energia nuclear estabeleceu o zircônio como material estrategicamente crítico, impulsionando pesquisas contínuas em desenvolvimento de ligas e otimização de processos.
Conclusão
O zircônio ocupa posição única entre os metais de transição devido à combinação excepcional de inércia química, propriedades nucleares e estabilidade em altas temperaturas. Sua importância tecnológica abrange aplicações nos setores nuclear, aeroespacial, biomédico e de processamento químico. A compreensão fundamental de sua estrutura eletrônica, comportamento de fase e mecanismos de corrosão avança continuamente por meio de modelagem computacional e investigação experimental. Direções futuras enfatizam o desenvolvimento de ligas avançadas de zircônio para reatores nucleares de nova geração, exploração de catalisadores baseados em zircônio para aplicações em química verde e investigação de materiais de zircônio nanoestruturados para tecnologias de armazenamento e conversão de energia. O papel do elemento em sistemas energéticos sustentáveis posiciona a pesquisa em zircônio na vanguarda do desenvolvimento em ciência e engenharia de materiais.

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